9. Em casa ♿

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  O médico me deu alta. Estávamos todos em casa, reunidos em um almoço familiar.

— Eu não quero que nenhum de vocês contem a Natalie sobre a minha cura. Não se escandalizem. Quero fazer uma surpresa. Provavelmente, durante algum tempo, vocês nos verão separados. Acredito que ela deva conversar comigo a respeito disso, mas eu entendo o seu lado. Procurei a morte e nem pensei nas consequências de todos ao meu redor. Só pensei em mim. Então, irei clamar ao Senhor para que nosso relacionamentos não chegue ao fim e peço ajuda de todos para que orem por nós! — expliquei.

— Então você vai trabalhar de cadeira de rodas? — meu pai crispa os olhos.

— Não, usarei meu carro e viverei normalmente. A minha grande sorte é que ela mora um pouco distante de nós. Então manteremos sigilo. Já telefonei para clínica de fisioterapia e conversei com o dono. Quanto mais número de cúmplices para me acobertar, mais rápido faremos a surpresa. Mãe, a senhora já foi no cartório?

— Sim! Tudo certo. — sorri.

— Bom, família, mãos na massa. E peço que todos dêem espaço para a mesma pensar e não se afastem por completo. Não é justo.

(...) ♿

— Você tem certeza que vai ficar bem sem ela? — Jonny pergunta-me.

— Eu posso conviver com isso. — suspirei. — Eu vou voltar para minha terra natal para terminar meu último semestre. — disse, surpreendo-o.

— Mas aqui em Filip's tem faculdade. Você pode terminar aqui...

— Não, Jonny! Eu vou terminar onde comecei. É uma maneira de ficar longe dela e deixar que pense, mas não vou desistir. São só seis meses. Apenas. — assegurei. — Se ela quiser continuar mantendo contato comigo, assim faremos.

Ele percebeu que não poderia desconversar.

— Tudo bem. Fico feliz que se tornará o que sempre quis ser.

Final de semana

  Meu coração palpitava descontroladamente. Ela estava a caminho e nossos destinos serão interrompidos durante um período de tempo.
  A vontade de chorar é grande, mas Deus tem me dado forças para suportar essa situação. Valerá a pena. Ele me disse que o final das coisas é bem melhor do que o princípio delas.

— J? — ouço bater na porta. Ela chegou.

— Entra. — disse, depois de respirar fundo.

— Oi. — murmura, após sentar-se na beira da cama. — Tudo bem?

  Como senti falta daquele cabelos negros, daquele olhar profundo, daquele brilho do Espírito resplandecendo em sua face.

— Sim. Na medida do possível. — disse simples. — E você?

— Com Jesus no barco vai tudo bem. Obrigada por ter me esperado. Eu confesso que tentei muito chegar aqui no dia da sua alta, mas Maurício acabou se tornando uma pessoa extremamente chata pelo fato de que quando recebemos a notícia, fiquei alguns dias sem aparecer no trabalho. — suspira. — Porém, tive como vir a noite, só que houve uma luta interna dentro de mim. Levei todos esses dias para assimilar o que está acontecendo comigo.

— Pode falar. Só quero dizer que super entendo sua posição. Ia fazer uma coisa que... Não pensei em nós dois. No que tínhamos. Quero saiba que terá todo tempo do mundo e que não desistirei.

Ela me encara com um misto de confusão.

— Não vou te julgar. Mesmo porque, no faço ideia o que te levou a cometer tamanho absurdo. Só que como tudo tem consequências, cansei de ser ferida. J, ao mesmo tempo que você me traz uma segurança enorme, me faz um bem danado... Você machuca. — suspira. — Sabe, eu tenho um cuidado muito especial para contigo. Faço de tudo para que não se sinta insuficiente, inútil para mim. Levei esses dois anos tentando te provar que a sua deficiência não me impede de te amar! Mas não deu valor a isso.

Doeu.

— Serei direta em dizer que preciso de um tempo. Mas isso não significa que não deixarei de ser sua amiga, sua companheira... Eu sempre estarei com você para celebrar todas as suas conquistas. — segura minha mão.

— Nunca pensei que pudesse ouvir isso, mas super entendo. De verdade, Naty. Eu vou voltar para minha cidade. — digo e ela me olha surpresa. A tristeza também estava lá. — Vou terminar a faculdade.

Ouço suspirar aliviada.

— Nossa... Fui pega de surpresa. Bom, estou feliz, mas por que não termina aqui?

— Porque quero terminar onde comecei. Manterei o contato todos os dias com você, caso não esteja ocupada. Vou passar essa temporada na casa de Caio. Será muito difícil largar o emprego, mas tudo pelo nosso futuro. — enfatizei o nosso. — Eu voltarei, Naty. E espero que tenha tomado uma decisão.

Ela assentiu e eu a puxei para um abraço. Demorou um pouco, mas retribuiu.

— Eu amo você, J. — sussurra. Me arrepiei. — É apenas uma fase.

— Eu também, Naty. Sei que é. — desfiz o abraço para poder contemplar sua beleza. Sua respiração estava descompaçada e seus olhos chamavam meus lábios. Me aproximei um pouco, então a mesma curvou a cabeça.

— Melhor não. — murmura.

— Como quiser. — depositei um beijo em sua testa. — Provavelmente, a partir da semana que vem estarei embarcando. — disse e ela concordou.

— Juízo e boa sorte. — sorri, fraco.

— Sabe que meu coração pertence apenas a você. Também peço que tenha cuidado com os gaviões. — comentei e ela riu. — Tenho que admitir que sou egoísta o suficiente para não abrir mão de você.

— É, eu sei. — riu. — Vou pedir para Caio ficar de olho, pois sei que naquela faculdade existem milhões de mulheres que você já "pegou".

— Com certeza ficarão felizes ao me ver, mas estou focado em terminar essa etapa que tanto me chama para começar outras que inclue a gente. — vaguei meu dedo polegar pelo seu rosto.

— Ainda não acredito que compreendeu. O Joabe de semanas atrás me sequestraria, me manteria em cárcere privado até eu mudar de ideia. — zomba.

— É... Parece de Deus deu um passeio em meu coração. — confessei, espontâneo. — Mas isso não significa que deixarei você, mocinha. — apertei seu nariz. — Ainda que sua decisão seja o contrário, lutarei pelo nosso amor, assim como lutou por mim.







“Tua graça é o meu refúgio”

🎶💞

O INCAPAZ - História de Joabe e NatalieWhere stories live. Discover now