3.3 ♿

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  Às oito em ponto, o carro que veio me buscar estacionou em frente a um restaurante bem moderno, no centro da cidade de Filip's.

— Obrigada. — agradeci ao motorista, saindo do carro.

  Suspirei fundo e adentrei no estabelecimento repleto de gente bonita. Alguns olhares curiosos foram atraídos a mim. O que me deixou muito sem jeito.

— Boa noite, a senhorita deve ser Natalie. — um garçom simpático se aproxima.

— Sim.

— Seu noivo lhe espera no andar superior. Me acompanhe, por gentileza.

  Subimos uma pequena escada super estilosa. O andar superior não tinha muitas mesas. Era mais estreito, porém muito mais decorado.
  Logo avistei Joabe com um sorriso largo no rosto, com um terno preto. O que o deixava charmoso. 

O garçom faz um simples gesto discreto para indicar a mesa e eu caminho rapidamente até ela, pois o olhar do meu noivo me deixou complemente constrangida. Eu não viveria sem aquele olhar admirador, se em algum momento fosse arrancado, me sentiria vazia.

— Está maravilhosa. — murmura, enquanto me sento.

— Obrigada.

Ficamos alguns segundos admirando um ao outro sem dizer nenhuma palavra.

— Não sei por quantas vezes minha mente arranjará uma forma para que eu possa me desculpar das burradas que cometo.

Me mantive calada. Eu nem sabia o que dizer.

— Não precisa me desculpar em todas elas. É bem capaz que eu fique acostumado. Você não merece esse tipo de comportamento. Você merece muito mais que isso, Naty. — apoia sua mão em cima da mesa e pede a minha. — Mais uma vez, me perdoa?

— Claro. — apertei seus dedos como forma de concordância. — Eu... Espero não brigar com você durante um bom tempo. Faz meses que isso não acontece. Quando estávamos distantes, não existia essas coisas. Apenas quando não atendia suas ligações. Me lembro que quando retornava, você me dava a notícia de que surtou, que precisava tomar remédio de pressão, que ligava para sua sobrinha para lhe socorrer de suas crises... Eu não sabia que a dependência era tamanha. Só que... Não vou a lugar algum, J. Não vou sair de perto de você ao menos que queira. Esse cenário está lindo, mas precisamos conversar seriamente. Me explica o que está acontecendo com você? Todas as vezes que sentir dúvida sobre nós, pode desabafar comigo.

Ele retira sua mão e olha para qualquer outro ponto fixo fora da janela. Seu maxilar travado, expressão séria e ao mesmo tempo aflita.

— Às vezes... Sinto vontade de ficar sozinho. No meu mundo, sem incomodar ninguém. Acho que já percebeu que minha mãe não conversa muito comigo... — me olha novamente.

— É... Por que?

— Não sei... Minha mente começa a borbulhar quando as pessoas falam demais, quando conversam freneticamente sobre o mesmo assunto. Parece... Não sei explicar. É como se... A cena do meu café da manhã, aquela discussão com meu pai... O acidente.

J parecia perturbado.

— Eu não sou maluco, Naty. Não preciso de um psiquiatra, mas...

— J, eu lhe entendo. Farei todo esforço do mundo para lhe compreender, mas para que nosso relacionamento esteja sempre saudável é preciso comunicação.

Ele concorda.

— Então, não vou falar mais sobre a reforma da nossa casa. Tudo que for precisar ser comprado, irei lhe mandar por e-mail ou escrito para que me ajude a resolver. E sobre meu apartamento... Irei me mudar esse final de semana.

O INCAPAZ - História de Joabe e NatalieWhere stories live. Discover now