9.3 ♿

646 90 2
                                    

  Reencontrei alguns colegas antigos e me juntei a eles no intervalo.

— Então quer dizer que o galã popular da faculdade a dois anos atrás está noivo da santinha? — Brendha alfinetou.

— Sim. Acontece que você não foi convidada a dois anos atrás em meu noivado. — sorri, debochado.

— Quem diria que aquela santinha maravilhosa (com todo respeito) mudou o pensamento desse boy. — Leandro comenta.

— Ela é maravilhosa, sim, mas prefiro que esse elogio não saia da sua boca. — disse e todos riram. — Tudo bem, sei que para vocês é espantoso, mas vamos mudar de assunto? Estou super noivo e não quero que nenhuma de vocês dêem em cima de mim.

As meninas riram.

— Então, para fechar esse dia com chave de ouro, vai ter uma festa na casa da Aninha, aniversário dela. Topa? — pergunta e Ana me olha sugestiva.

— Não, prefiro ficar na minha casa, estudando.

— Qual é?! Prometemos não deixar nenhuma menina dar em cima de você. — insiste.

— Não é por isso que não quero estar lá, mas ainda lembro o tipo de festa que eu frequentava e vamos combinar que não é nada agradável. — desdenhei.

— Eu nunca quero ficar apaixonado. — Leandro fez cara de nojo e os outros riem.

— Nunca diga nunca.

 

Depois do término das aulas, passei na diretoria para pegar o contato da clínica. Logo liguei, anunciando sobre a vaga e eles me chamaram para fazer a entrevista, amanhã.

Caio chegou a noite, super irritado. Exclamava no telefone de uma maneira fofa. Tenho certeza que isso tem haver com amor.

— Como não?! Você me ignorou, me deixou plantado enquanto conversava com aquele gorila! Por que vocês, mulheres, têm que se encantar com garotos enormes?! Ele só tem beleza, mas já parou para pensar se tem caráter? Se ele é agressivo? Possessivo?! — vocifera. — Eu estou sendo possessivo?! de brincadeira?

Revirei os olhos. Acho que o mesmo nem se deu conta que comecei a morar aqui. Então, para disfarçar, peguei meu fone e coloquei no ouvido enquanto preparava algo para comer.

Mandei uma mensagem para Natalie, porém acho que a mesma deve estar na Igreja.

— O que está fazendo? — ouço sua respiração pesada. Finjo não estar ouvindo. — Ei?! — cutuca minhas costas.

— Ah... Oi! — tiro o fone. — Chegou que horas?

— Faz uns minutinhos. — suspira, aliviado. — Omelete? — aponta para a frigideira.

— Talvez. — dei os ombros. — Consegui uma entrevista para amanhã.

— Interessante. Tive um dia bastante cheio, hoje. Inclusive, sua noiva conversou comigo. — confessa, fazendo-me parar e olhá-lo. — Calma, eu fui pedir uns conselhos.

— E onde está agora?

— Não sei. Deveria saber? — crispa os olhos.

— Não me provoca. — ameacei com o dedo. — Sabe que não gosto nadinha da ideia de que minha mulher conversa mais com você do que comigo.

— Eu e Natalie somos melhores amigos e você tem que me agradecer por ter lhe apresentado a mesma. Ironia, não é? Conheci primeiro e ela veio se apaixonar logo por você. — desdenhou.

— Você é só embalagem, Caio. Eu tenho conteúdo. — me gabei, voltando a preparar meu café. Ele bufa. — Acha que ela deve terminar comigo? — perguntei, espontaneamente.

— Não. Ela te ama. Relaxa. E ainda que ela pensasse nessa possibilidade, eu jamais admitiria que agisse. — assegurou. — Vocês não combinam separados.

Ofereci um prato a ele e me sentei no balcão.

— Você é um tremendo de um idiota, mas eu gosto da sua companhia. — confesso.

— Meio feminino esse comentário, mas... — ele se cala, após me olhar e notar que minha expressão não é a das melhores. — Tenho que aturar ? — continua. — Sabe que pode contar comigo para o que der e vier. Sei que quer saber se sua noiva conversa comigo sobre vocês, mas posso garantir que não. Natalie é muito centrada e se estiver passando por um problema conjugal, prefere consultar a Deus. Porém confesso que me faço de mulher para que ela fofoque algumas coisas. — disse, rindo.

Gostei de ouvir aquilo.

— Ela pergunta por mim?

— Sim, mas é orgulhosa o suficiente ao ponto de fingir que não se importa. Você precisa respeitar o tempo dela, mano. Evite chamá-la todos os dias, deixe que se sinta a vontade para te ligar. Não seja possessivo, pergunte sobre o dia, mas não insista em detalhes. Sabe do que estou falando. Também não gosto daquele rapaz chamado Maurício. Ela me contou sobre esse loirinho. Vai por mim, ela sabe se defender.

Ainda que seja difícil cogitar a ideia de que ele pode tentar alguma coisa em minha ausência, preciso confiar nela. Sei que sabe se defender o bastante, mas Natalie parece ser tão ingênua. Não vê maldade nas coisas.

— Vai ser difícil não querer saber dos detalhes. Posso tentar. O aniversário dela está chegando, estou pensando em fazer uma surpresa. Tem alguma ideia?

— No que pensou? — devolve com outra pergunta.

— Em mandar um presente pelo correio. Mas durante o dia quero desligar o celular, ficar ausente, fingir que esqueci... Me ajuda? — imploro.

— Só isso? Sabe que mulheres gostam de mais. Principalmente num dia tão especial para elas.

— Você é o melhor amigo dela e deve saber que não se importa com bens materiais.

— Então volte para Filip's e faça um jantar romântico no apartamento dela. — sugere. — Será num final de semana... Ah é...! Não pode saber que está andando. Foi mal.

— O problema nem é esse.

— Espera um pouco. Quando você se formar, ela vai estar lá, certo? E aí?

— Estou pensando seriamente em me revelar antes. Natalie tem várias amigas por aqui e podem me encontrar na rua e dizer a ela, entende? Mano, acho que vou voltar para Filip's no dia do seu aniversário e adiar a data do casamento. A gente casa no cartório e depois do término da faculdade, faremos uma cerimônia com mais pessoas. Gostou?

— Sim, isso é bonito, mas ela pediu um tempo, esqueceu?

— Que se exploda esse tempo. Estou apaixonado demais para esperar! Ela esperou muito por mim. Mano, seis meses sabendo que estamos, praticamente, separados, me deixa completamente louco! Pode cancelar seu compromisso para sábado que vem. Vou ligar para o meu pai para acertar esses detalhes. Vou pedir para minha mãe convencê-la sobre uma festa... Sei lá! — disse, exasperado.

— E lua de mel? — me lança um sorrisinho sapeca.

— Cuida da sua Vanessa, cara. — falei e ele soltou uma gargalhada.


     ♿

“É demais, é demais, é demais
o que Deus vai fazer!” 🎶🙌

💕

Preparados? Será que vai dar certo?

O INCAPAZ - História de Joabe e NatalieWhere stories live. Discover now