11. Ciúmes ♿

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  Acordei um pouco assustada. Tive um sonho em que chorava muito, alegando que Joabe não voltaria mais. Suspirei quando o vi dormindo tranquilamente do meu lado.
Deixei um beijo em seu rosto e segui para banheiro fazer minha higiene.

  Minutos mais tarde, preparei nosso café da manhã repleto de variedades. Seria nossa última vez juntos. Ainda tem uns cinco meses pela frente. Maldito cinco meses!
  Eu não sei se irei suportar tanta pressão, porém acredito que se Deus estiver no controle, então não há o que temer. Eu acredito que fiz a escolha certa em negar nossa noite de amor. Espero, de verdade, que ele não fique chateado e que não seja motivo para... Deixa pra lá!

— Bom dia. — levo um baita susto ao sentir suas mãos em volta de minha cintura e sua voz bem próxima ao meu ouvido.

— Meu Jesus! — coloco a mão no peito. — Que bom dia mais assustador.

— Meu "bom dia" foi muito romântico, porém você está assustada. O que está acontecendo, meu bem? — beija minha cabeça.

— Eu tive um pesadelo. — murmurei.

— Quer contar? — pergunta e eu nego. — Tudo bem. O que temos para o café da manhã? — tira suas mãos de mim e abre a geladeira.

— Várias coisas. Deveria perguntar o que iremos fazer durante o dia antes que você volte?

— Qualquer coisa. Mas eu acredito que assim como você não quis viver um momento "histórico" para que não fique em suas lembranças, acho que deveríamos ficar em casa fazendo alguma coisa legal. — sugere.

— Tá. Você... Ficou chateado? — finalmente paro de fazer as coisas para olhar para ele.

— Naty, eu já disse que entendo seu lado. Meu amor, você está fazendo favor para nós dois. Principalmente para mim, que sou um homem... Seria tentador e inevitável não ficar lembrando. Relaxa. — se aproxima, apoiando suas mãos em meu ombro. — Hum?

— É que eu tenho medo... Confio em você, J. Mas toda mulher tem sua insegurança quando se trata de... Sabe?

— Se eu fosse o Joabe de alguns meses atrás, ficaria super irritado por causa desse comentário, mas como Deus entrou em mim... — fala num tom de brincadeira e eu não consigo evitar a risada. — Não vou nem discutir com você.

  Pinga a ponta do seu dedo no meu nariz e se retira.
Respirei fundo e me permiti esquecer minhas inseguranças. Eu não sei o que está acontecendo comigo, porque sempre tive confiança e nunca senti tanto ciúmes como tenho agora. 

— Quer me contar seus planos para quando voltar? — me ajeito na cadeira e ele senta em minha frente.

— Tecnicamente, teremos um casamento tradicional, com muitos e muitos convidados, uma lua de mel que vai ficar marcado na nossa história e dez filhos. — disse, animado. Eu não evitei a risada.

  A verdade é que apesar de Joabe me dar muito trabalho, na maior parte do tempo em que estamos juntos, ele me faz rir. Eu consigo rir até do que não tem graça ou de uma careta espontânea que ele faz.

— Tenho certeza que você não quer ser pai de dez filhos.

— Não mesmo. Um só ou dois. — dá os ombros. — Se eu me derreto quando ouço minhas sobrinhas me chamarem de tio, imagine a sensação de ser chamado de pai? Vou chorar.

— E seu novo emprego como fisioterapeuta? — perguntei, orgulhosa.

— Imagine... Um galã desse, com um jaleco branco, caminhando pelos corredores...

— O mais longe possível das garotas. — rolei os olhos.

— Desde quando se tornou tão ciumenta? E pare de rolar os olhos para mim! — repreende.

(...) 💙

Não era tô estranho para mim vê-lo andando pela casa sem nenhuma dificuldade. Eu o conheci assim  e sua antiga deficiência não diminuiu a intensidade do meu amor.

Daqui a algumas horas, nossa comunicação será apenas por telefone. Então, estamos aproveitando esse momento longe de redes sociais. Optamos por um filme cristão. A cabana. J está encantado com cada cena.

— O ruim desse filme é que ele acaba. — disse após nossa sessão encerrar.

— Fico feliz que tenha gostado.

  Me vira pra ele e deixa um selinho em meus lábios.

— Estou amando esse momento com você. Prometo que quando retornar, nossos dias serão bem melhores. Você me fazer bem, acredito que contigo não é diferente. É só uma fase. Vamos vencer isso juntos. Manteremos nossas mentes ocupadas, mas sem deixar de se comunicar. O que precisar, pode me pedir. Darei meu jeito, ainda que esteja distante, minha esposa. — sussurra a última parte me fazendo sorrir.

— Obrigada por me dar a oportunidade de ouvir isto. Confesso que já estou com saudades.

— Eu também.

Entrelaça nossas mãos.

— Quando eu voltar, quero ser pai. — disse, sério.

— Temos que aproveitar mais um tempo de casados. Não começa.

2 MESES DEPOIS...

  Joabe entrou na semana de provas e já tem alguns dias que nossa troca de diálogos não passam de "Saudades". Ele fica tão atraente quando está focado em alcançar seus objetivos. E agora que começou a usar óculos, ele está um nojo.

Inclusive, acabei de olhar o status que acabou de publicar. Ele estava na sala de aula com um grupinho de amigos. Alguns eu até conheço. O que mais me incomoda é quantidade de garotas contidas ali. Não sei como me tornei tão ciumenta, mais sei o quanto isso pode me prejudicar.

— Seu marido está se achando com esse óculos. Eu comento todos os status, relembrando que é apenas para descansar as vistas. — Mony comenta. Estávamos no horário de almoço.

— Eu já disse a ele que se permitir esse óculos se tornar dependência, pode se arrepender amargamente no futuro. — falei.

— Quer me contar o que queria me contar? — deixa o celular sobre a mesa.

— É... Estou com sérios problemas sobre ciúmes. — fui objetiva.

Xiii, procurou a pessoa errada, pois sou a rainha do ciúmes. Eu respiro e transpiro o ciúme. — comenta, me fazendo rir. — Emanuel confessou que gosta de mim, mas eu dei um fora nele, dizendo que não namoro ímpios e advinha só... Passa por mim e não fala e fica de risadinha com aquelas meninas insuportáveis da equipe de Mário.

— Você sabe que pegou pesado.

— Não defende ele, traidora! — finge estar chateada. — Eu mandei uma mensagem ontem, dizendo para ele me pedir perdão, porque sinto falta de suas chatices. Sabe o que aquele embuste me respondeu?

Nego.

— Vá procurar um crente para aturar você. Ele enfatizou com tanta ironia. Ai que ódio! — cruza os braços.

— Boa sorte. Vai precisar.


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“...No lugar da tua vergonha
Eu vou te honrar.”

♥️♥️

O INCAPAZ - História de Joabe e NatalieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora