Capítulo 32

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   Uma semana depois, Bernardi resolveu mudar toda sua tesouraria, secretaria, tudo. Descobri que Samuel havia se matado. Eu me afastei de tudo. Ajudava apenas quando Joseph pedia. Perdi meu tempo comendo chocolate e reclamando da vida. Claro. Todos têm essa fase. Até um dia em que eu fui dormir rodeada de chocolate e acordei no inferno.

   Diane batia em minha porta desesperadamente.

   —O que foi, Diane? —Perguntei, ainda de olhos fechados.

   —O... senhor Brosnam... —Estava ofegante. Abri os olhos — precisa de sua ajuda.

   —Ué? Por quê?

   —Eles... irão mata-lo, senhorita.

   Oi? Meu corpo gelou.

   —Como assim?

   —No pátio —Apontou para o elevador. Sua mão tremia.

   —Porra —Corri para trocar de roupa.

   Olhei pela janela. Várias pessoas estavam reunidas lá, ao redor de algo. Corri, indo pelas escadas. Eu conseguia ouvir meu sangue pulsar. Saí como desembestada pelo bloco, buscando a saída. Esbarrei em uma parede de músculos, enquanto cruzava o salão principal.

   —Ei, ei. Calma —Joseph segurou meus ombros. —Respira.

   Meu peito subia e descia rapidamente.

   —O que eles estão fazendo com Logan, Joseph?

   —O quê? —Ele ergueu uma sobrancelha.

   —Eles vão mata-lo —Empurrei seu peito e corri para o pátio.

   Joseph me seguiu. Saí empurrando as pessoas com os cotovelos, nervosa demais para sair pedindo licença. Parei quando vi Logan amarrado, segurado por um moço magricela. Minhas pernas falharam. Eu travei.

   —Me digam: o que esse homem merece? — Um rapaz gritou, apontando para Logan.

   Gritaram coisas horríveis. Espancamento, chibatadas, morte e até mesmo estupro. Eu estava sem ar. Logan fechou os olhos e balançou a cabeça.

   —Chibatas?

   O povo comemorou.

   —Ele matou amigos nossos. Familiares. Uniu-se à megera a qual lutamos contra —O rapaz vociferou.

   Olhei para os lados. Como todos podiam aceitar aquilo? Concordar com aquilo? E me chocou mais ainda ver Bernardi ali, sentado, sem fazer nada. O rapaz virou-se para Logan e deu um soco em seu rosto. Mais comemorações. Repetiu o ato mais três vezes, deixando cortes um pouco menores do que os que já tinha, e amarrou-o em uma espécie de pelourinho, com os braços acima da cabeça. Pegou uma espécie de chicote e sinalizou para o magricela. O mesmo rasgou a camisa de Logan, exibindo suas costas.

   Ai, não.

   Ele deu uma chibatada em Logan. Um corte cruzando suas costas apareceu, uma listra de sangue. Vi o mesmo segurar a corda com mais força, comprimindo os lábios. Levei a mão à boca. Meu estômago revirou-se.

   Mais outra. E outra. E outra. E Logan gritou.

   —Como eles tiraram Logan de lá? —Perguntei a Joseph, com a voz embargada.

   —Talvez um dos guardas de lá ajudaram.

   O povo gritava, comemorando. Os meninos não paravam com os ataques. Meu peito doía. Vi seu sangue escorrer por suas costas. E então, ele olhou para mim. Eu. Exatamente em meus olhos. Vi seus olhos azuis pedirem misericórdia, implorarem ajuda. Decidi fazer algo. Tentei avançar mas alguém segurou meu braço. Bernardi.

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