Capítulo 53

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.•*.•*.•*.•*.•*.•*.•*.•*AMY.•*.•*.•*.•*.•*.•*.•*.•*

   Eu pedi uma semana de licença no trabalho, tirando o tempo das minhas férias. Por incrível que pareça, minha chefe não reclamou, nem insistiu, como costumava acontecer. Acho que meu rosto inchado a assustou. Eu precisava de um tempo para me recuperar. Eu e Logan. Estávamos muito abalados.

   Passei a manhã seguinte andando sem rumo pela cidade. Olhei todas as vitrines, todas as ofertas, todas as pessoas e casas. Mesmo debaixo do sol quente e percorrendo todas as ruas possíveis, eu não senti o cansaço chegar. Minha cabeça estava cheia. É difícil aceitar que seu desejo não vai se realizar. Principalmente quando você passou a vida inteira pensando que conseguiria.

   Quando a minha visão começou a turvar e um nó a se formar em minha garganta, sentei-me em um banco de uma pracinha da rua onde eu passava. Coloquei o rosto entre as mãos para tentar me acalmar.

   —Está triste, moça? —Ouvi uma voz de criança soar ao meu lado.

    Era um menininho de, no máximo, nove anos de idade. Seus olhinhos mel brilhavam de curiosidade e compaixão. A roupa suja e rasgada revelava a pele negra de sua barriga.

   —Um pouco —Sorri.

   —E por que está sorrindo, então? —Começou a sacudir as perninhas que não alcançavam o chão.

   —Estou tentando expulsar a tristeza.

   —Ah...

   Notei que ele tinha sandálias esburacadas, as panturrilhas com hematomas.

   —Onde estão os seus pais?

   —No céu.

   Tive que virar o rosto para esconder a lágrima que escorreu. Limpei rapidamente.

   —De onde você veio?

   —Dali —Apontou para uma casa mal acabada, com as paredes com infiltrações, o telhado esburacado.

   A placa tinha os dizeres: Orfanato Santa Madalena.

   —E por que está sozinho aqui? —Realmente fiquei preocupada.

   —Não gosto de lá.

   Bem... eu não o culpava.

   —Mas não pode ficar aqui na rua sozinho, é perigoso.

   Ele suspirou.

   —É perigoso de todo jeito.

  Fiquei de pé.

  —Vamos.

  Ele negou com a cabeça.

   —Não para o orfanato. Vou te levar para outro lugar. Uma lanchonete, o que acha?

   Os olhos do menino brilharam ainda mais, o que me fez sorrir. Deixei o garoto escolher o que quisesse comer. Ele escolheu um hambúrguer, suco de maracujá, bolo, biscoitos... Ele se sujou todo, comia com pressa. Estava muito faminto.

  —Devagar —Falei.

  Ele anuiu, diminuindo o ritmo. Seus olhos se fechavam, em puro alívio, cada vez que engolia algo.

   —Obrigado pela comida, moça —Falou, ao terminar de comer o último pedaço de bolo e suspirar.

   Eu fiquei feliz por vê-lo satisfeito.

   —De nada. Pode me chamar de Amy.

   —Amy o quê?

   —Collins —Não pude deixar de sorrir diante sua curiosidade.

League: Guerra CivilWhere stories live. Discover now