Capítulo 38

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.•*.•*.•*.•*.•*.•*.•*.•*AMY.•*.•*.•*.•*.•*.•*.•*.•*

Minhas pernas bambearam quando eu ouvi passos. Olhei para Tyler. Ele parecia mais seguro mas eu sei que ele não estava bem também. Mesmo com passos estalados no chão de madeira, não ouvimos outro barulho. Apenas alguns segundos depois de silêncio quase total, a porta se abriu. Uma mulher de poucos cabelos brancos, quase cinza, apareceu. Usava um vestido simples, de cor verde. Seu rosto era delicado, sua pele era morena como a minha, os cabelos sedosos como os de Tyler. Pequenas rugas apareciam no canto de seus olhos. Um cheiro de feijoada inundou nossos sentidos.

—Posso ajudar? —Ela perguntou a Peter.

Ainda não tinha reparado em nossa presença. Aquela voz fez meus olhos marejarem. Meu peito ardeu e eu queria pular em seus braços. A mulher que eu amei e senti tanta falta, a mulher que cultivei viva em minhas memórias, estava em minha frente. Ela olhou para mim e Tyler. Franziu o cenho.

—Senhora Bárbara Collins?

—Sou eu —Ela assentiu, sem tirar os olhos de mim e de Tyler.

Ele limpou a garganta. Seus olhos também estavam marejados.

—Caso não tenha...

—Eu sei exatamente quem são vocês —Uma lágrima escorreu por seu rosto.

Ela se aproximou de nós lentamente, deixando as lágrimas escorrerem em silêncio. Ela parou em frente de mim e de Ty. Estendeu as mãos e tocou nossos rostos com delicadeza. Sua mão tremia. Tyler segurou sua mão e desatou a chorar.

E eu não aguentei. Eu comecei a chorar como criança, soluçando copiosamente. Ela nos abraçou, chorando junto conosco. O cheiro de rosas não saía dela. Eu apertei o corpo dela contra o meu, querendo restabelecer o contato de anos perdidos. Pela primeira vez em anos, eu chorava nos braços de minha mãe. Ela estava ali, viva. Era difícil acreditar. Passei anos sendo enganada, criada longe de minha mãe, longe de seus cuidados e carinho. Passamos um bom tempo abraçados, tentando assimilar tudo, tentando nos recuperar.

Ela afastou-se um pouco e olhou para nós.

—Estão tão crescidos! —Sorriu, em meio a lágrimas.

Eu sorri de volta, enxugando meu rosto.

—Mãe —Falei, desatando a chorar novamente.

Doía falar aquilo. Parece que só quando eu falei aquelas três letras que notei o nível de importância daquele reencontro. Abracei-a novamente, com os braços em volta de seu pescoço.

—Minha Amy —Ela beijou meu rosto, passou as mãos pelos meus cabelos e sorriu para mim. E virou-se para meu irmão —Vejo que cuidou bem da nossa menina —Beijou a testa do filho, mesmo tendo que ficar na ponta dos pés para isso.

Eu ainda não acreditava. Ela estava ali. Viva. Bem. A nossa âncora, o nosso cais, a nossa base.

—Vamos entrar, meninos. Temos muito a conversar —Enxugou o rosto com as costas das mãos e nos conduziu para dentro.

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A casa era pequena mas era bem cuidada. Decorada com vasos, potes, quadros. Tinha um revólver sobre a mesa que se encontrava próxima à porta. Entendi o motivo da demora para nos receber. Ela nos guiou para a sala, que tinha um pequeno sofá bege, uma mesinha de centro e uma TV, além de um carpete ocupar toda a extensão do pequeno cômodo. Sentamos no sofá e ela, em uma poltrona em frente. Na mesinha, porta retratos com fotos minhas, de Tyler e de nosso pai de anos atrás, quando ele ainda estava vivo. Havia também fotos atuais. Eu e Tyler comemorando minha entrada na elite. Ergui uma sobrancelha. Mostrei a Tyler.

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