Capítulo 49

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   Com apenas um movimento, um puxão no gatilho, o tiroteio começou. Desviei de vários disparos, me encolhendo atrás de árvores. Peguei uma arma parecida com uma G3 que estava ao meu lado - minha Desert Eagle não ia dar conta. Comecei q atirar contra os desgraçados, que faziam paredão ao redor da rainha. As armas deles eram enormes mas não ágeis o suficiente. Claro, ainda derrubaram muitos de nós mas a nossa elite não era fraca. Cortes já tomavam meu corpo, além de um ferimento de bala, de raspão, no ombro. Poças de sangue e gemidos de dor tomaram a estrada. Eu queria que algum deles fosse da rainha.

    Quando as balas acabaram, procurei por algum refil. Não encontrei. Busquei a Eagle e comecei a atirar, mudando de posição já que começaram a atirar de volta.

   Um dos soldados se aproximou. Não era do nosso grupo. Ele apareceu ao meu lado, empunhando um pedaço de tronco. Chutou minha arma e eu segurei seu braço. Dei uma joelhada na região abaixo do seu peito, quebrando algumas costelas. O homem gritou. Chutei suas genitais e, quando ele caiu, recuperei minha arma e atirei nele.

   Mas algo ruim aconteceu. Eu meio que pressenti. Quando olhei de lado, com um som estrondoso cortando o ar, vi passar uma bala de prata. Sabe aquela câmera lenta em filmes de ação, quando esta cena descrita acontece? De fato, aquilo não acontece, mas você demora para processar o ocorrido.

   Eu vi aquele pequeno projétil passar por mim e acertar as costas da minha amiga. Viviane olhou para baixo e viu sua roupa encharcar-se de líquido viscoso e vermelho. Ela caiu de joelhos na terra. Peter largou seu fuzil e correu até Viv. Eu estava em choque, não sabia o que fazer.

   —Viv! —Ele apoiou a cabeça dela em seu colo.

   Agora, sangue saía aos montes pela sua boca. Eu corri até eles. Tirei minha blusa enquanto minha cabeça fervia. Um turbilhão de coisas se passava por ela e, ao mesmo tempo, eu não focava em nada. Pressionei o ferimento. A bala atravessou minha amiga, deixando um buraco enorme.

   Peter elevou a cabeça dela, tentando evitar que sufocasse com o próprio sangue. Seus olhos hesitavam em permanecer abertos.

   —Viviane, acorda —Segurei seu rosto e o balancei, em desespero.

   Ela cuspiu um pouco do sangue e falou:

   —Que gosto horrível —Sua voz falhava.

   —Vamos te tirar daqui —Peter falou, já com lágrimas nos olhos.

   —Não, Pete —Ela se apressou. —Amiga —Olhou para mim, causando uma dor ainda maior em meu peito —, eu não consigo me mexer.

   As lágrimas turvaram minha visão.

   —A gente te carrega.

   —Não. Prefiro morrer aqui do que em um caminhão fedido.

   Peter começou a aninhá-la em seu colo, em desespero.

   Eu senti a vida da minha amiga se esvair. Senti sua alegria ir embora. E quando seus olhos se fecharam, ao som de tiros e gritos, eu perdi o controle. Tomei minha amiga para mim, dei tapas em seu rosto e gritei seu nome repetidas vezes, sem resposta. Peter chorava ao meu lado, segurando sua mão.

   Há algum tempo, eu achava que toda dor era igual. Que por perda ou decepção, mas era dor. Nos últimos tempos, eu percebi que estava errada. E, naquele momento, meu peito ardeu de uma forma que nunca o fez, minha cabeça doeu e minha vista escureceu.

   —Viv! —Sacudi seu corpo frio, na esperança de uma resposta. —Viviane, não é hora para brincadeiras!

   Eu perdi a pessoa que estava ao meu lado desde sempre, fazendo loucuras comigo e por mim. Ela era a melhor parte de tudo isso. Sem ela, eu estava perdida. Ela se foi e eu ainda não tinha aceitado isso. Como podia? Eu perdi meu suporte, minha pessoa. Como poderia aceitar?

League: Guerra CivilWhere stories live. Discover now