Laços de sangue

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Ampliar o seu horizonte, fora o que seu tio tinha dito como justificativa para se mudarem para os Estados Unidos, abandonando o velho continente e possivelmente as lembranças a ele associado. Fora um ledo engano cogitar que por apenas mudar de país (e de continente) estaria livre do seu passado...

Abraham abraçou os próprios joelhos, sentando-se no alto da caixa d'água do Beacon Hills institute, tinha uma visão privilegiada do campus escolar e universitário. Tentava não chorar mais pois o que mais odiava era parecer fraco, lágrimas e lamentações? Que coisa mais fresca! Nunca fora alguém de ficar se lamuriando pelos cantos... Tentou enxugar o rosto com a costa das mãos, mas as lágrimas ainda persistiam em sua queda.

"Todos me viram assim..." pensou "Todos me viram...". A imagem dele imobilizando o vampiro e quase afundando o lápis em sua cavidade ocular o fez estremecer. O que seus amigos devem pensar dele agora? Suas divagações foram interrompidas pelo arfar de alguém.

— Por que tem que ter tantos degraus? Não devia ter um elevador? Isso em um dia desses vai matar alguma pessoa! — resmungava já sem folego alguém que Aby conhecia muito bem. Não demorou para uma mão morena alcançasse a plataforma.

— Graças a dentadura do conde drácula! — regozijou.

— E eu que pensei que vampiros tinham maior estamina. — comentou crítico o humano vendo o vampiro se erguendo, não queria reparar no suor e tão pouco na camisa que colava sob os músculos de Pietro, moldando suas curvas e deixando pouca margem para a imaginação do caçador, não que precisasse imaginar muito, pois já tenha vista o peitoral nu do rapaz mais velho (não esquecer do treinamento que tiveram no estacionamento).

— Eu gastei grande parte da minha energia aumentando minha velocidade para te salvar e te encontrar! — praticamente choramingou, uma atitude demasiado infantil para alguém claramente mais velho.

— Devo enfatizar que: não precisava ser salvo e nem encontrado. — disse curto e grosso — Aprecio a sua preocupação, mas estou bem e não necessito de...

A estamina do vampiro não tinha acabado por completo, pois esse avançou de forma rápida e segurou o rosto do menor, lágrimas ainda rolavam de sua face.

— Por mais que você me chute, morda ou me ameace com torturas infinitas, não irei te abandonar. Não agora que mais precisas de mim...

Aquilo atingiu em cheio o coração de Abraham. Não queria ceder... Não devia ceder. Não devia confiar. Havia uma grande lista de "não devia" passando em sua cabeça, mas aos poucos, sentia que tais limitações auto-impostas estavam ruindo graças a persistência de um certo vampiro.

— Por quê? — sussurrou desvencilhando o rosto daquelas mãos, bem que tal ação foi feita com relutância.

— Essa é uma pergunta bastante ampla. — disse Pietro dando um dos seus formidáveis sorrisos — deve ser mais específico.

— Você é um vampiro e eu venho de uma família de caçadores de vamp...

— Acho que já passamos por essa conversa, Aby! Não ligo para isso! Sei que você não quer ser um caçador... Sei que não me machucaria, pelo menos não muito. — Riu nervoso recordando de alguns eventos passados.

— Como pode ter tanta certeza? Digo... Você nem me conhece direito! Como pode ter tanta certeza que gosta de mim? — falou, mas suas palavras saíram quase como sussurros, não detinham a mesma confiança que lhe era característica.

— Não precisa te conhecer por completo para me apaixonar por você, Abraham Van Helsing III.

Bang!

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