Meu Destino #2

Nove - Lauren

Lauren Brench

Meu armário não é mais o mesmo de antes. Tive que averiguar o número 80 gravado na lata que olhei a tantos anos por enumeras vezes, pra tentar descobrir o motivo de não conseguir vê-lo mais como meu armário, embora ninguém tenha usado quando fiquei dada como morta a sensação é como se não me pertencesse mais.

Puxei mais um cm de fita, sem frescura alguma cortando-a com os dentes. Colei uma foto da fazenda onde apareço com Benjamin e Cereja que consegui pelo Instagram de Kath, ao lado da imagem já havia posto mais algumas, uma selfie de mim com Mason no rio Syfis e outra com meu grupo de amigos do primeiro dia de aula no primeiro ano do ensino médio — nossa foto sagrada.

Olho para as imagens uma ao lado da outra, tantas histórias passaram antes de tira-las que é quase inacreditável acreditar aonde eu cheguei. Será que eu sequer cheguei a imaginei que no primeiro dia de aula na High Serafins, eu passaria por tantas coisas em torno do meu ensino médio? Provavelmente não. E pensar, que já passei por paradas tão ensanas, me faz ter calafrios na espinha.

— Camila, eu sei que você anda brava comigo, mas eu mereço uma explicação... — ouço uma voz atrás de mim, me fazendo automaticamente virar o rosto para encarar o tagarela desinformado.

Até que essa coisa de irmã gêmea pode me trazer grandes recursos.

Tomo um susto com Victor Cooger a centímetros de distância. Seus cabelos estão maiores do que eu me lembro, e seu físico parece até um pouco mais forte do que antes. O maldito continua bonito e perigoso.

Ter a pessoa que mais bagunçou minha cabeça nesses últimos meses, agora, tão próxima a mim é nostálgico. Me lembro que quando Benjamin me salvou no rio, eu disse um nome, na época eu acreditei que esse nome poderia ser do meu namorado que dirigia o carro como dizia no jornal, e meu encontro com ele no hospital me fez cogitar essa ideia ainda mais e eu agarrei a isso. Entrentanto depois eu consegui descobrir que Mason Cooger era meu namorado e Victor o garoto que não saia dos meus pesadelos não se passava de um amante.

Esses últimos meses, só me fez enxergar o quanto minha vida era patética.

Victor parece branco demais, como se tivesse egostato todo o ar do seu pulmão. Sua boca está entreaberta e seus olhos me averiguam paralisado. Eu estava certa quando senti medo que meu reencontro com ele seria o mais difícil.

— Lauren...? — sua pergunta é retórica e mal da pra ser ouvida.

Não sei como agir na sua frente, como eu já cansei de dizer ele foi umas das pessoas que mais participou das minhas lembranças esses meses todos.
Foi uma pessoa que eu tentei descobrir os mínimos detalhes o que aconteceu entre mim e ele e agora frente a frente com Victor, me sinto estranha. Não é mais dentro das minhas maldidas lembranças que não podia ter controle de mudar nada e cada hora era uma surpresa diferente, não é mais abstrato, agora Victor Cooger esta concreto no mesmo espaço que o meu.

— Victor... se for pra desmair — murmuro aflita por ele estar me encarando tempo demais e agora com um olhar malicioso muito atusto para cima de mim — igual seu pri...

Antes que eu possa terminar a frase minha boca é calada pela sua e rapidamente meu corpo é guiado para trás. Bato as costas no armário sentindo sua língua invadir minha boca me saboreando. Uma das suas mãos está segurando minha cabeça e a outra desce com precisão apertando minha cintura. Estou com a palma das mãos grudadas na lata geleda, ainda surpresa com sua atitude inesperada.

Sua pegada é prazerosa e me faz relembrar das lembranças que recuperei. É como se eu estivesse nesse momento pressa em uma e tudo esta como antes. Porém, à uma coisa diferente.