Dezenove - Mason

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Mason Cooger

JOGO MEUS EQUIPAMENTOS junto a minha bolsa do time no chão e com apoio do pé fico livre dos tênis. Afundo-me sobre o colchão massio, que contém as dores pelo meu corpo. Hoje o treino foi mais pesado, do que eu esteja acostumado.

Todos estão se esforçando para o último jogo do campeonato. E não precisa ter uma bola de cristal para saber que ganharemos esse lance e levaremos a taça.

A porta abre do meu quarto.

— Minha mãe já chegou? — apresso em perguntar para Mabel que adentra com uma bandeja contendo como sempre meu café da tarde.

Ela me encara sem saber o que falar.

— Ora, sim. Mas está ocupada com seu pai no escritório... — ela responde hesitante e sem manter o contato visual ajeitado a bandeja em cima da minha cama.

Piso no chão descalço me levantando.

— Leva de volta meu café pra cozinha. Depois eu passo lá e pego alguma fruta.

— Mason... — Mabel me chama, mas eu já passei pela porta.

Minha mãe está me evitando. E droga, custei contrariar que seu distanciamento de mim, era por culpa dos seus negócios que ela resolveu vendê-los, disse várias vezes que toda essa droga era por causa disso. Mas já faz uma semana que ela vem orientando Mabel a me questionar se eu estou bem, se estou comendo direito, se estou dormindo direito...

E se ela não aguenta ficar numa sala sozinha comigo, de certa forma com peso na consciência. Isso só aumenta a minha ideia por quais são os motivos.

Por outro lado, meu pai que em toda minha vida não o via muito. Agora sim, ele bate o recorde da suas atividades de "morar literalmente na empresa", ele não se esforça muito em se esconder quando chega do trabalho, ontem até veio ao meu quarto perguntar como estava indo meu semestre, mas saiu tão rápido que não deu tempo de lançar tudo que está entalado na minha garganta. E toda essa merda tem o mesmo motivo que a minha mãe: ambos estão fugindo de mim.

Com um gesto rápido e cheio de raiva abro as portas duplas em um estrondo.

Ambos pulam de susto das cadeiras. Meu pai está sentado atrás da sua enorme mesa e minha mãe do outro lado segurando uma xícara de algum chá de camomila provavelmente.

— Sabem que não podem se esconder de mim o tempo todo, não é? — solto uma risada enquanto fecho as portas — Saber que meu sofrimento... que vocês cansaram de ver, não trouxe nenhum encorajamento de contar a verdade — acuso na lata em tom de sarcasmo.

Ambos trocam um olhar e me encaram assustados.

— O que você considera que seria verdade, Mason? — meu pai pergunta sério me encarando.

Pelo o canto do olho noto minha mãe tentar pará-lo com um olhar. Mas ele apenas está se importando em me encarar neste momento.

— Que Lauren estava viva esse tempo e vocês dois mentiram para mim porra! — aponto com a mão para eles andando pela gigantesca sala.

Sem desviar o olhar meu pai recosta na sua cadeira preta entrelaçando suas mãos em sinal que lembra prece.

— Nunca mentimos sobre isso — ele devolve frio.

Solto uma risada nasal. Olho ao redor da sala procurando algum objeto caríssimo e antigo que poderia quebrar com o seu taco de beisebol enquadrado e autografado pelo próprio Bebe Ruth, um dos astros de esportes favoritos do meu pai.

— Filho... — minha mãe se levanta vindo até mim. Seu rosto está abalado — Não mentimos para você...

Reviro os olhos bufando.

— Como não? Vocês...

— Não é isso que você está pensando! — ela rebate antes que eu possa começar com meu discurso de merda interminável de ressentimentos — Sabíamos que o corpo da Lauren não havia aparecido...

Abro a boca para intervir. Mas meu pai se levantando da cadeira e vindo até mim me interrompe com sua voz.

— Sabíamos que os Brench realizaram um velório com um caixão vazio na igreja, fingimos não achar estranho eles não terem cremado o corpo. Sabíamos que haviam chances daquela... daquela menina, ter sobrevivo. Mas nunca imaginamos que de fato ela não havia morrido, por isso, para evitar mais desgaste emocional em você. Omitimos a verdade — meu pai explica, e por mais que eu não queira acreditar. Vejo verdade em sua voz.

Fecho os punhos tentando conter minha raiva.

— Mason... se soubéssemos que ela estava viva. Nunca teria mentido pra você — minha mãe rebate.

— Fizemos de tudo para assegurar seu emocional. Conspirei com o xerife Coleman para esconder qualquer tipo de incidente que poderia te incriminar. Fiz que ele calasse os Brench. Fiz tudo por você...

Chacoalho a cabeça inconformado. Escolhi a pior hora para abrir esse assunto com eles; com o lance da Lauren, do nosso relacionamento confuso, com o final da escola chegando, meus sentimentos divergentes... não poderia ter pego a semena pior para discutir isso. Saio do escritório rápido antes que avisto outro pertence de grande valor emocional para meu pai, para usar como ajuda de quebrar tudo o que tem no seu escritório.

Mabel é primeira pessoa que vejo quando atravesso o corredor. Seus olhos não conseguem esconder a preocupação.

— Um dia você ainda vai ser demitida por escutar a conversa dos seus patrões atrás da porta — acuso.

Ela força um sorriso.

— Você diz a mesma coisa desde seus 14 anos e eu até agora não fui — ela da os ombros.

Passo por ela chacoalhando a cabeça, mas sua voz faz com que eu pare no meio do corredor.

— É engraçado, não? — Mabel murmuro para si mesma.

Franzo a testa encarando-a de longe com curiosidade.

— O que é engraçado? — pergunto.

— O destino... — ela soprou escondendo um sorriso — Você já pensou na possibilidade de ter acontecido tudo isso com você e Lauren para que você conhecesse Camila?

Franzo a testa novamente forçando uma careta.

— Você precisa de um homem. Urgente! — rebato arrancando uma risada.

— Mas pense comigo... Se Lauren e você não tivessem sofrido acidente naquela noite, você nunca iria morar em New Lesyton e nunca teria conhecido Camila, e aliás talvez ela nunca saberia da existência dos pais...

Quando abro minha boca para discordar de Mabel e gargalhar de deboche. Seu raciocínio faz sentindo na minha cabeça. Mesmo querendo discordar dessa merda, ela esta até que certa, se essa bagunça não tivesse acontecido comigo nem eu e nem Victor iriamos a New Lesyton e conheceríamos Camila. É, talvez aquela merda de frase esteja correta e à males que vem para bem.

Apenas chacoalho a cabeça em concordância e corro para meu quarto, antes que ela consiga incrementar seu assunto preferido; da estúpida pessoa por quem eu morreria.

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Vocês pediram mais um capítulo é quem sou eu pra negar né

Até sábado

Meu Destino #2Onde histórias criam vida. Descubra agora