Sete - Lauren

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Lauren Brench

AS RUAS ESTÃO tranquilas, embora o trânsito me fez suspirar impaciente pelo menos umas três vezes. Minhas unhas pintadas de vermelho batucam o trinco da porta do carro preenchendo o silêncio. Camila sentanda ao meu lado, come uma maçã enquanto folhea um livro com uma corôa na capa.

Ela é tão patética.

Abro a câmera do meu celular e arrumo meu cabelo. No meu stories no instagram, posto uma foto que fiquei com cara de malvada, de legenda, escrevo "volta as aulas". Sorrio ao ver as visualizações de alguns alunos da Serafins High. Preciso que muita gente esteja no campus quando eu chegue.

Não posso negar que me sinto muito nervosa nesse momento. Isso é tão sinistro, as pessoas acham que estou morta e nunca mais vão me ver, e de repente vou aparecer na frente delas como se não tivesse acontecido nada. Por que eu não continuei na fazenda?

Ah sim, por causa do plano.

Ajeito as mangas do meu casaco. Como hoje é o dia que serei a foco de tudo, preciso estar em grande estilo. Optei por um casaco verde militar que pega até a minha costas, uma saia vermelha reta e curta e um top também vermelho com uma rosa tampando o bico dos meus peitos, que lembra um sutiã. Embora, eu esteja um pouco vulgar, foi essa a intenção na hora que escolhi.

Quando o carro para em frente da escola, meu coração esta disparado dentro do peito. Através da janela, me animo com a quantidade de alunos no campus. O motorista abre a porta do passageiro e a copia mal feita é a primeira a descer.

Puxo sua mão antes que Camila de um passo.

— Espera, falsificada — eu digo com um tom autoritário fazendo a mesma parar.

— O que você tá fazendo? — ela pergunta me olhando assustada enquanto meus saltos vermelhos chocam o chão.

— Te ensinando a fazer uma entrada — pisco para enquanto o motorista fecha a porta.

Meus olhos caem para frente, a situação é pior do que eu imaginei. Não à ninguém que não olhe nesse momento para mim e Camila parada uma ao lado da outra. Ao contrário de mim que tento permanecer com o semblante inabalável, a patética da minha irmã parece que vai desmaiar a qualquer momento.

— Faça alguma coisa de útil e ande do meu lado de cabeça erguida — sussuro.

Inspiro fundo e com um movimento sutil jogo o cabelo de lado.

Tenho que segurar a mão de Camila para manter seu passo sincronizado ao meu. Sem querer generalizar, mas não à um burro que não queira encarar a cena e ainda sem ao menos disfarçar a curiosidade, as perguntas dançam em seus olhares e não é difícil de imaginar quais são elas; Como ela sobreviveu? Ela não morreu? Será que Mason sabe? Onde ela estava esse tempo todo?

E algumas afirmações como: aposto que ela forjou a própria morte.

Mantenho meu queixo ligeiramente inclinado para cima e nivelado o meu olhar para a frente. Nesse momento, não estava sendo vista como uma sobrevivente e sim como a atração da cidade, de volta, novamente a minha história seria o foco das notícias locais de Serafins City. O medo paira sobre o meu corpo, como antigamente eu conseguia me sair tão bem em situações de destaque?

Meu Destino #2Where stories live. Discover now