Monster • Muke

Prologue

“Vamos embora, pequena luz
Venha para escuridão
Na sombra da noite, nós viremos procurando por você

(...)

Venha para água,
Dê a si mesmo para que pudesse viver de novo
Venha, pequeno cordeiro
Venha para o abate
Para que os nomeados vejam através disso
Estamos chamando por você
Nós estamos vindo para você”

( Come away to the water - Maroon 5 )

•••♣•••

— Eu já disse que estou bem. — A voz rouca por conta do frio ecoava levemente irritado. — Acho que dessa vez estamos perto. O assassino deixou uma pista.

Um sorriso pode ser ouvido do outro lado da linha. Óbvio que Calum não acreditaria. Havia oito meses que esse assassino está assolando a cidade e nunca ele deixou uma pista sequer. Não seria dessa vez que ele faria.

— Luke, eu sei que não devia ser negativo nem nada, mas duvido muito disso. — Sua voz era trêmula. O frio que estava na rua era enorme e o oficial Hood ficou de cuidar da escolta de mais um político que havia sido pego por corrupção, então tudo o que tinha que fazer era esperar do lado de fora até levar o criminoso de novo a viatura e guia-lo a delegacia. — Estamos na busca desse maníaco a meses, as vezes acho que você nem dorme só pensando em maneira de pegá-lo. Quase como uma obsessão.

— Se fazer meu trabalho é uma obsessão, então sim, eu sou louco. Me interne.

Luke pôde ouvir um suspiro pesado do outro lado da linha. Sabia que não devia estar conversando com seu colega de trabalho em um momento como esse, mas ele estava muito entediado e sabia que o amigo também. Haviam dias que simplesmente eram insuportáveis na polícia.

A verdade é que nada é glamouroso como os seriados e filmes de Hollywood querem passar. A realidade é nojenta e mais perigosa. Muito mais perigosa.

O oficial Hemmings olhava para unhas enquanto terminava de beber uma caneca cheia de café. Avaliar casos, avaliar modus operandi de cada ataque para poder ou não afirmar que era o mesmo assassino, que era um serial killer, era simplesmente cansativo. Ainda mais depois de trinta horas seguidas sem dormir. Seu corpo pedia por descanso, mas sabia que a mente não deixaria. Estava lotada demais, haviam pessoas morrendo, pessoas inocentes e sem culpa morrendo. Não podia simplesmente se dar ao luxo de descansar.

— Hemmings? — Calum o chama novamente.

— Hood. — Responde enquanto lia a ficha do legista sobre uma garota que foi encontrada em uma lixeira nos fundos do teatro municipal.

— Um dia, quem sabe, você devia sei lá, adotar um cachorro, ou não sei, arranjar alguém de verdade para você. São uma boa.

— Calum não me teste a paciência. Estou muito bem assim, obrigado.

— Se você diz... — Não fora nada convencido — Tenho que desligar, o senador saiu do interrogatório e eu preciso conduzi-lo para o presídio.

Luke assentia mesmo sabendo que o amigo não o via.

— Até depois então. — Disse e logo desligou antes do amigo dizer tchau. Não era como se Calum já não estivesse acostumado a esse comportamento do colega de trabalho.