16• Your judgement is coming

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Não há nada
Que eu desfaria
Mas é difícil dizer que não há nada que eu me arrependa”

(Silhouettes — Of Monsters And Men)

•••♣•••

Michael não sabia exatamente o que pensar. Ele sempre passava o horário de almoço olhando para rua e as pessoas passando. Poderia ter subido e ficado com Ashton lá em cima, mas não tinha vontade nenhuma para isso. Então havia decidido sentar ao piano e tocar alguma coisa. Haviam dias que somente tocar o fazia se acalmar. Aquele era um desses dias.

Ele só não imaginava que Luke Hemmings apareceria com a cara de que estava a segundos de ter um ataque, dizendo que havia terminado com o noivo — o que já não era sem tempo— e precisava de sua companhia. Aquilo realmente o deixou em estado de choque. Primeiro, Luke Hemmings é alguém que nunca, repetindo, nunca, dá o braço a torcer e nem mesmo quer demonstrar algo além de indiferença. Segundo, por qual razão ele foi parar lá na loja, mesmo Michael sendo um território neutro, ele deveria ser a última pessoa a recorrer, já que, caso Hemmings não se lembre, Michael fez parte da estatística de pessoas que ajudaram a afundar o relacionamento dele? Honestamente, nem questionou, só deixou que Luke falasse.

E Luke falou. Falou por minutos a fio como havia sido ridículo, como não devia ter feito nada que fez a Jonathan e que o homem estava certo em o odiar. Ele mesmo já estava se odiando. Michael ouviu, como era esperado que fizesse. De vez em quando, dedilhava umas notas no piano, já que este era seu principal objetivo, mas definitivamente, ouvia o homem.

— Eu só... Não devia ter feito nada disso. E é, é bem ridículo falar agora, mas eu realmente me envergonho. Muito mesmo.

— Mas em nenhum momento ouvi você falar que se arrependia de ter feito. — Michael mantinha sua atenção no piano enquanto falava. — Não vou te julgar, mas já pensou que se odiar por isso não é nem mesmo justo? Veja bem, você não pensou em nada disso quando o traiu ou fez qualquer uma das outras coisas que fez a ele. Até porque ninguém pensa. Mas se quer mesmo que eu seja sincero, não tenho pena de você. Nem de mim, já que eu estou tão errado quanto. Traição é imperdoável a meu ver e eu ter participado disso me consome vivo, mas você só sabia dizer que sente muito, Jonathan não merecia. Se realmente quisesse fazer diferente, você nem devia ter traído, para começo de conversa.

Luke ficou em silêncio por um tempo. Antes falar, Michael entra no meio e toma a palavra.

— Você me alugou o ouvido por quase quarenta minutos, acho que tenho o direito de falar. — Disse. — Jonathan poderia ser a pior pessoa do mundo, mas não merecia nada disso. Se não sentia bem no relacionamento, não devia ter ficado noivo dele e nem mesmo ter alimentado suas esperanças. O que você fez, falar a verdade, era o mínimo do mínimo. E é, não tenho motivos e nem direito de falar isso porque transamos, mas acredite, você não se arrependeu de nada do que fez. Se arrependeu de ter feito isso com ele, do fato de o trair, trair ele, mas não de dormir com os outros. E eu não sei reagir a isso, não tenho direito de julgá-lo, porque, porra, eu não me arrependi do que fiz.

Luke olhou para ele com o cenho franzido. A informação causou algo no seu corpo e junto a tudo o que passou o dia todo, sentiu-se exausto.

— Mas não significa que eu acho certo, porque não é. E eu não posso imaginar como deve ter sido para o Jonathan. Independente de eu não confiar nele, o que você fez é imperdoável. Eu não olharia na minha cara se fosse ele, imagine a sua.

Monster • MukeWhere stories live. Discover now