Monster • Muke

9• Even feeling that the battle is lost

“E se apenas o tempo e o espaço entre nós não fosse solitário
Eu me desintegro em mil pedaços
Acho que estou cometendo um erro, mas se eu decidir partir
Quem preencherá o espaço vazio?

{...}

Eu sou apenas uma garota fodida procurando por minha própria sanidade”

(Ashley — Halsey)

•••♣•••

Luke sabia que mais cedo ou mais tarde, teria de lidar com as consequências. Ele sabia que em algum momento, sua mente traiçoeira o trairia e o deixaria pior do que estava.

Dirigiu a manhã inteira e parte da tarde, mas pelo menos poderia fugir por um segundo da confusão do qual ele sentia dentro dele. Assim que virou a chave e o desligou o carro, respirou fundo. Nem em um milhão de anos acreditaria que estaria ali. Não num momento onde tudo o que ele mais queria era fugir de seus problemas. Ir para o olho do furacão de suas frustrações com toda certeza não seria algo sensato. Mas depois da noite anterior, ele não tinha certeza se ainda restava alguma sanidade ali dentro de sua mente.

Antes de tudo, ele sentia que precisava fazer algo certo. Ao menos algo que não fizesse sua mente gritar mais o quão ridículo era. Pegou o celular que estava no banco do passageiro e discou o número. Ele não sabia o motivo de temer tanto ligar, ele nem mesmo devia sentir-se assim. Bom, alguém devia avisar a sua mente que gritava as palavras traidor e covarde.

No terceiro toque, ele foi atendido.

— Luke? — Sua voz era confusa. Hemmings não julgaria, se fosse no seu lugar, estaria igual. — Aconteceu algo?

Se Luke pudesse dizer a verdade... Se ele ao menos tivesse a coragem de dizer a verdade. Mas não é como se fosse fácil falar a alguém o quão fodido você é, nunca é fácil. Poderia, mas não é.

— Não. — Mentiu. De novo. — Eu só... Droga, eu queria saber como está. Saber se anda tudo bem. Eu... Eu não sei como fazer isso. Isso de ligar e perguntar como está, eu só... Eu só queria saber como está.

O silêncio que se seguiu foi assustador. Nunca sentiu tanto medo. Nunca temeu tanto algo que nem mesmo sabia que aconteceria.

— Eu... Estou bem. Obrigado. — Um pigarrear foi ouvido. — Eu também não sei reagir a isso. Geralmente sou sempre eu correndo atrás de saber como você está. — Ele era gentil. Luke não merecia isso, ele sabia que não. — Eu... Tive o dia cheio, um cliente anda tendo problemas em provar a sua inocência, mas acho que ganhamos esse caso se conseguirmos as provas certas. E... Como você está? Calum me ligou perguntando se estava comigo, já que passou a manhã inteira longe da polícia.

— Uh... — Como dizer ao seu noivo que você não foi trabalhar porque acordou tarde depois de passar a noite com um cara que por acaso também é suspeito de assassinato, mas que fode maravilhosamente bem? — Eu tive um imprevisto. Eu acabei perdendo a hora. Nada que seja preocupante. Mas sobre o seu caso, acha que seu cliente tem chances?

Não podia focar nos seus assuntos, Jonathan é advogado, ele saberia que estava mentindo no momento em que tentasse explicar algo. Mesmo que durante esse tempo todo ele acreditasse nas mentiras de Luke, não podia correr o risco. Não enquanto ainda não tinha a confiança de fazer o certo. Depois que ele devia isso ao noivo. Devia ligações perguntando como ele estava, devia dar a atenção devida a ele, devia tantas coisas àquele homem que até doía a cabeça e a consciência.