3• Shut up and let me work

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“Eu tenho sonhos o ano todo
Mas eles não são bons sonhos
E os arrepios descem pelos meus ombros
Em velocidade dupla”

(Lorde- Yellow Flicker Beat)

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Estava tudo escuro e não havia sinal de luz em lugar nenhum.

O peito de Luke pesava e sentia golpes fortes de seu coração contra o mesmo, enquanto corria sem saber o motivo. Não havia nenhuma certeza em seu ser além da de ter que correr. O ar se tornava rarefeito em seus pulmões; suas mãos suavam e sabia que se algum cheiro emanasse de seu corpo, este seria o de medo.

Manteve a corrida constante, esbarrando em coisas das quais não conseguia identificar, e não podia nem mesmo raciocinar o porquê de estar correndo com medo, uma vez que já passou por coisas muito piores dos quais um ser humano poderia passar ou se submeter sem temer ao menos uma vez. A dor se tornava cada vez mais constante sempre que esbarrava em algum objeto, deixando o oficial cada vez mais incomodado.

Depois de tanto correr, uma luz se fez presente no fim de um corredor a esquerda. Parecia que teria de subir uma escada ou algo parecido, já que a fonte de luz era em no alto.

Assim que se pôs a subir os degraus, sentiu uma dor tão grande nas costelas que não conseguiu segurar o grito. Os olhos enchendo de água e o cheiro de sangue subindo às narinas o lembrando que também havia algo sendo queimado, ele só não sabia o quê.

Tão lindo... — Luke ouviu uma voz. Era de um homem, porém não era conhecida por ele. — Terei o maior prazer em explorá-lo da melhor maneira possível...

A voz supostamente suave alarmava cada vez mais o policial. Aquilo só poderia ser o prenúncio de uma tragédia, onde ele estaria sendo o mais prejudicado. Seu corpo estava dolorido, como se houvesse apanhado até não aguentar e ter desmaiado; suas mãos tremiam e instintivamente foram ao pescoço, agarrando ali, um simples cordão com um crucifixo de pingente. Hemmings não era religioso, mas segurar o objeto era mais para lhe dar a sensação de realidade, de que ainda não havia morrido.

— Vá a merda. — Sua voz saiu arranhada, da mesma forma que sairia caso estivesse exausto ou sedento. Notava na própria entonação como estava fraco e sofrendo.

Uma gargalhada ecoava no corredor fazendo um calafrio percorrer a espinha de Luke. Mãos ásperas tocaram seu pescoço e subitamente o ar esvaía de seu corpo. Sentia-se sufocado, desesperado, sem forças.

Eu vou cuidar bem de você.

O sussurro alimentou mais o desespero do policial, porém, seu corpo fraco e castigado não conseguia acompanhar seus pensamentos, o deixando a mercê do que estava por vir.

Então Luke abriu os olhos.

Seu corpo convulsionava e suas unhas cravadas contra a palma da mão. O corpo pegajoso e suado fazia com que os cachos de seu cabelo ficassem grudados na pele como cola; puxava uma quantidade absurda de ar como se tivesse ficado imerso em águas profundas por tempo demais e por pouco morria.

Havia sido um pesadelo.

Um pesadelo muito real, mas um pesadelo.

Automaticamente suas mãos foram ao pescoço e seus olhos analisaram toadas as partes visíveis de seu corpo. Estavam intactas.

A mente estava trabalhando demais para quem acabara de acordar. Tentava criar estratégias e maneiras onde poderia clarear sua mente sobre o que havia acontecido, sobre aquele sonho. Luke não era um homem de sonhar enquanto dormia, muito menos algo tão realista, no máximo coisas desconexas ou poucas imagens de sua infância. Nada mais.

Monster • MukeWhere stories live. Discover now