28• Tragedy

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Derretendo através das rachaduras nas minhas mãos
Eu acho que aguentei por muito tempo

[...]

Chega desse seu agridoce, seu açúcar apodrece meus dentes
Entope minhas artérias, sua merda agridoce é uma tragédia"

(Bittersweet Tragedy— Melanie Martinez)

•••♣•••

Luke tinha coisas demais na cabeça.

A manhã havia começado de forma confusa para ele, cheia de coisas das quais não queria ter pensado, coisas das quais ele enterrou por tanto tempo que hoje causam um gosto viscoso e podre na sua boca. Era o gosto de uma notícia velha, gosto de um fantasma que o assombrou por tantos anos que quando saiu,  não saiu somente ele, mas também trouxe à tona todas as sua cicatrizes. Luke odiava ser vulnerável.  E ele havia sido,  isso era o pior de tudo.

Ele estava deitado num sono tardio, quando Zayn o ligou. Havia um corpo em um beco e que provavelmente era responsabilidade deles, já que era a equipe que estava disponível.  Corpos em becos, algo que Luke já estava começando a se familiarizar a ver. Corpos em becos no mesmo raio em volta do Museu da Cultura Mulçumana, mais comum ainda. Isso provavelmente devia ser um problema, mas ele não tinha tempo para debater isso.

Ele estacionou em frente ao lugar exatamente às sete da manhã. Havia ainda uma brisa fria,  um resquício do que teve a noite. A manhã foi a mais fria até agora e Luke estava feliz de não sentir frio e de Michael Clifford usar casacos quentes. Quando ele estava saindo, Luke pegou um desses e estranhamente, ficou pensando nisso. Ele estava fazendo isso a quanto tempo? A quando tempo estava ignorando tudo que estava acontecendo?

— Luke! Que bom que você chegou. — Era possível ouvir em qualquer lugar que estivesse da forma como Zayn gritou.  Ele parecia assustado.  — Não que seja bom, pois acho que não é, mas... bom, acho que primeiro de tudo, tenho de te preparar para o que você vai ver.

Luke franziu o cenho.

— É algo tão feio assim? — Perguntou. — Zayn, você sabe que tenho um estômago bom para essas coisas. Depois de anos, não é muito o que me assusta.

Mas Zayn insistiu.

— Não é que seja ruim, mas é que... É ruim. Entende? — Ele mordeu o lábio enquanto Luke negava. — Certo, acho que a outra  equipe vai pegar esse caso, mas eu realmente queria que você soubesse o que aconteceu.

Luke franziu o cenho, mas acabou andando até onde estava o corpo. Tinha consciência de que provavelmente era algo relacionado ao imitador, tinha consigo isso. E quando chegou perto do beco, quase gritou de assombro.

Ali estava um homem branco, loiro, com o rosto parecido com seu irmão, jogado no chão da mesma forma em que Jack esteve no acidente. A única diferença é que ele estava de olhos abertos,  olhos mortos, e Jack esteve o tempo todo de olhos fechados, inconsciente, mas vivo. Ele sentia seu estômago contorcer, era pior do que ver um corpo em decomposição.

Zayn pareceu notar que Luke não estava bem, já que pôs seu corpo na frente e encarou Luke que olhava para o lugar onde o corpo estava, agora o corpo de Zayn tampando, como se tivesse a quilômetros de distância dali.

— O imitador o deixou aqui para mim. — Luke disse. Sua voz devagar, quase como se  medisse as palavras para não magoar quem as ouviria. — ele quer mostrar que está no controle. Ele quer...

Monster • MukeWhere stories live. Discover now