2• Save your apologies

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“Lítio, não quero me trancar por dentro
Lítio, não quero me esquecer de como é ficar sem
Lítio, eu quero permanecer apaixonada pela minha tristeza
Oh, mas Deus, eu quero deixá-la ir.
{...}

Nao consigo me conter
Pergunto, o que há de errado comigo?”

(Evanescence — Lithium)

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Passos eram ouvidos em meio a rua silenciosa. Era tarde da noite e ela só queria chegar logo em casa.

Sabia que havia um assassino a solta e como todos da cidade tinham conhecimento, não era anormal se sentir com medo. O som de seus sapatos se chocando no asfalto molhado eram o único som ouvido pela rua. Estava sendo uma das semanas mais chuvosas do mês e era totalmente desagradável estar com aquele tênis encharcado e suportando as meias molhadas.

O caminho parecia mais longo em meio àquele dilúvio, devia ter sido mais atenciosa e se apressado, agora nesse momento não haveria perdido o último ônibus da noite e poderia estar em casa ou pelo menos, estaria seca. Manteve o caminhar constante e trincava os dentes de frio, ainda buscando algum consolo, puxando o casaco de lã totalmente encharcado. Devia ter sido mais esperta e trago consigo ao menos um guarda chuva. Mas já era tarde demais para qualquer lamentação, já estava encharcada e se não chegasse em casa provavelmente teria uma hipotermia, o que seria pior.

Minutos depois, um arranque de motor foi ouvido em meio a rua deserta. Seu coração estava subindo a garganta. Quem poderia estar andando em meio a esse temporal a essa hora da madrugada?

Notando que ela mesma se respondia a própria resposta, calou-se e manteve a caminhada ritmada e rápida. Não podia correr mais risco do que corria naquele momento.

Mais uns segundos com o caminhar rápido e ritmado, pôde notar o carro ao seu lado parando. Não iria olhar para trás, não olharia.

Porém, é da natureza humana a curiosidade, da mesma forma que é da natureza do ser humano o medo. Ela não pôde se conter, tinha que ver se era seguro atravessar, necessitava ver se era seguro e se não tinham chances de ser sequestrada.

Mas que tolice, era óbvio que havia chance de sequestro, era madrugada e um carro estranho parou ao seu lado. O que iriam querer?

Ao se virar, notou ser um carro escuro, vidros escurecidos em oficina, podia jurar. Os anos de seu pai trabalhado em oficina lhe davam a calma noção disso. Sabia que o automóvel estava perto, mas não tinha noção de tão perto. Estava praticamente ao seu lado e sentia o gosto de bile subindo só de pensar nas possibilidades de horrores que podiam acontecer. A janela foi abaixada e um sorriso gentil apareceu. Nada que diminuísse a sensação de embrulho que sentia no estômago.

Com o coração quase sendo vomitado de tão nervosa, a garota saiu correndo como se a sua vida dependesse daquilo. Talvez dependesse mesmo.

O sorriso gentil se torna levemente sádico e a janela é levantada. O automóvel começa a sair da inércia e então segue seu caminho.

•••♣•••


— Emily Kane. 19 anos, — Zayn narrava enquanto Luke mantinha o lábio crispado em direção a jovem encontrada. — De acordo com a documentação que não estava molhada,  não é daqui, talvez tenha se mudado para estudar, não sei, mas ela é de outro país. — Os olhos âmbar do oficial Malik se tomaram de compaixão olhando para o corpo ali jogado, como se nada valesse. — Me ponho no lugar dos pais dela, sabe. Se fosse com a minha família, minha irmã, não sei o que faria.

Monster • MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora