Monster • Muke

32• Boyfriend

[Quem é vivo sempre aparece, não é? Vejo vocês no fim do capítulo.  Eu tava com saudades. Esse capítulo tá fofo mesmo que não pareça no início]

“Besides,” Dara said, “he didn’t see me the way other people did.” And that had been worth more to Dara than anything else life had given him."

(Feverwake series — Victoria Lee)

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Michael tinha lembranças agridoces.

Não era algo do qual gostava de falar, até porque não gostava de expor seus sentimentos sem haver a necessidade, mas era algo do qual constantemente se via pensando. Se perguntava quando começou a compreender a definição de família e quando ela mudou e mudou e como ele não esteve pronto. Pensava em como ter um irmão foi algo do qual nunca pensou que precisaria tanto naquele momento — Ele sempre quis um irmão. Quando Ashton apareceu, ele queria que fossem irmãos, e queria não ser sozinho, assim como Ashton também queria a mesma coisa. — mas foi o que o salvou de muitas situações, mesmo que lidar com o divórcio de seus pais antes dos dez anos tivesse sido terrível e ter de perder a presença da sua mãe a pior coisa que poderiam ter feito.

Michael a amava. Ele lembrava de como ela era gentil e gostava de contar coisas porque achava que ele precisava saber. Sempre fora ela, Michael e o pai. Ele era uma criança que acreditava que as coisas eram duradouras, acreditava em um feliz para sempre e amar era irrefutável, assim como o nascer e o pôr do sol. Michael era uma criança e não sabia como as coisas funcionavam, mas sabia que algo não ia bem. Ele tinha consciência das discussões e dos choros. Tinha consciência de que alguma verdade estava sendo escondida de seus olhos verdes de criança. Dizem que crianças têm mais sensibilidade para com o mundo ao seu redor, poratanto, absorve as informações das quais o ambiente e as pessoas com quem convivem lhe dão. Michael absorveu de seus pais a sua grande desconfiança

Desde criança sabia que era rápido em aprender coisas e das muitas que sabia, aprendera sozinho. Como sempre, Michael era muito bom em estar sozinho, lidar com tudo sozinho. Quando eles começaram a se desentenderem, Michael sabia, ele simplesmente sabia, que algo estava acontecendo. Quando Ashton e ele se encontraram e sua mãe ficou chocada com como eles tinham manias parecidas, algo nele dizia que um acontecimento maior ainda estava por vir. Ele sempre sabia e sempre acreditou na sua intuição por esse mesmo motivo.

As coisas mudaram rápido e ele logo via uma zona de guerra emergir em sua vida e na sua casa. Sua mãe já não sorria fazia tempos. Seu pai era gentil, mas parecia exausto. Era como uma corda que está tão velha e gasta ao ponto de se partir. Michael ainda era novo demais para entender o que estava acontecendo, mas ele sabia. Ele sempre soube. A primeira queda e a primeira vez que viu como a vida era uma completa mentira foi no dia em que sua mãe desmoronou e disse que não aguentava mais.

Michael sabia que seu lar estava aos pedaços e que tinha muitas coisas mal contadas. Ele só não imaginava que seria logo e seria daquela forma. Seus pais conversaram, sua mãe chorou, seu pai também. Daryl parecia desolado, mas Michael só saberia futuramente o motivo.

Então em algum momento, era apenas seu pai e ele. Ela havia ido embora sem olhar para trás. Uma alma cansada e perdida em meio ao caos da família que desmoronou. Michael queria segurá-la em suas mãos pequenas e poder a manter consigo de alguma forma. Mas não se tem como prender pessoas quando elas ja não estiveram lá há tempos. Michael aprendeu o que era abandono pela primeira vez.

Ashton era uma criança quieta, mas era familiar. Michael e ele construíram um laço grande durante o tempo em que apenas seu pai e ele viviam em casa. Em alguns momentos, Ashton era o único que fazia Michael falar ou sorrir. Michael daria a sua pequena vida a Ashton se ele pedisse. E esse pensamento era um intruso que não devia ser pensando por uma criança.