capítulo 1 -Loui

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Publicado em 28 de março de 2020
Revisado em 17 de agosto de 2023

Aldeia Dauphiné. Meu lugar favorito de todos os tempos. No momento, estou sentado em uma pedra coberta de musgo observando Marcus atacar um cervo para o jantar de todos nós. Ele é meu irmão. E somos até que bem parecidos, ambos de cabelos ruivos ondulados, de traços finos, olhos verdes e sardas, ô se temos essas...

Mas sou ômega. E Marcus é Alfa. Ele não vai ter que passar pelo que estou passando agora.

Somos da família Dauphiné. O grupo que mais vende os melhores ômegas. Nunca tivemos muito dinheiro, então conseguimos tudo que tinhamos apenas vendendo ômegas. Sei que logo logo vou ser vendido, como Danny, meu primo que foi vendido, teve oito filhos e acabaram a achando o seu corpo morto no meio da mata. Não divulgaram a causa da morte, mas eu vi seus pulsos cortados no velório.

Nossos pais já quase  aceitaram que vão me vender, por isso venho passando por vários procedimentos para ficar "mais bonito", o que nunca considerei que fosse. Sou pequeno demais e tenho os cabelos longos, por conta das regas, mas odeio esses, mas de certa forma, me acham bonito enquanto eu tenho vontade de me coçar com um cacto depois que me arrumam.

Bonito é um conceito estético, e eu não sou apenas estética. E eu sou um ômega adolescente repleto de sentimentos e uma percepção um tanto quanto aguçada, um senso de justiça e uma mente confusa e...

-Vam' bora, Loui! -Gritou Marcus, caregando o cervo morto. Os outros alfas estavam já voltando para a Aldeia. Marcus aparece na frente da minha pedra, apelidada carinhosamente por nós de "camarote do Loui" revelando um rapaz ruivo e bonito, alto e com um sorriso debochado. Me levanto também e fui descendo da pedra. Quando chegou uma parte final, eu não consegui descer direito, então Marcus me ajudou.

Acho que Marcus é o irmão mais paciente do mundo. Deve ser difícil ter um irmão inútil que só serve para ser vendido e com isso fazer a economia da aldeia rodar.

-Não pense isso. Você sabe que eu te amo, Loui. -Falou Marcus me colocando nas suas costas. Não sabia que tinha faldo em voz alta, mas constantemente fazi isso. Me ajeitei e passei meus braços pelo seu pescoço.

-Você preferia que eu fosse alfa, não é? -Perguntei por cima de seu ombro.

-Você é meu irmão e não te trocaria por nada. Aliás. Estou tentando convencer o pai e a mãe a não te venderem.

-Eu não sirvo pra muita coisa e você sabe. É o que que você faz quando tem algo que só está ocupando espaço? Ah é... Vende pro vizinho. -Falei levemente bravo, mas não com ele. Sabia que ele odiava o líder tanto quanto eu, afinal, aprendi com ele. Desde os meus doze anos, quando descobri que era ômega, ele vem dando em cima de mim, apesar de ser um homem de quase cinquenta anos. Isso que revoltava Marcus, desde sempre ele é extremamente protetor comigo e duvido que ele não vá tentar matar quem for que me compra

-Você não é inútil. E eu Não vou deixar eles te venderem. E se não der certo, quero manter o contato, Loui. Você é minha pessoa favorita no mundo.

-Marcus... Eu sou... Mais um ômega que vive se escondendo atrás dos Alfas... É melhor me venderem mesmo. -Marcus não falou nada. Continuamos o caminho até chegar em casa. Quando chegamos, vimos um outro carro, um preto cumprido parado ao lado da caminhonete Ford velha dos nossos pais. Tinham tantas lembranças de tempos quando tinhamos 5 e 9 anos nos empurrando pelas paredes da lataria. A placa vende-se um Ômega Dauphiné pendurada na cerca de casa chega e me doer o peito e me deixar sem fôlego.

Marcus continuou o caminho até a porta de casa. Ele me pôs no chão a alguns metros da casa. Ajeitei o meu cabelo e o meu moletom grande. Continuamos o caminho até a casa. Marcus entrou primeiro e eu logo depois. Ouvi uma voz conhecida na sala, o maldito do líder.

Vendido + PerdidoWhere stories live. Discover now