capítulo quatro

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  Anne Smith nunca pensou que pudesse existir um lugar tão deprimente e frio, quanto aquele no qual estava. Na verdade, não fazia ideia de como foi parar lá já que se lembrava perfeitamente de ter estado em sua cama, vestindo seu pijama. O pijama ainda estava em seu corpo mas aquele definitivamente não era seu quarto. Estava mais para uma cidade abandonada. Ventava muito, estava noite e havia neblina. A garota tremia, aquecendo seu próprio corpo com seus braços.

- Olá, tem alguém aí? - Ela gritou para o vazio da noite, como uma típica mocinha tola dos filmes de terror. Sua voz ecoou e nenhum outro som se fez ouvir. Ao que parecia, ela estava sozinha naquela cidade estranha e horripilante.

  Sentindo calafrios a jovem garota começou a andar, ainda tremendo por conta do frio. Havia um nó se formando em sua garganta e o medo crescia cada vez mais em seu peito mas não podia ficar parada ali, no meio do nada. Sem saber aonde estava e o que estava acontecendo.

Jogou seu medo para um canto qualquer de sua mente e resolveu sair do lugar, a primeira coisa que notou foi que a cidade vazia, estava coberta de neve. Era realmente muito frio ali, tanto que sua respiração se tornava fumaça branca. Em seguida, percebeu que tudo parecia intocado, como se o lugar nunca de fato tivesse sido habitado. Parecia o cenário para um filme de fantasia, pois era tudo tão belo e colorido, apesar de ter o seu lado sombrio. O pior de tudo, era que Anne se sentia em casa, como se soubesse aonde estava, mas ela não sabia.

Como se a situação toda não fosse para lá de estranha, da neve, flores violetas brotaram em fileira, como se estivesse mostrando um caminho afim de que a única pessoa naquele lugar, o seguisse. E Anne sabia que era uma alucinação, não podia ser real. Não com suas flores favoritas florescendo em uma terra congelada, mas ela era conhecida por ser impulsiva e foi esse seu lado que ouviu, e seguiu o caminho que lhe foi mostrado. Quem quer que estivesse lhe chamando, seria atendido.

  Ao fim da última flor, quando o caminho lhe levou aonde ela deveria estar, Anne pensou que tinha que sair correndo, gritar e pedir ajuda, pois o que não podia piorar, ficou ainda mais estranho. Se encontrou no meio de uma floresta, a neve cobria tudo e havia estátuas feita de gelos. Mas curiosamente, aquelas estátuas estavam em posições suspeitas, com expressões assustadas, fugindo e com medo de algo, elas eram tão reais que pareciam humanas.

  Da forma mais cautelosa que podia, a garota foi até uma das estátuas humanas e a avaliou, tocando com cuidado em sua face. Era uma menina. Seus cabelos eram ondulados e estavam cobertos pelo o que parecia ser um capuz. Em suas costas havia uma arque flecha e ela possuía olhos arregalados, em posição de combate, sua expressão, como aos demais, estava desesperada. Anne inexplicavelmente sentiu uma conexão com aquela escultura e ao toca-la, algo como nostalgia lhe dominou, mas nostalgia do que e de quem?

  Entre aquela multidão de estátuas, uma figura real surgiu. Anne recuou para trás, assustada. Achou que somente ela estava naquela cidade estranhamente vazia mas ali diante de seus olhos, estava uma belíssima mulher. Ela sorriu de forma amigável, porém triste. Seus cabelos eram brancos e seu corpo estava coberto por um lindo vestido azul, que possuía uma cauda arrastando-se aos seus pés.

  - Quem é você? - perguntou, se afastando para manter uma distância segura. Enquanto recuava acabou por bater suas costas contra uma outra escultura. Desse vez, era um homem, alto, forte, um guerreiro. - Que-quem são eles? - perguntou novamente, se afastando e soando nervosa. - Aonde eu estou?

  - Você realmente não se lembra de nada, não é? - A mulher estonteante fitava Anne como se ela fosse uma espécie rara.

  - Me lembrar do que? - Foi absolutamente impossível não fazer a pergunta óbvia. Seu corpo inteiro tremia.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoWhere stories live. Discover now