Capítulo doze

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Não fazia o menor sentindo Zoe não ir a aula, mas ela não havia ido. E justamente pelo fato de não fazer sentindo, Anne se encontrou inquieta a aula toda, mandando quinhentas mensagens para descobrir o paradeiro da amiga, mas nenhuma delas fora respondida. Quando o sino soou anunciando o fim das aulas, a jovem recolheu seus pertences o mais depressa que pode, mal percebendo quando um de seus livros caiu ao chão. Anne não viu, mas outra pessoa sim, e saiu correndo em seu encalço, tentando devolver o pertence a sua dona.

  - Ei, princesa. - Sebastian precisou de um tempo para alcança-la, finalmente conseguindo manter o mesmo ritmo dos passos acelerados da garota.

  - Você está me seguindo? - Não conseguiu conter sua revirada de olhos, tão pouco a rispidez em sua voz.

  - Não. - Ele sorriu e Anne não conseguiu evitar as tão faladas borboletas na barriga. A imagem disparou seu coração. Ela sabia que deveria se manter distante, mas era só Sebastian estar por perto que o juízo sumia. Aquele garoto tinha algo que nem um outro tinha. - Trouxe seu livro. Você o deixou cair. - Ele esticou o exemplar para ela e um sorriso instantâneo se abriu nós lábios de Anne, acompanhando o gesto dela, Sebastian sorriu. Se perdendo na risada gostosa que a garota mais bondosa que ele conhecia, tinha. A calmaria lhe invadiu, poderia assisti-la sorrir por um dia inteiro. Os olhos dela brilhavam, ela tinha uma energia tão boa, que conseguia espantar qualquer escuridão que ousasse se aproximar. Lembrava de como foi o início deles dois, com seu jeito tão doce e meigo, Mia iluminou seu mundo, ela o tornou um homem melhor, de alguém que nunca sorria, para alguém de sorriso tão fácil.

- Seu sorriso é lindo. - ele disse, de forma tão natural que obviamente nem havia se dado conta, o sorriso de Anne se fechou e ela corou, colocando o cabelo para trás da orelha, sem jeito. - Por que está vermelhinha? Deve ter ouvido isso tantas vezes que está acostumada. - Tentando disfarçar o quanto se sentia um idiota por ter agido como aqueles tolos apaixonados que tanto criticou, ele acrescentou.

  - Na verdade, não. - ela riu tímida, o encarando diretamente nos olhos.

- Esses caras não sabem o que é admirar uma boa obra de arte. - ele fez uma piada interna, se esquecendo momentaneamente que era ouvido. Na verdade, havia parecido chocado, como se fosse impossível alguém não se apaixonar pelo sorriso dela a cada segundo o olhando. - O que eles podem falar sobre beleza se nunca viram você sorrindo? E você deve estar me achando um bobinho sensível... - Ele riu sem graça, suas bochechas ficaram meramente vermelhas e ela segurou a risada que quis soltar ao ver um garoto forte e de traços durão, constrangido. Ele não parecia o tipo de cara que se sentia em saias justas, ele parecia o tipo que colocava as pessoas nela.

  - Eu não acho isso. - respondeu, ainda envergonhada mas sincera. Sua pele já havia sido tocada, mas a alma era a primeira vez.

  - Bem, aqui está seu livro. - Sebastian se distanciou um pouco, após alguns segundos perdidos nela, ele parecia afetado com sua presença, mal sabia ela que estava afetado por sua beleza e que só havia recuado um pouco, pois faltava pouco para perder a sanidade e a toma-la em seus braços...

  - Obrigada... - Anne murmurou, sorrindo sem mostrar os dentes, ao pegar no livro tomara cuidado para que seus dedos não se tocassem pois com um único toque, o novato lhe roubava o ar e lhe fazia sentir coisas que nenhum garoto em anos, conseguirá.

  - Por nada. - ele respondeu, mas sequer tirou seus olhos dela, que estava concentrada demais em olhar para o que segurava. - Então você gosta de amores impossíveis... - ele brincou, lendo "a bela e a fera" no título.

  - São os meus preferidos. - Ela exibiu um sorriso natural que aqueceu o coração de Sebastian.

  - Os meus também. - ele murmurou baixo, mais para si do que para ela. Ainda a olhando, se Anne pelo menos soubesse o significado de suas palavras... Ela tiverá seu próprio conto de fadas, mas diferente dos filmes, nem tudo acabará bem. A bela e a fera era a prova viva de que os opostos se atraem e aquele livro parecia ter sido criado baseado na história daqueles dois jovens, duas pessoas tão distintas com um sentimentos tão igual. O amor era mesmo um tremendo enigma.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoWhere stories live. Discover now