(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoado

Capítulo dez

Naquele momento, Anne Stmith estava sentada em seu sofá, ao lado de seu pai, assistindo a um filme da Disney. Ela estava com a cabeça encostada no ombro dele, enquanto o homem fazia teorias animadas e soltava gargalhadas no momento menos esperado. Aquilo era uma tradição deles dois, desde que a jovem era uma menina, Harry fazia parte de seu mundo rosa. As vezes ele a deixava maquia-lo e também se vestia de princesa para agrada-la. Anne amava sua mãe, mas a ligação que tinha com seu pai atrapalhado, era maior.

  Eles haviam pedido pizza, o que deixava a ruiva ainda mais contente. Mas aquilo provavelmente não agradava sua mãe, que prezava sempre pela saúde e boa alimentação de seus filhos. Anne já podia até mesmo ver a cena, Elisa repreenderia o marido e ele a faria se irritar, depois a faria rir e ambos se beijariam. Na relação, a esposa era o típico "mulherão" enquanto o marido era todo menininho.

A campainha não tardou para soar e assim que a ouviu, Anne não tardou a se erguer, pois sua barriga roncava implorando para que fosse o entregador de pizza.

  "Não, não, não, não...", Pensou mil vezes assim que abriu a porta, pois o entregador de pizza era Charles, o garoto assustador e pirado da noite misteriosa. Sem pensar duas vezes, Anne bateu a porta na cara dele e se encostou na mesma, respirando com dificuldade.

  - É a pizza, querida? - ouviu a voz de seu pai  gritar. Tão alto quanto as batidas desesperadas de seu coração.

  - Não, papai... - respondeu rezando para que sua voz não saísse tão trêmula quanto suas mãos estavam. Fechou seus olhos com força, tentando apagar as imagens que retornaram para sua cabeça, como um garoto sumindo magicamente em uma névoa roxa. Era de levar qualquer um a loucura e Anne sabia estar prestes a enlouquecer. Acabou por pular de susto quando a suas costas, a porta tremeu, recebendo batidas frenéticas. Seus olhos já naturalmente grandes, se arregalaram.

  - Anne? Senhor Stmith? - dois minutos depois nos quais ela resolveu ignorar as batidas, ouviu a voz de sua melhor amiga. Suspirou aliviada, tinha certeza de que Zoe não era um maníaco assassino que voltará para uma nova tentativa de lhe matar.

  - Zoe! - Não se demorou muito para abrir a porta, sempre gostava de vê-la mas sua animação naquele momento era ainda maior do que a dos outros dias. Pois abrir a porta para um amigo, retirava qualquer peso de ter aberto a porta para um inimigo. O amor tem essa mania bela de jogar qualquer problema para baixo do tapete.

  - Você é mais lenta do que uma tartaruga. Sabe disso, não sabe? - delicada como coice de mula, sua amiga lhe recebeu. Bufando por ter ficado esperando. Ela carregava algo em suas mãos, o aroma de pizza invadiu todo o ambiente, era delicioso, mas após ver quem a havia entregado, Anne perdera o apetite. - O entregador também estava cansado de esperar, você está me devendo o valor que eu paguei. Ou eu posso come-la sozinha.

  - Você se entende com papai, a pizza é para ele. - brincou revirando seus olhos e tentando esquecer as coisas anormais que vinham acontecendo em sua vida nos últimos dias. Mas quem é que consegue realmente ignorar algo assim?

  - Vocês estão vendo Aladdin, de novo? - Sua melhor amiga chegará primeiro que ela na sala e gritará incrédula. Anne respirou fundo antes de se juntar a eles. Seu pai já atacava a pizza de forma esfomeada, se sujando tanto quanto uma criança de cinco anos.

  - Sem armaduras, Zoe. Eu sei que você gosta. - Harry fez a garota soltar uma gargalhada quando a puxou para o sofá, fazendo cócegas em seu corpo. Ele a conhecia desde menina, quando a garota começará a frequentar sua casa, ela era para ele, uma filha de coração.

  Como em muitas outras ocasiões, eles viram aquele filme romântico com muita conversa, risadas e suspiros apaixonados, que até mesmo a mais fria entre eles deixava escapar. Mas mesmo que amasse momentos como aqueles, com as pessoas mais importantes de sua vida, Anne não conseguia se desligar do fato de Charles ter estado em sua porta. Não que ela realmente o conhecesse além do nome, mas havia algo sobre ele que era ameaçador e inquietante, sua pequena "visita" por si só já era alarmante. Afinal, quem era ele e o que queria com ela?