Capítulo dezoito

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    Todos de sua casa haviam saído para aproveitar o final de semana, mas lá estava ela, vestindo roupas confortáveis, com os cabelos presos em um alto rabo de cavalo, o volume da música no talo enquanto dançava passos errados em meio a faxina que fazia na casa.

  Sua vida estava uma desordem ultimamente e já que ela não fazia a menor ideia de como organizar tudo, organizaria sua casa e o guarda roupa, talvez serviria de terapia para colocar sua cabeça no lugar.

  Ela tinha que descobrir de onde vinha aquelas vozes e imagens que vez ou outra invadiam sua cabeça. E até que ponto os novatos misteriosos estavam envolvidos. Já havia vivenciado bizarrices demais para deixar a situação intocável como estava, era evidente de que estava acontecendo algo muito irreal e determinada como era, iria descobrir. Mesmo que no fundo estivesse assustada.

  Mas naquele momento estava mais interessada em dançar, cantar, limpar e seguiu esse mesmo ritmo por uma boa quantidade de tempo. Estava quase terminando de secar a louça quando resolveu fechar seus olhos para sentir melhor a nota da música que cantava. Sua voz era melodiosa e realmente fascinante para uma garota que cantava somente no chuveiro. Era uma voz doce e angelical, tão pura quanto a própria dona.

  Quando abriu seus olhos novamente, testemunhou algo que não deveria estar correndo. Em sua volta voavam borboletas em tonalidades variadas entre o rosa o azul e o roxo. Os lábios de Anne se abriram, por ser uma imagem linda e adorável, mas também pela estranheza da situação. Se fosse uma apenas, poderia ocorrer de ter entrado pelas aberturas da casa, mas além de serem várias cercando seu corpo, elas também se multiplicavam a cada mover de mão da jovem, como se fosse ela que as estivesse criando. Era uma cena humanamente impossível, mas havia algo de anti-humano em tudo aquilo e em seu mais profundo ser, Anne sabia.

  Tentando explorar aquele acontecimento aparentemente mágico, a ruiva moveu sua mão lentamente, sendo rodeada por mais e mais borboletinhas. Não era assustador, elas eram belas, mas o fato de sua mão ser capaz de fazer algo daquele jeito, era sim muito perturbador. Sua respiração se agitou e antes que pudesse reagir a tudo, seus olhos se fecharam, o desmaio fora causado pelo medo do que estava vivendo. Acontecia com tantos, mas nenhum chegará realmente perto do que ela havia passado. Magia. Na sua cozinha. Na sua mão. Fora dos filmes de fantasias.

  Não foi sua casa que encontrou quando abriu seus olhos, e sim um local completamente desconhecido. Mas como o imaginável, era um quarto hospitalar. Tudo por ali era branco e cheirava a desinfetante. Suas pupilas piscaram algumas vezes tentando se acostumar a estarem abertas novamente.

  Quando se sentou sua cabeça doeu um pouco, mas ainda assim ela sorriu carinhosamente ao ver sua família acomodados em poltronas desconfortáveis. Sua mãe dormia com um livro caído sobre seu peito, o que indicava que havia adormecido no meio da leitura. Jason estava tão cansado que chegava a babar, e seu pai dormia com os óculos um tanto tortos no rosto, entre todos, ele parecia dormir mais suavemente.

  - Anne?

  - Filhinha?

  - Pirralha? - Não queria acorda-los mas mal se moveu e todos despertaram imediatamente, chamando por ela em uníssono.

  - Oi. Estou bem. - sorriu sem jeito, se sentindo mal só por ver a preocupação estampada na face de todos os membros de sua família. Apesar das brigas constantes dela e do irmão, eles eram unidos e lhe doía somente imaginar a preocupação que causará a eles.

  Todos suspiraram fundo, seu pai arrumou o óculos caído, sua mãe se sentou passando as mãos nos cabelos e Jason limpou seu rosto com as costas das mãos. Pareciam cansados o que a fez se questionar a quanto tempo estiverem mal acomodados naquelas pequenas poltronas simplesmente para estarem com ela, mesmo a jovem estando desacordada.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoWhere stories live. Discover now