Capítulo vinte

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Saber que não havia conseguido proteger sua melhor amiga a primeira vez que um homem havia levantado a mão para ela, já era uma dor insuportável. Descobrir que estava prestes a cometer o mesmo erro, era demasiadamente pior. Zoe justificará que havia irritado Daniel, por isso o garoto a puxará pelo braço, mas para ela, nada justificava a violência. E não estava disposta a simplesmente cruzar seus braços e deixar ele se tornar o novo monstro na vida da garota.

  Ela teve que deixa-la pensar que acreditava que Daniel não era um namorado tóxico ou violento, simplesmente porque não queria que Zoe tentasse lhe impedir de separa-los. Ela estava tão obcecada pelo namorado que não conseguia ver o quanto ele era tóxico em sua vida. Ela só queria preencher a ausência do pai com um novo amor masculino e no final das contas havia encontrado alguém tão ruim quanto seu progenitor.

  Além de estar sofrendo junto com sua melhor amiga, que continuava tapando seus olhos para o relacionamento abusivo que estava vivendo, Anne lutava contra sua mente, que criava cada vez mais teorias sobre suas mãos terem criados borboletas mágicas, nada mais parecia fazer sentindo e tudo o que ela queria era uma resposta. Mas o que ganhava? Mais e mais perguntas.

  Depois de uma eternidade refletindo sobre as bizarrices de sua vida, finalmente se deu conta de que estava sozinha na sala de aula, todos os outros alunos já haviam partido. Deveria ter batido a um tempo pois nem mesmo havia barulho de alunos barulhentos nos corredores. Com medo de ser a única restante na escola, finalmente começou a guardar seu material. Enquanto o fazia, ouviu passos a suas costas que indicava que passará a dividir a sala com outra pessoa.

  - Oi. - Pode sentir sua pele arrepiar e suas bochechas ficarem coradas somente ao ouvir a voz rouca de Sebastian.

  - Oi. - ela murmurou de cabeça baixa, em uma tentativa de esconder as bochechas rosadas. Mas os efeitos que a presença do bad boy causava nela, fora além do físico. Seu coração traidor se acelerou como se estivesse diante de um pop star.

  - Eu esqueci alguns livros. - O garoto explicou casualmente enquanto se encaminhava até a carteira na qual se sentava. Anne continuava se ocupando em não olhar para ele.

  - Eu não percebi que já havia batido. - Ela também se explicou, fazendo o mesmo que ele.

  - Entendi. - Ele soltou uma leve risada e a garota ficou nervosa ao ouvi-la, como podia somente um riso mexer com cada célula de seu corpo?

  - Eu tenho que ir. - Se despediu e jogou ainda mais apressada as coisas dentro de sua mochila. Não gostava da facilidade com a qual aquele estranho havia lhe conquistado. Tentou ser o mais breve em fugir dele e dos sentimentos que o mesmo despertava, mas quando olhou para o chão seus olhos se arregalaram ao detectarem uma barata.

  Não levou segundos para seu corpo reagir ao medo, soltou um grito de horror e desespero e imediatamente pulou no colo de Sebastian. Enquanto gritava histericamente e batia suas pernas no ar. O garoto fora pego de surpresa mas conseguiu captura-la com perfeição, gargalhando da forma infantil que Anne temia e reagia a pequena barata que para ele parecia inofensiva.

  - Meu Deus! Tem uma barata enorme bem ali. - com sua voz manhosa e a expressão de nojo ela apontava para o inseto, enquanto isso Sebastian continuava a gargalhar com ela segura em seus braços, uma das mãos da menina rodeava seu pescoço e as dele seguravam a cintura e as cochas dela.- Não é engraçado. - ela choramingou quando percebeu que o bad boy estava se divertindo com sua situação patética. - Olhe para esse mutante! Não tem nada de engraçado.

  - Tudo bem, me desculpe. - ele continuava a  rir e exibir o sorriso mais bonito que ela lembrava de já ter visto, e diferente da mesma, não estava nenhum pouco intimidado pela pequena barata que provavelmente deveria estar com mais medo de Anne do que ela dela. - Eu vou levar você para longe desse "mutante". - ironizou fazendo aspas com a escolha de tom.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoWhere stories live. Discover now