Capítulo vinte e um

52 13 2
                                    

Seus pensamentos estavam bem confusos, era óbvio que Anne Smith não estava sabendo lidar com as coisas que havia feito magicamente com suas mãos. Não que fosse sua culpa, quem saberia? Provavelmente estava enlouquecendo, era nisso que tentava se convencer. Luzes saindo de suas palmas era algo realmente ilógico, Anne podia amar fantasia em livros e filmes, mas em sua vida real preferia seguir a lógica e não estar a encontrando naquela situação era mais do que assustador. Ela podia até ter tentado por dias fugir da verdade, mas não conseguia mais de maneira nenhuma fingir que não havia nada de errado acontecendo.

  O pior de tudo era passar por aquilo sozinha. Não poderia contar para sua melhor amiga, seus familiares ou algum conhecido, não era como se o mundo fosse ter respostas. Naquele momento, todos os seus colegas prestavam a atenção na aula de biologia, exceto por ela. E depois de ter certeza de que não conseguiria trocar sua vida adiante e simplesmente esquecer o que havia acontecido no dia anterior e no dia que tiverá um desmaio, tão pouco as vozes, o que parecia ser flashbacks e todas as sensações e intuições, se ergueu abruptamente, fazendo com que todos os olhares recaíssem sobre ela.

  Confusa, a professora encarou a aluna com as sobrancelhas franzidas, e então assim que ela saiu correndo da sala, quatro alunos se levantaram na mesma hora. As quatro pessoas tinham ligação com Anne e todas elas possuíam a mesma expressão de preocupação. Zoe fora a primeira a sair correndo atrás da amiga, Cassandra trocou olhares com Austin e Sebastian e por meio desses pediu para que eles deixasse com ela, contrariados os garotos se sentaram ainda sobre os olhares curiosos dos colegas e ela exatamente como as outras duas, saiu correndo do local.

  Assim que chegou ao banheiro, Anne caiu no choro, um choro tão dolorido e profundo que ela mesma se surpreendeu, nem sabia que guardava tantas lágrimas dentro de si. Era como se chorasse por coisas das quais nem se lembrava. Apesar de aliviar, ela tinha certeza de que o choro não resolveria um terço dos seus problemas. Sua vida havia virado um quebra-cabeça com peças impossíveis de reconhecer. Realmente não dava para acreditar que suas mãos criaram borboletas e uma luz mágica, era algo tão irreal que chegava a apavorar, apesar de ser muito fascinante.

  - Zoe... - ela choramingou com o olhar triste ao ver sua amiga parada na porta do banheiro feminino.

  - Eu estou bem aqui. - Sua melhor amiga lhe envolveu com amor quando percebeu que ela não conseguia conter as lágrimas. Entre elas, Anne sempre fora a mais frágil.

  -Tem algo de errado comigo... - Com sua cabeça afundada no pescoço da amiga enquanto a ruiva descansava em seu ombro, Zoe sentiu sua fragrância doce de flores.

  - Seja lá o que quer que esteja acontecendo, pode me contar, eu sempre estarei do seu lado - tentando desgrudar os fios de cabelos das maçãs do rosto dela, tocava na amiga com cuidado enquanto lhe tranquilizava.

  - Anne! Você está bem? - A voz preocupada de alguém fez a ruiva se afastar de sua melhor amiga e olhar para a porta ainda com o rosto molhado, a menina nova estava parada, parecendo um pouco ofegante por ter corrido.

   Não fora a única confusa com a reação de Cassandra agindo como se elas fossem velhas amigas, os olhos de Zoe também caíram interrogativos sobre a loura, ela ainda segurava Anne com afeto.

  - Você está bem? - perguntou baixinho, caindo em si de que parecia completamente maluca adentrando naquele banheiro daquela forma, elas não eram amigas naquela encarnação, por isso a forma que era encarada não lhe era estranha. As memórias das consolações que dava a sua melhor amiga na outra vida continuavam frescas em sua mente, por isso ver que Mia tinha um novo porto seguro e que a via como uma completa estranha, doía demais.

  - Ela está bem, obrigada por se preocupar com a minha melhor amiga. - Zoe não quis ser rude, Cassie sabia, mas a forma como ela havia dito aquilo machucou o coração da loura, ela engoliu em seco e sorriu forçado, concordando com a cabeça antes de se retirar do banheiro feminino.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoWhere stories live. Discover now