Capítulo vinte e dois

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  - Quem é você? Apareça! - tudo o que podia ouvir era os galhos se quebrando, os pássaros sobrevoando o céu escuro, barulhos obscuros e misteriosos, grilos e quem sabe que outros insetos. As folhas das árvores se balançavam, não podia vê-lo mas sabia que não era a única pessoa naquela floresta.

  Dando voltas em círculos e vez ou outra quase tropeçando nos próprios pés, ela finalmente se encontrou diante de alguém. Era um rapaz, ele vestia um manto negro, como o seu, porém a sua veste possuía a tonalidade branca. Ele descobriu seu rosto, ao jogar o capuz para trás. Anne acompanhou o seu gesto, também revelando sua face.

  - Olá, irmãzinha. - nas costas daquele desconhecido se erguia árvores que preenchiam a floresta. Anne reconhecia aquele rosto, não só das vezes que o mesmo havia lhe perseguido, sua mente carregava lembranças ocultas e não conseguir se lembrar deixava seus nervos aflorados. Ela temia e ao mesmo tempo estava indiferente, como se uma parte sua soubesse a verdade.

  - Por que está me perseguindo e por que me chama de irmãzinha? Você é maluco, vou lhe denunciar para a polícia. - Ao reconhecer Charles, o medo dentro de Anne gritava e suas mãos tremiam.

  - Só quero que se lembre de quem você é, eu não quero lhe fazer mal. - seus olhos azuis entregavam que aquelas palavras eram mentiras, as palavras podiam mentir mas o olhar nunca. Embora a voz dele soasse tão calma, doce e convicente.

  - E quem eu sou? - sua voz saiu irônica enquanto ela bufava e passava as mãos nos cabelos com aflição. Ela sabia exatamente quem era, mas quando Charles disserá que não, Anne viu voltar a sua mente imagens de lembranças estranhas que não viverá. Pelo menos não naquela vida.

  - Minha irmã. Mia Tate, a rainha do Reino Encantado. - Charles empinou seu nariz e disse com a voz forte, como se estivesse realmente fazendo uma apresentação real.

  - Como é? - ela gargalhou assim que o outro terminou toda sua atuação, mas tinha algo que parecia tão verdadeiro em sua explicação. Ela quase acreditou. Quase. Mas era impossível.

  - É claro que você não acredita em mim. - Charles não parecia surpreso com sua descrença, na verdade ele parecia ter previsto aquilo. - Mas, Mia, você tem dúvidas sobre os últimos acontecimentos de sua vida. E eu tenho as respostas, no fundo sabe que tem algo de errado e precisa da minha ajuda para entender tudo.

  - Você não sabe o que está falando! Não sabe. - gritou com raiva e os olhos já cheios de lágrimas, estava cansada de não entender sua própria existência, não deixaria alguém lhe dizer que saberia mais sobre ela do que ela mesma.- E eu me chamo ANNE.

  - Bem, que seja. Você sabe que eu estou certo. - Charles continuava a jogar a verdade na lata, sem tempo para joguinhos ou enrolações, como se o que estivesse falando não fosse soar loucura e não fosse deixa-la desesperada com a simples hipótese de ter um tiquinho de verdade por trás de tudo aquilo. - Se quiser saber porque tem feito coisas estranhas e ouvido vozes, eu lhe conto. Me encontre aqui neste mesmo lugar amanhã quando acordar.

  - Quando eu acordar? - Podia sentir sua voz falhar, estava tão agoniada com o que estava ouvindo que mal pode se dar conta de que não fazia o menor sentido estar no meio da noite vestida com roupas antiquadas no meio da floresta local de sua pacata cidade.

  - Não percebeu, bobinha? - Charles se aproximou próximo o bastante para sussurrar em seu ouvido. - Isso é um sonho. Agora acorda.

  Ela sabia que havia desperto pois as árvores se tornaram os móveis de seu quarto, o chão sua cama macia e o vento já não era gélido, pelo contrário, o frio nem chegava em seu corpo devido ao fato de que estava muito bem coberta com seu cobertor da Barbie. Ainda se acostumando com sua realidade, inspirou e suspirou, tentando afastar a sensação estranha que o pesadelo havia desperto.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora