Capítulo quarenta e dois

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   Cassandra se prendia em memórias nostálgicas e felizes de sua vida para poder suportar o que estava passando. Seu cérebro trabalhava arduamente para lhe manter sã, enquanto seus cabelos e seu corpo flutuava na água gelada. Fazia o maior esforço para se manter acordada, mas mesmo que lutasse muito, nada impedia a água de invadir seus pulmões e afoga-la pela milésima vez.

Ela queria morrer, sim, implorava pela morte pois era melhor do que aquela tortura de ser afogada muitas vezes sem nunca encontrar descanso. Com o pouco de forças que lhe restava, debateu seu corpo e abriu e fechou os lábios, vendo água entrando e saindo antes de seus olhos se fecharem de novo.

Não foi a primeira vez que se afogou até apagar, e não seria a ultima, Tobias havia encantado a água e transformando-a em algo mágico aponto de afogar a humana, tortura-la, mas não mata-la.

Mesmo passando por uma das situações mais difíceis de sua vida, Cassie não se arrependeu nem por um minuto da escolha que fizera, se não fosse ela ali, seria sua melhor amiga e sempre colocará ela acima de qualquer coisa em sua vida.

Se agarrava a imagens com ela, Austin e Sebastian. O pensamentos de que os dois garotos estavam indo lhe salvar, era a única coisa que lhe mantinha esperançosa. De resto, teria se entregado ao desespero.

Quando estava acordada, suas lágrimas se misturavam com a água que a cercava, se lembrava do último momento com o guardião e sentiu medo de que aquela, fosse uma despedida.

Enquanto o corpo dela estava flutuando na água, sem sinais de vida, a princesa do reino encantado se olhava no espelho, surpresa por derramar lágrimas por conta do caos que ajudara a criar. Secou suas lágrimas, se sentindo uma idiota por chorar, afinal de contas, não fara nada além de lidar com os inimigos. Tinha de ser mais forte ou seria facilmente vencida. Guerra era guerra.

Ainda parada em frente ao seu próprio reflexo, fechou seus olhos, tentando se acalmar e quando os abriu de novo, soltou um grito alto e agudo ao ver no espelho, a imagem de uma bela mulher, ruiva, como ela.

- Quem é você? - perguntou assustada.

- Candice. - respondeu com uma voz suave que acalmou os nervos de Anne um pouco.

- Não me esclareceu nada. - seus olhos arregalados ainda denunciavam seu espanto.

- Querida, quem eu sou, não importa agora. - começou ela, sua voz parecia melodia. - Eu vim lhe dizer que corres perigo, você precisa encontrar a luz.

- Do que você está falando? E o que é você? - as palavras da aparição triplicaram seu medo e estranheza perante a situação.

- Estou falando que você precisa acordar, minha filha. - seus olhos brilhavam tanto quanto o sorriso amoroso, ela fez menção de tocar seu rosto mas recuou. - Precisa lutar.

- Eu não consigo. Olhe para mim. Sou fraca demais para lutar contra isso. - Então, como se sempre esperasse por aquele momento, desabou no choro, chorou tudo o que estava reprimindo a meses.

- Essa sua fragilidade é só por fora, porque por dentro, você é bem mais forte do que qualquer um poderia imaginar.

Anne estava de cabeça baixa e assentiu em silêncio, sentiu uma brisa jogar seus cabelos para trás e um clarão iluminar o quarto, quando ergueu os olhos, percebeu que estava sozinha.
 Lágrimas quentes escorriam ainda mais por seu rosto e seu peito doía, não sabia o que fazer. Tentou conter o choro com as mãos trêmulas.

- Com quem você estava falando? - perguntou Charles, fazendo ela ter que engolir o choro antes de encara-lo.

- Com ninguém. - ela sorriu para ele, mesmo triste, seu sorriso continuava lindo.

- Você está mentindo para mim, irmãzinha? - ele não havia acreditado nela e seus olhos estrategicamente tristes, fizeram Anne sentir culpa. - Pensei que confiasse em mim... Que não guardássemos segredos.

- Tudo bem, eu estou mentindo. - Concordou, sua voz era fraca, tremida, como se a única coisa que fosse lhe manter a salvo, era contar a verdade para Charles, como se dependesse dele e da segurança que ele lhe passava, pois fora o único a lhe contar a verdade, era leal demais para fazer o contrário e lhe contar uma mentira, por mais certo que parecesse omitir aquela visita fantasmagórica. - Eu vi alguém, algo... Ela disse que se chamava Candice.

- Sua mãe. - ele anuiu e disse para ela, Anne esperou que ele falasse algo a mais, que demonstrasse qualquer tipo de reação diante daquela aparição, que ele lhe dissesse se era algo ruim, ou bom. Alguém bom ou ruim. Mas tudo o que ele fez foi lhe contar o que ela já suspeitava.

Charles saiu do quarto e Anne não teve certeza se era uma boa ideia segui-lo e quando o ouviu gritar por Leon em um tom nada cordial, a bela ruiva teve certeza de que seria melhor permanecer em seu quarto.

- Você tem que ir até o Reino Encantado! - depois do grito para chamar o garoto, do lado de fora, a voz de seu irmão não era mais do que um sussurro tão baixo que ela nem conseguiu ouvir.

- Por que? - sem se negar ao serviço, ele só queria saber o que tinha de fazer, se juntando ao filho da Fada negra, em um segundo.

- Você tem que matar a rainha. - respondeu e percebeu a expressão do menino a sua frente mudar drasticamente.

- Certo. - ele engoliu em seco e não perguntou porque, sabia muito bem que por ser filho de um elfo, era um dos únicos que tinha passe livre pra entrar pelos portões sem que eles fossem abertos. Mas Charles também tinha, por que não ia ele?

- Não se esqueça nem por um segundo que esse povo tirou tudo de você e nós te acolhemos. - o outro segurou seu ombro com força enquanto falava, podia até apreciar a lealdade do outro, mas viu hesitação quando o mesmo concordou.

- Eu vou mata-la. - seu tom era frio.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt