capítulo quatorze

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  Depois de um bom tempo tentando  convencer seu irmão, Anne conseguiu faze-lo ir buscar Zoe na casa de Daniel. Aparentemente a menina havia posado na casa do namorado e o mesmo havia saído pela manhã com os amigos, se esquecendo completamente de levá-la para casa. Buzinando com fúria, Jason mantinha sua melhor expressão indignada, bravo por ter sido praticamente arrastado por sua irmã caçula até ali, mas mesmo que ele nunca admitisse em voz alta, a garota sabia que de forma alguma ele deixaria Zoe na mão.

  Toda a pose do garoto se esvaziou quando ele a viu ultrapassando a porta, usando roupas mais sensuais do que o seu habitual. Sendo uma garota fechada, ela optava sempre por moletons, calças jeans surradas e tudo de preferência em número maior e em tonalidades escuras. Mas ali naquele momento ela usava roupas que marcavam as curvas ocultas de seu corpo, exibiam um pouco mais seus seios e lhe deixava com uma postura de mulher ao invés da garotinha que ele havia acompanhado crescer.

  Algo dentro dele fervilhou e Jason suspirou, tentando não vê-la com segundas intenções, pois aquela era a pirralha, a menina que ele adorava irritar como se fosse sua própria irmã. Só que não era, Zoe era uma mulher muito atraente e saber daquilo lhe fez perceber como os outros caras deveriam olhar para ela na rua, o pensamento lhe fez apertar o dirige até os nós de seus dedos ficarem brancos.

  - Trouxe as roupas? -  A garota entrou no carro prendendo seus cabelos que estavam um caos em um coque.

  Anne abriu sua mochila e entregou para ela as vestes adaptadas para a aula, que havia levado para que a melhor amiga não fosse para a escola com roupas de festa. Sem nem ligar para o garoto a sua frente, Zoe começou a se despir no banco do carona enquanto o carro se colocava em movimento.

  Através do espelho retrovisor, a pele nua das costas de Zoe chamou muito a atenção de Jason. Ele suspirou, já virá muitos corpos  femininos em toda sua vida, mas nenhum era tão perfeito quanto o daquela garota, justo a garota a qual ele jamais poderia tocar. Cada detalhe, cada traço de sua pele era belo, e o pior era saber que ela não fazia a mínima ideia do efeito que causava. Ela não possuía noção do quão poderosa era. Sem conseguir se conter, ele continuou acompanhando os gestos dela, mordendo o lábio inferior mas infelizmente sua irmã caçula interrompeu o seu momento com um limpar de garganta. Ele revirou os olhos e voltou a fitar a estrada, que antes já fora uma paisagem linda, mas após a imagem do corpo escultural que ele virá, perderá todo o encanto.

   - Você sabe que Daniel foi um tremendo babaca, não sabe? - Anne só esperou elas descerem do carro para soltar o que estava engasgado em sua garganta. Era uma conversa pessoal, por tanto não queria que seu irmão a ouvisse.

- Não foi nada demais. - Zoe não queria parecer se importar, mas sua melhor amiga a conhecia bem demais para saber que dormir na casa do namorado pela primeira vez e acordar sem a presença do mesmo porque ele sairá com os amigos, havia lhe magoado muito.

  - Não acredito que você está aceitando as mancadas dele assim. - A ruiva estava realmente surpresa por tudo no que sua amiga estava se submetendo. - E você foi a mais uma festa ontem, não foi? Que roupas eram aquelas? Você nunca se vestiu daquela forma!

  - Ele não me obrigou a nada, Anne, eu me diverti. - Zoe sorriu para ela, mas aquele sorriso não alcançava seus olhos. Ela não estava feliz, estava fingindo para si mesma.

  - Certo. Conversamos sobre isso depois, com mais calma. - Ela não queria encerrar o assunto, mas sabia reconhecer quando alguém precisava de espaço e além disso, estavam prestes a adentrar em uma sala repleta de alunos. No fim das contas, ela era só uma garota em busca de felicidade. Era triste pensar que acreditava que sua felicidade estava em um cara que a fazia se diminuir para caber no mundo pequeno dele.

Pela primeira vez em anos de estudante, Anne não conseguia se concentrar na aula, não ouvia absolutamente nada do que o professor dizia. Pois depois de procurar de forma incansável, perceberá que Sebastian não estava ali e aquilo de certa forma estragou sua manhã, como se ela precisasse vê-lo para que seu dia estivesse completo. Fora isso, estava preocupada com sua ausência e toda aquela preocupação significava um problema enorme de uma possível paixão, um que Anne nunca quiserá ou tiverá que lidar.

  Mas o que Anne não sabia, é que os novos moradores de sua cidade tinham um motivo para terem faltado aula pela primeira vez desde suas matrículas, eles estavam a mais de uma hora em treinamento. Sebastian e Austin já estavam ofegantes, com seus corpos expostos sem a camiseta e suados.  Apesar de suas habilidades mágicas, eles lutavam com espadas e golpes de corpo a corpo. No meio do intenso treinamento, Sebastian cerrou seu punho e fracassou ao acertar a face do guardião, que sem dificuldade nenhuma desviou do ataque e o revidou na boca do estômago do bruxo, que gemeu com dor.

  - Meu deus, uma criança faria isso melhor do que vocês dois. - já entediada no banco do reserva, Cassie estava impaciente com sua vez para entrar em combate, seus amigos em potencial estavam piores do que nunca. Eles lutavam bem, mas se continuassem daquela forma, perderiam feio caso encontrassem Charles.

  - Sua vez. Eu acabei com ele. - Com sua face suada, Austin virou-se para ela, seus cabelos estavam caídos no rosto o que o deixava ainda mais charmoso. Seu sorriso debochado não tardou a se abrir quando ele acrescentou: - E agora eu acabarei com você.

  - Quer saber? Eu consigo acabar com vocês dois de uma única vez. - colocando suas mãos na cintura, Cassandra os desfiou com o olhar. As íris de Austin brilharam em resposta, ele sorriu.

  - Vamos lá, lourinha, essa eu quero ver. - Em um salto admirável de tão perfeito, Sebastian se ergueu do chão com um sorriso gigante.

  Apesar de não estarem em seus melhores estados de lutadores, aqueles dois eram realmente bons em um hing de luta ou em qualquer outra lugar que pudessem combater. Antes somente a hipótese de supera-los era realmente impossível, mas Cassandra havia colocado tudo em prática e estava quase tão boa quanto cada um dos dois, se não mais. Além de dominar a arquearia, ela agora era uma boa lutadora, na verdade uma das melhores do Reino Encantado, seu novo lar.

  Cassandra ergueu seu queixo e lançou a eles um olhar de desafio e vitória, antes mesmo de os ter mostrado do que ela era capaz. Com confiança tomou posse de uma espada igual a deles e com classe deu uma cambalhota que lhe tirou do chão e a fez pular por cima das cordas do hing, caiu em pé dentro dele.

  Os primeiros golpes partiram dos garotos e de uma forma incrivelmente habilidosa a menina conseguiu desviar dos dois, abaixando seu corpo na hora que Austin avançou a espada para frente, e pulou em seguida, assim que Sebastian tentou lhe derrubar com uma rasteira. Com uma de suas mãos ela agarrou o braço do louro, o torcendo e com a outra ergueu sua espada impedido o ataque surpresa do bruxo. Sendo daquela forma detidos, eles lhe encararam surpresos, ela sorriu de forma sedutora, seu charme também era uma arma.

   Não aceitando que as coisas terminassem daquele jeito, em sincronia os dois correram novamente na direção dela, prontos para vence-la a todo custo, mas não encontraram a vitória e sim saltos altos bonitos e elegantes que bateram contra seus peitos, os levado ao chão. Pois Cassandra dera um pulo e usará cada pé seu para ainda no alto, atingir ambos os seus rivais postiços. O resultado nada mais foi do que dois corpos masculinos caindo no chão ao mesmo tempo.

  Os dois estavam no chão mas fora de Austin que ela se aproximou, colocando a ponta fina sobre o peitoral dele e sorrindo com ousadia. Olhando para ela daquele ângulo, o guardião quase se engasgou, ela era a mulher mais atraente que seus olhos já virá. Sexi, elegante, bonita, determinada, forte e ainda por cima, maluquinha. Uma baita mulher poderosa. Antes a julgará superficial, mas naquele momento, em silêncio a admirava.

  - Coitadinho, deve ser frustrante ter o ego ferido. - atrevida ela fez biquinho, ele poderia ter ficado irritado mas sua única vontade era beija-la com intensidade e acabar rapidinho com aquela marra. E se sentia um bobo por ser sentir daquela forma, como um cachorrinho com o rabinho entre as pernas.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoWhere stories live. Discover now