Capítulo nove

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  Depois de não ter dormido a noite inteira, Anne Smith estava um caco, andando pela escola como se fosse um zumbi, só podia culpar os irmãos misteriosos por aquele acontecimento raro. Ela refletiu sobre tudo o que viu, ouviu e sentiu nos últimos dias e chegou a uma única conclusão: não queria saber de absolutamente nada o que tudo aquilo significava, não importava. Ela iria seguir sua vida normalmente, como se nada tivesse acontecido, como se não houvesse suspeitas de que ela, não era o que pensava ser e que havia muito mais sobre si mesma a ser descoberto. Porém ao invés de ir a fundo, queria apenas continuar sua rotina, como uma boa aluna, entre outras coisas que era. Isso tudo, escondia o fato de que estava morrendo de medo. Outra de suas decisões era que se manteria o mais longe de Sebastian e Austin quanto possível, não queria nenhum contato com aqueles irmãos esquisitos.

  - Você está péssima! - Zoe gargalhou ao lhe ver, não antes de parar no meio do corredor, avalia-la de cima abaixo com uma careta e arquear uma de suas sobrancelhas, surpresa pelo estado no qual raramente a encontrava. Anne estava sempre tão impecável quanto sua personagem na sociedade exigia.

  - Cale a boca. - pediu brincalhona, revirando seus olhos e jogando seus cabelos alaranjados para trás, tentando resgatar com esse gesto, sua postura e dignidade. - Tive uma noite péssima!

   Anne congelou no lugar, ao ver Sebastian remexendo em seus armários, ele estava de costas e não a viu mas ainda assim ela se sentiu vulnerável com sua presença. Ele estava completamente lindo, se odiou por reparar. E ficou cravada no chão, sem saber como agir, depois do que acontecerá no último dia em que estivera com ele. Mal conhecia aquele garoto e ele já estava bagunçando seu mundo tão organizado, por completo.

  - Andou pensando muito em alguém? Acho que por isso dormiu mal...- parada ao seu lado, Zoe revisou seus olhos entre a melhor amiga e Sebastian, com um sorriso sugestivo nós lábios.

  - Claro que não. - disse firme, tentando ignorar suas próprias dúvidas a respeito de sua resposta. Não podia negar a si mesma que desde o dia que ele entrará naquela escola, estiverá intrigada e interessada. - Eu tenho que sair daqui.

  Sabendo que teria que fazer o possível para se manter longe deles, pro bem de sua sanidade mental, Anne se apressou em correr, havia herdado de seu pai a lerdeza, graças a isso, saiu um pouco, tipo muito, atrapalhada. Sendo seguida por Zoe que também não teve muito sucesso em desviar dos colegas de escola, que vinham a sua contramão. Olhando para o lugar anterior aonde elas estavam, Sebastian alargou seus lábios em um sorriso, ele sabia que ela estava ali e a viu fugindo toda atrapalhada, o que a deixava ainda mais fofa, diante de seu ponto de vista.

  - Olhe por onde anda, estranha! - Zoe havia esbarrado em Virgínia, a típica garota popular. Mas foi um mero acidente, já que a mesma não sabia nem que caminho estava seguindo, enquanto apenas ia ao encalço de sua melhor amiga.

  - Olhe você por onde anda. - revidou, sempre pronta para o conflito, com sua língua afiada.

  - Bem, se fui eu que esbarrei em você, peço desculpas. Mas não tenho culpa que você é invisível. Quer dizer, quem nota uma garota tão esquisitona e desinteressante? - Naturalmente má, Virgínia revidou, logo em seguida, tocou na ferida de Zoe. - Oh, não. - ela levou as mãos aos lábios de forma teatral. - Eu não deveria estar sendo tão má com você, vai que tenha herdado os traços agressivos de seu pai. Você já se veste como uma problemática, imagine só, pode acabar me agredindo como ele fazia contigo e sua mãe. Afinal, alguns de nós realmente se tornam aquilo que nos feriu.

  Os olhos de Zoe se encheram de lágrimas, com um dar de ombros ela empurrou Virgínia e abandonou o corredor correndo, alguns riram, mas a grande maioria não achou graça em zoar tão cruelmente algo que realmente afetava uma colega. Não era o ensino médio que era ruim, algumas pessoas é que o tornavam péssimo.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoWhere stories live. Discover now