Charles e Keren finalmente solidificam o sentimento intenso e avassalador existente entre eles, então embarcam em viagens conhecendo um pouco do mundo. Não desistem e lutam ao máximo pela vida de Charles, que começa a fazer o tratamento médico com a...
A noite já havia caído e eu ainda estava no quarto terminando de comer um pouco de sopa que Cida havia preparo para mim, eu comia mesmo sentindo meu estômago se revivar as vezes mas não podia ficar com fome. Eu ainda estava muito abalada com a notícia da gravidez e sem saber ao certo o que fazer agora, não sei se quero ou não quero ter esse filho. Então meus pensamentos são interrompidos assim que ouço batidas na porta e Cida aparece.
- Sua amiga está aqui, senhora. (Diz Cida e da espaço para Lucy entrar junto com Lurdes em meu quarto). - Tia Keren, que saudades! (Grita a pequena ruivinha e eu tenho tempo apenas para colocar a bandeja com o prato sujo para o lateral enquanto a mesma se joga sobre mim). - Oi, pequena. Estava com saudades também. (Digo e ela me abraça mais forte). - Lurdes cuidado, Keren está indisposta não aperte tanto ela. (Avisou Lucy a filha que no mesmo momento afroxou o abraço). - Vim assim que vi tua mensagem, tinha ido buscar Lurdes no colégio após sair da empresa.
Ela explica enquanto coloca sua bolsa sobre a poltrona de meu quarto e Cida anda para pegar a bandeja suja sobre minha cama.
- Cida, leve Lurdes a cozinha e dê um lanche a ela por favor. (Eu digo e ela assenti). - Onde está Charles? - Na sala de TV, senhora. (Cida explica e eu assinto). - Tem torta de morando, Cida? (Diz Lurdes descendo de minha cama). - Tem sim, pequena ruivinha. Vou fazer um chocolate quente para você também. (Cida diz enquanto elas andam até a porta).
E minha boca salivou só em ouvir em chocolate.
- Traga uma xícara para mim mais tarde, uma não, duas xícaras de chocolate com chantiler e... (Minha boca saliva mais). - E gotas de limão. (Explico). - Tá bom. (Diz Cida juntando as sombracelhas estranhando mas logo sai).
Sei lá, me deu uma vontade tão grande de comer chocolate com chantiler e limão, que minha boca parece um rio de tanta salivava só de imaginar em comer. Droga, deve ser os famosos desejos de grávida.
- Que gosto mais estranho. (Minha amiga ruiva comenta sentando a minha frente na cama). - Você tava certa. (Eu sorrio desanimada e Lucy junta as sombracelhas confusa). - Espera aí, tá falando da suspeita que eu falei para Charles? (Minha amiga pergunta ainda confusa e eu concordo com a cabeça).
E Lucy abre um enorme sorrio colocando as mãos na boca.
- Ai meu Deus, Keren você tá grávida. Meu Deus, parabéns. (Minha amiga diz eufórica mas eu não sorrio). - Espera ai, você não parece tão animada com essa notícia. O que houve, amiga? (Ela perguntou preocupada).
Sei que Lucy e eu tivemos nossas diferenças quando éramos strippers no Paradise, quando ela era Vermelha e eu Pink mas tudo não passava de disputa de território por clientes, era a lei da sobrevivência que regia ali. Tínhamos que roubar mesmo os clientes umas das outras para ganharmos mais dinheiro para sobreviver, tudo não passava de concorrência. Então agora que ambas estamos seguindo nossos caminhos dignos e eu lhe ajudei a sair do Paradise lhe arrumando um emprego na empresa de Charles, as desavenças se foram e hoje estamos muito próximas. Amigas mesmo. E eu sei que, nesse momento, só ela pode me ajudar. E assim que Lucy pergunta eu não aguento e começo a chorar novamente.
- Oh meu bem, vem cá. (Diz Lucy me puxando para um abraço acariciando minhas costas). - Você e Charles brigaram foi?
E eu levantei o rosto assentindo e ela me olhou confusa.
- Ele não quer ter o filho? - É eu que não sei se quero ter essa criança. (Respondo cabisbaixo e Lucy abre a boca meio assustada).
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- Por que, Keren? (Ela perguntou com cuidado). - Porque a minha vida e a de Charles está uma verdadeira bagunça com essa doença dele e com a contagem regressiva contra nós, não sei se uma criança ia ser algo bom para nós agora. (Explico). - Uma criança é algo sempre bom, Keren. Não estou te dizendo para ter ou não esse filho, Lurdes também foi uma gravidez não planejada e logo depois o pai dela nos abandonou. (Lucy argumentou). - Mas um filho agora vai tomar muito nosso tempo, era para ser só Charles e eu. E quando Charles se for e eu ter que olhar todo dia para aquele ser humaninho e ter que lembrar de Charles? (Lucy soltou uma pequena risada). - Você está olhando tudo pelo nado negativo, Keren. Pensa no quão essa criança vai trazer alegria para essa casa, as viagens que vocês faram juntos e a cada memória que isso gerará. Pensa no quanto Charles vai ficar feliz em poder talvez recuperar o tempo como pai que ele não teve com Taddy, nos erros que pode corrigir com essa nova criança. (Lucy argumentou e eu engoli seco). - Pensa nessa sementinha que está ai crescendo aí dentro de ti, que toda vez que tu olhar para ela irá ver a junção inquebrável de Charles e tu. O laço que ninguém jamais apagará, irá olhar para ele ou ela e ver Charles vivo ali. E não lembrar de sua morte. (Ela completa).
E eu fico em silêncio refletindo um pouco, levando minhas mãos ao pé de minha barriga. Sei que não posso sentir nada mas, pensando bem, Lucy estava... certa. Esse filho vai tomar nosso tempo, não seremos mais só Charles e eu. Porém, esse filho é a comprovação de nosso amor, o resultado de duas almas que se amam como loucos.
- Acho que... que você tá certa... (Eu digo meio receosa e Lucy segura minha mão). - Eu fui parar no Paradise para dar o que comer para Lurdes, você será uma mãe perfeita. Poderá dar tudo que seu filho ou filha precisa para ser feliz. (Lucy diz sorrindo). - Tu também é a mãe mais dedicada que eu já conheci. (Sorrio e lhe puxo para um abraço).
Essa história de ser mãe é algo que ainda me assusta, eu não sei bem o que é ser... mãe. [...]
{POV. Charles}
Eu assistia um filme qualquer que passava na TV mas eu pouco ligava para o mesmo, minha cabeça rodava e rodava só pensando no que querem havia dito. Que por causa da falta de tempo causada pela minha doença, talvez não poderíamos ter esse filho. Malditos 14 à 17 anos, maldita seja essa doença genética miserável. Eu não posso obriga-lá a ter esse filho, ainda mais depois de tudo que passamos. Eu já perdi tantas coisas que não poderia me dar ao luxo de perder Keren também, tenho certeza que sem ela eu prefiro a morte. Ouço a porta da sala de vídeo abrir e viro meu rosto vendo a mesma aparecer, eu estava deitado no sofá então logo me sento.
- Atrapalho? (Ela pergunta meio receosa e eu apenas digo que não com a cabeça). - Queria conversar sobre... nosso filho.
