Capítulo 64

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{POV. Charles}

Já se passaram mais de duas horas que estou na porra de recepção desse hospital, já andei de um lado para o outro, bebi uns três calmantes, me sentei, levantei de novo e nada de ninguém trazer alguma notícia de Keren ou Endley. Ela foi encontrada dentro da casa abandonada ferida, a ambulância a trouxe para cá com a esperança de ter tempo de realizar algo e eu torço para que eles consigam, tanto com Keren quanto com Endley.
Keren levou um tiro na barriga e chegou desacordada ainda sangrando muito, isso só me deixa ainda mais preocupado. Temo muito por meu coração mas eu tenho que aguentar, ser firme, Keren está em algum lugar desse hospital cantando comigo.

- Charles!

Ouço Josy me chamar e me levanto da cadeira assim que vejo ela entrar na recepção com Lucy, Maya, Bler e meu médico atrás delas. Assim que cheguei ao hospital, liguei para eles contando tudo e eles insistiram em vir.

- Onde está elas? Endley, como ela está? (Ela perguntou desesperada a minha frente).
- Ainda não sei, as duas entraram feridas para o atendimento e ninguém voltou para me dizer nada ainda.

Expliquei sentindo meu coração um pouco apertado ao mentir a ela, Keren me disse horas atrás que Blue havia matado Endley. Mas eu não queria dar essa certeza incoerente ainda para Josy, talvez os médicos estivessem fazendo alguma coisa para salva-lá.

- Mas e você, Charles? Como está o coração? (Perguntou meu médico preocupado).
- Estou bem, tomei alguns remédios que pedi a uma enfermeira, eu expliquei minha doença e ela me deu. (Expliquei).
- Sendo assim, eu vou entrar e vê se consigo alguma informação, como médico eles vão me deixar passar. (O homem seguriu).
- Muito obrigado, doutor.

Falei agradecido e ele apenas assentiu saindo pelos corredores do hospital.

- Mas e os bandidos, o que houve com eles? Com a tal de Blue? (Perguntou Bler preocupado).

Josy havia explicado que o mesmo não tinha estado em nossa casa pois não queria parecer inconveniente, mas que estava muito preocupado e aflito pelo sequestro de Endley e Keren. E realmente, em minha casa, eu via Josy quase toda hora atender alguma telefonema dela.

- Foram todos mortos. (Respondi rápido). - Após Blue atirar em Keren e ela cair no chão, os policiais abriram fogo contra eles. Há essa hora devem está no necrotério da cidade. (Completei).
- Meu Jesus Cristo. (Murmurrou Maya assustada).
- Estou muito preocupada com Endley, ela está baleada também. (Falou Josy aflita).
- Temos que ter calma agora. (Falei puxando ela para um abraço e a mesma assentiu).

Ficamos alguns minutos ali em pé conversando baixinho um pouco mais até que meu médico voltou, e sua feição era totalmente neutra sem nenhuma evidência se algo havia dado certo ou errado.

- Então doutor, como está Keren e nosso filho? (Perguntei rápido).
- E Endley. (Josy completou também aflita).

- Tenho notícias boas mas notícias ruins também. (Disse o homem).
- O que o senhor quer dizer com isso? (Josy falou com a voz falhando um pouco).
- Eu falei com os médicos que atenderam Endley e Keren. (Ele suspirou e aquele suspense todo estava me deixando mais angustiado ainda). - Os médicos fizeram de tudo, a bala na barriga de Endley atingiu veias e órgãos importantes como pulmão, ruins e intestino. Ela já... Ela já chegou aqui sem vida.

Então Keren estava certa, aí merda!

- Não, o... o senhor tá brincando né? Pelo amor de Deus me diz que isso é piada?! (Gritou Josy entrando em desespero).
- Calma, amiga. (Disse Lucy tentando segurar Josy mas ela se moveu de seus braços).
- Não! Isso não pode ser verdade! Endley... Endley está vida... Ela tem que está viva... (Josy chorou e seus joelhos falharam lhe levando ao chão).
- Calma, Josy.

Disse Maya ficando ao lado da mesma no chão juntamente com Lucy.

- Isso não pode ser verdade...

Murmurrou Bler levando as mãos as raízes do cabelo e se jogou sentando em uma das cadeiras com o rosto entre as mãos.

- Ela não pode ter morrido! Não! Não! Não! Como eu vou viver ela... (Chorou Josy ao chão e eu me ajoelhei a sua frente lhe puxando para um abraço apertado).
- Eu sinto muito.

Foi a única coisa que eu consegui dizer enquanto sentia ela derramar mais e mais lágrimas sobre meus ombros.

- E Keren, doutor? O que houve com ela?

Perguntou Lucy preocupada, eu deixei Josy com cuidado entre elas me levantando para ficar a frente do doutor e Bler levantou o rosto vermelho por causa do choro para ouvir atentamente o que o doutor iria falar. E meu tentei ao máximo controlar meus batimentos cardíacos, não podia ter acontecido algo com Keren. Tenho que me apegar a aquela certeza.

- Keren está bem, medicada e dormindo no quarto. Mas está bem. (O médico disso e eu soltei um suspiro pesado).
- Graças a Deus. (Murmurrou Josy ainda com a voz embargada).
- E o bebê doutor? Está bem? (Perguntei ainda aflito e o homem a minha frente respirou fundo).
- Essa é a outra notícia ruim.
- O que o senhor quer dizer com isso? (Perguntei quase em desespero e Bler se levantou andando para um pouco atrás de mim).
- Keren teve que passar por uma cirurgia cesariana, a bala atingiu em cheio a placenta onde estava o feto e começou a uma hemorragia interna muito forte que os médicos não conseguiram restaurar. O feto ainda estava no 6° mês, frágil e sem órgãos completamente feitos. (Eu lhe interrompi).
- O senhor... o senhor tá querendo dizer que... (Eu falei com minha garganta travando pela dor).
- Os médicos tentaram de tudo mas se deixassem o bebê na barriga de Keren, poderia colocar a vida dela em risco. E ele ainda estava muito novo para sobreviver a incubadora.

O médico explicou mas eu ainda não parecia acreditar, então ele disse a frase que pela segunda vez na minha vida me disseram e que continua tendo a pior das dores:

- O filho de vocês não resistiu, seu filho morreu, Charles. (O médico disse e eu abri minha boca com lágrimas descendo mas sem conseguir emitir nenhum som). - Já era possível ver o sexo e os médicos viram que se tratava de um menino.
- Poter.

Foi a única coisa que eu conseguir pronunciar baixinho antes de meus joelhos cederem também me levantando ao chão enquanto lágrimas e mais lágrimas caiam de meus olhos. E eu senti uma dor muito forte em meu peito, meu coração acelerou muito e eu comecei a sentir falta de ar.

- Ele tá passando mau!! (Disse Bler ficando ao meu lado).
- É o coração dele, preciso levá-ló para uma sala agora. Ele precisa de doses e injeções de calmante e do remédio dele, ou coração dele pode parar!! (Explicou o médico).
- Eu ajudo.

Disse Bler tentando me levantar junto com meu médico mas eu pouco conseguia me mover, meus batimentos acelerados me impediam até de andar e eu também não conseguia mais pensar em nada a não ser naquela dor que eu sentia. Não a dor fisica mas a dor da perda.
Taddy. Elisa. Poter. Keren.
Os nomes ecoavam em minha cabeça, Poter era o nome que Keren e eu escolhemos para colocar em nosso filho caso fosse um menino, uma homenagem ao meu pai. E ele se foi sem nem ao menos eu o conhecer. Mais um filho que se vai por entre meus dedos, mais um ser vivo que morre em minha vida. Tanta dor que meu corpo não parece não aguentar.
Como eu vou contar isso a Keren? Como dizer a ela que nosso pequeno Poter não resistiu? O filho que teve receio em aceitar mas depois não via a hora de tê-ló, mas acabou que nem o conseguiu pegar nos braços.
[...]

Continua...

My Love (Meu Amor) - 2° Temporada de My Lord (Meu Senhor)Where stories live. Discover now