09

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— Você não tem como provar — sorri cinicamente.

— Você está ficando maluca? Estava disposta a mandar essas crianças para um abrigo porque estavam atrapalhando seu namoro? Tem noção do que podia ter acontecido?

— Você é quem não tem noção de nada! Essas pestes estão estragando a minha vida e Christopher quer se ver livres dele também, já está arrependido de ter assumido a guarda desses pirralhos. Se você não tivesse se metido, eu já teria me livrado de todos eles.

— Como é que é?

Pulo assustada ao ouvir a voz de Christopher atrás dela. Estava me concentrando tanto para não pular no pescoço dessa mulher, que não percebi que ele voltou e estava tão próximo.

— Você me denunciou ao conselho tutelar? Você quase tirou os meus irmãos de mim? — grita, puxando-a com força pelo braço.

— U-Ucker?

Parte de mim, quer pegar um balde de pipoca e ver essa briga de camarote. Ainda não esqueci que ela agrediu Luna e Alexandre e nem da manipulação que fez. Mas minha razão fala mais alto, não posso deixar Christopher fazer algo que possa prejudicá-lo.

— Christopher, solte-a!

— Eu não vou soltá-la até me contar essa história direito. Quase pedir meus irmãos por sua causa, sua vagabunda!

Ele nem mesmo me olha. O olhar está fixo em Natália, que está realmente assustada com a reação dele, mas não é para menos. Eu entendo perfeitamente o que ele sente e minha vontade é fazer coisa pior do que gritar com ela.

— Christopher, solte ela agora! — grito, empurrando-o para o lado e ele nem mesmo se mexe, então me enfio entre os dois, empurrando-o pelo peito — Christopher, confia em mim, você precisa soltá-la.

Quando me olha, posso ver a briga interna que ele trava entre me ouvir e seguir seus instintos. Suavizo o toque das minhas mãos em seu peito, deslizando-as até seu pescoço, forçando-o a manter os olhos fixos em mim.

— É hora de você confiar em mim, por favor — ele suspira pesadamente quando solta o braço dela e eu o empurro em direção ao apartamento — Vá embora, Natalia! Ou sou eu quem não vai te soltar — ameaço olhando-a por cima do ombro.

Lucas entra, fechando a porta atrás da gente e Christopher segue furioso para seu quarto. Sei que ele precisa conversar, mas preciso arrumar as crianças agora.

— Lucas, o que você está sentindo? — pergunto preocupada ao lembrar do motivo de Christopher tê-lo buscado.

— Dor de cabeça e, segundo a enfermeira da escola, estou com um pouco de febre — encosto a mão em sua testa e vejo que está um pouco febril.

— Vá almoçar e tomar um banho, vou separar um remédio para você tomar, está bem?

— Estou bem o suficiente para olhar as crianças enquanto conversa com ele.

— Tem certeza? — Lucas concorda e sigo atrás de Christopher sem hesitar — Posso entrar? — pergunto, enfiado a cabeça pela brecha da porta. Ele está sentado no meio da cama como uma expressão irritada e assente sem me olhar — Você está bem?

— Não estou acreditando que ela me denunciou. Como pude me enganar tanto com uma pessoa? Ela disse que aquela situação com meus irmãos, foi algo a parte, estava estressada e não sabia lidar com eles e eu entendi, porque muitas vezes também não sei lidar. Disse que nunca teve a intenção de machucá-los de verdade, mas isso...

— Chris, a culpa não é sua. Você não imaginou que ela fosse capaz disso e se enganou, acontece... Todos nós nos enganamos em algum momento, certo? — acaricio seu ombro, querendo demonstrar força a ele.

O vizinho de cimaWhere stories live. Discover now