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Acordo cedo no domingo para limpar o apartamento e tentar trabalhar antes de levar as crianças para o cinema. Assim que ligo o aspirador de pó, Pantera sobe em meu guarda-roupa. Não sei como ele conseguiu fazer essa proeza, já que não tem nada na lateral e ele não costuma entrar em meu quarto, mas prefiro que fique ali do quê passando de um cômodo para o outro enquanto eu limpo tudo.

O problema é que mesmo depois que termino a faxina e coloco sua comida, ele não desce. Tento chamar, mas o gato simplesmente me ignora, permanecendo encolhido. Com medo que não esteja conseguindo descer e sem coragem de subir em uma escada para tentar pegá-lo, resolvo subir e recorrer ao meu vizinho.

— Pensei que o cinema fosse mais tarde — Christopher diz assim que abriu a porta

— Preciso de ajuda lá embaixo. Pantera está preso em cima do meu guarda-roupa e eu... Não tenho coragem de pegá-lo

— Certo, vamos lá!

Christopher pede que Lucas para cuide dos irmãos menores e me acompanha até meu apartamento, dizendo que tudo ficaria bem. Acredito que notou o quanto estou preocupada. Não vou me perdoar se algo acontecer a esse gato.

Pego a escada na área de serviço e seguimos para o meu quarto, onde Pantera permanece no mesmo lugar.

— Você tem certeza de que ele não consegue descer?

— Ele está mais estranho que o normal hoje. Nunca entra no meu quarto e está lá em cima a mais de quatro horas. Acho que se pudesse descer, já teria descido.

— Certo. Vamos resgatá-lo então.

Christopher abre a escada de alumínio, posicionando-a de frente para o guarda-roupa e sobe. Com uma calma que eu não tenho, ele estica os braços em direção a Pantera, acariciando sua cabeça antes de tentar pegá-lo. Ao contrário do que eu imaginei, o gato simplesmente salta de cima do guarda-roupa, passando por cima do ombro de Christopher, que ao tentar segurá-lo se desequilibra da escada e cai.

Fecho os olhos com força ao ouvi-lo gemer alto quando bate a lateral do corpo em minha cama e escorrega ao chão.

— Você está bem? — pergunto preocupada.

— Você já pensou em trocar essa cama de ferro por uma box? — resmunga apertando a lateral do corpo.

— Está doendo muito? — me ajoelho ao seu lado e observo o local que está vermelho — Droga! Será que é melhor irmos ao hospital?

— Não precisa. Está doendo, mas não quebrou nada.

Pantera pula da minha cama, onde caiu em pé, e sai do quarto com o rabo para cima, como se não fosse o culpado pela confusão.

— Acho que ele consegue descer, no final das contas — digo, envergonhada.

— Eu percebi — Christopher faz uma careta de dor e apoia a cabeça na cama. Vê-lo desse jeito me deixa realmente preocupada.

Minha cama é de ferro e não sei se a força da batida foi o suficiente para fraturar uma costela, mas foi para machucar, com certeza. Toco o local com cuidado, sentindo sua pele quente e começo a pressionar meus dedos ali. Christopher geme e meu corpo se arrepia. O que está acontecendo comigo? Ele está machucado, sentindo dor e eu estou me arrepiando de desejo? Só posso ser doente.

— Por que está fazendo isso? — resmunga tentando tirar minha mão.

— Para ter certeza de que não fraturou nada.

— Não estaria aguentando de dor se tivesse fraturado, Dul. Acredite, me lembro perfeitamente da dor.

— Você já quebrou a costela? — ele assente — Quando? Como?

O vizinho de cimaOnde histórias criam vida. Descubra agora