EPÍLOGO

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Deito na cama puxando a coberta sobre mim e agarrando-me ao travesseiro. Eu preciso de algumas horinhas de sono e quero muito que os trigêmeos sosseguem pelas próximas quatro horas, pelo menos. Sinto o colchão afundar atrás de mim e ouço o suspiro cansado de Christopher. Minha vontade é me virar em sua direção e me aninhar em seu corpo. Eu preciso de aconchego, me sinto exausta e carente, mas eu ainda estou irritada com a briga que tivemos no dia anterior.

— Até quando você vai ficar irritada comigo?

— Você perguntou se podia me ordenhar, Christopher! — respondo irritada.

— Eu só quis...

— Como se eu fosse uma vaca-leiteira — completo, ignorando o que ele pretendia dizer.

— Você estava chorando de dor e não estava conseguindo tirar o leite, eu não sabia o que fazer, Dulce!

— E queria me ordenhar?

— Eu só... — suspira pesadamente e sinto seu corpo virar em direção ao meu — Isso tudo é novidade para mim, vi minha mulher chorando porque estava com muito leite e a bomba estava te causando dor e não sabia o que fazer... Às vezes me sinto completamente perdido.

— Também me sinto assim, nunca precisei cuidar de três bebês ao mesmo tempo, Chris. Os últimos cinco meses estão sendo exaustivos demais — respondo vencida e sinto seu corpo colando no meu, um braço envolve minha cintura e me recosto contra ele — Desculpa ter mandando você ordenhar seu pau, os hormônios ainda estão um pouco altos.

— Isso até que foi engraçado, vou escrever um post sobre isso — que ótimo, vou virar motivo de piada na internet. O que eu não faço por esse homem? — Como eles estão? — sua mão acaricia meus seios levemente e suspiro.

— Doloridos. Seus filhos me olham e veem uma vaca-leiteira, igualzinho a você

— Dulce! — repreende me fazendo rir. Talvez eu tenha exagerado um pouco nessa briga, o bom é que eu ainda posso colocar a culpa nos hormônios.

Sua mão desce por meu corpo em uma carícia lenta e pousa em minha barriga. Mesmo após cinco meses, ela ainda está inchada e flácida, e eu provavelmente vou demorar um bom tempo para recuperar meu corpo. Bem diferente do que aconteceu na minha gravidez de Fernando, mas não posso nem comparar, foram três bebês dessa vez.

— Ainda está um pouco inchada — resmungo sentindo-o me tocar por baixo da camisola.

— O que você esperava? Você gerou três serzinhos aqui dentro, não sairia ilesa. E não é algo que você precise se preocupar, ainda é linda e gostosa — diz, distribuindo alguns beijos entre meu pescoço e ombro.

— Então porque não me toca como antes? Faz tanto tempo...

— Esse é o problema de morar em uma casa cheia de crianças, meu amor. Sempre que estamos sozinhos tem alguém brigando pelo banheiro, controle da televisão, bebê chorando, gato miando.

Não posso culpá-lo pela nossa falta de tempo para nós dois. Apesar do privilégio de poder trabalhar em casa, mesmo quando os mais velhos estão fora de casa, ainda temos os trigêmeos para tomar contar e eles costumam drenar toda nossa energia.

Eu amo ser mãe, tanto que a gravidez do Fernando foi planejada muito cedo, mas não sou do tipo de mulher que romantiza demais esse momento. Eu fico louca as vezes, é muito cansativo ter uma casa tão cheia de crianças e adolescentes. Às vezes sinto vontade de sumir por algumas horas, só para poder respirar fundo. Amo meus filhos, não os trocaria por nada, mas estou exausta e sei que Christopher também está.

O vizinho de cimaOnde histórias criam vida. Descubra agora