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— Luna, vai indo com seu irmão na frente, por favor.

Eu digo assim que Christopher estaciona o carro em frente à casa de Anahí e seguro seu braço para impedi-lo de sair. Espero que as crianças saiam do carro e fico observando-as até que Alfonso abre a porta, ele olha em direção ao carro, depois acena e deixa a porta encostada. Gael está resmungando um pouco na cadeirinha e vejo Christopher se inclinar entre os bancos para soltá-lo e trazê-lo para frente.

— Vamos conversar, porque não quero voltar ao que passamos antes — peço quando senta-se com Gael em seu colo.

— Não sei bem o que falar nessa situação — dá de ombros.

— Tudo bem, então apenas me escute — ele me olha — Me desculpe pelo que minha mãe disse, você não tem ideia do quanto estou irritada com essa situação.

— Não precisa se desculpar, é a opinião dela e não a sua. Sei que não pensa desse jeito ou não estaríamos juntos, mas sabe que ela tem razão, não é?

— Christopher! Ela não tem razão em nada do que disse.

— Tem sim — suspira — Talvez eu nunca seja capaz de te dar uma vida igual a que tinha com Paco.

Bufo irritada, soltando meu cinto. Viro meu corpo em sua direção e seguro seu rosto, obrigando-o a me olhar nos olhos.

— Ninguém nunca vai ser capaz de me dar uma vida igual a que eu tinha, porque meu filho nunca vai voltar para mim, Christopher.

— Estou falando financeiramente — rolo os olhos.

— Por favor, você me conhece bem o suficiente para saber que não me importo com isso e não preciso de ninguém para me sustentar, levei muito tempo para chegar onde cheguei e fazer isso sozinha — acaricio seu rosto lentamente — O que adianta uma família rica? Você cresceu em uma e era uma criança solitária... Anahí cresceu em uma e quando mais precisou, todos viraram as costas. O que eu preciso é de alguém que me apoie em todos os momentos, coisa que você tem feito muito bem. Tem estado ao meu lado mesmo quando o mando embora, tem me ajudado a superar essa dor, me incentiva em meu trabalho... Não preciso de mais nada, meu bem.

Christopher sorri largamente e me aproximo o suficiente para beijá-lo carinhosamente. Somos interrompidos quando Gael se joga para meu colo e volto a me sentar direito, deixando-o em pé em minhas pernas.

— Você está certa, não é meu papel te sustentar e dinheiro não significa felicidade. Sei que você ama as crianças e se ainda está comigo, é porque não se importa com isso.

— O que nós temos é muito lindo, Chris — digo enquanto brinco com Gael — Toda vez que pensei que te perderia, me senti péssima. Não quero te perder e não pretendo deixar ninguém estragar isso. Minha mãe vai ter que aceitar em algum momento.

Nos olhamos sorrindo por um tempo antes de soltarmos do carro com Gael. Quando saí da casa de minha mãe com o bebê em um braço e nossas coisas em outro, ele não hesitou um segundo em chamar Luna e Alexandre para entrar no carro. Saímos de lá sem fazer nenhuma questão de nos despedir de alguém, sei que minha mãe foi a única a dizer aquilo, mas não quis voltar para conversar com minhas irmãs. A princípio, pensei em ir para casa e pedir comida em algum restaurante, se encontrássemos um aberto, mas ao mandar uma mensagem para Anahí, ela nos mandou ir para sua casa. Minha amiga está sempre me salvando nessas horas.

A noite é extremamente agradável, nem parece que aconteceu algo errado antes. Christopher e eu estamos leves depois da conversa que tivemos, as crianças estão se divertindo com os presentes que ganharam dos meus amigos e jantamos entre conversas animadas e gargalhadas. Gael e Alexandre já estão dormindo quando saímos de lá e vamos buscar Lucas na casa da namorada. Depois que colocamos as crianças na cama e temos certeza de que não vão acordar, Christopher e eu pegamos os presentes que estão escondidos em meu apartamento e deixamos embaixo da árvore, iluminada pelo pisca-pisca.

O vizinho de cimaWhere stories live. Discover now