O vizinho de cima

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— Você está louca? — pergunta desviando da almofada que jogo em sua direção assim que ele entra no quarto — Precisa se acalmar, isso não faz bem para nossos filhos.

— O que não faz bem para eles é ter um pai babaca igual a você — grito irritada.

— Amor, eu não tenho como controlar o que as pessoas comentam em minhas fotos.

— Tiraram print da porra do comentário daquela mulher e agora tem perfil de fofoca me marcando nessa merda!

— Será que você pode se acalmar, por favor? — pede paciente — Não precisa surtar por uma coisa tão pequena.

Rio histericamente ao ouvir suas palavras e jogo outra almofada com força.

— Surtar? Sou obrigada a ler calada esse tipo de coisa em suas fotos há quase seis anos e eu estou surtando?

— Dulce, se acalma, por favor — enterra o rosto entre as mãos — Não está vendo que vai acabar fazendo mal aos bebês? O que você acha que vai acontecer? Que vou trair você, pelo amor de Deus?

— Não seria a primeira vez, não é? — me arrependo assim que as palavras terminam de sair da minha boca e arregalo os olhos ao ver a surpresa estampada em seu rosto.

— Nossa!

— Christopher, não...

— Acho melhor você se acalmar, sabe que não pode ficar nervosa — diz friamente e trago a saliva ao vê-lo sair do quarto. Nem mesmo hesito em sair atrás dele.

— Christopher, espera...

— Agora não, Dulce! Vai descansar que vou sair.

Paro no topo da escada, o observo descer em passos largos e encolho os ombros ao ouvir a porta da frente bater com força. Meus olhos enchem de lágrimas na mesma hora, sinto alguns chutes fortes na barriga e arquejo de dor.

— Eu sei, meus filhos. Mamãe foi uma idiota com o papai — acaricio minha barriga de sete meses e trago a saliva. Eu nem deveria estar em pé, minha obstetra já me mandou repousar o máximo possível, por ser uma gravidez de risco.

— Mamãe? — ouço a voz de Gael atrás de mim e me viro para vê-lo parado na porta do seu quarto — Está tudo bem?

— Claro, meu filho — forço um sorriso — Eu tive um desejo de sorvete e seu pai foi comprar para mim — minto — Você não deveria estar na cama?

— Não consigo dormir — coça a nuca — Posso jogar um pouco?

— Nem pensar, mocinho. Amanhã você tem aula cedo e já são dez horas — me aproximo e passo a mão em seu cabelo — Quer que eu te conte uma história?

— Quero!

De mãos dadas, entramos em seu quarto decorado com o tema dos vingadores e o espero se deitar na cama para cobri-lo com a coberta e me sentar ao seu lado. Não é muito confortável ficar sentada sem apoio com esse tamanho de barriga, mas eu faço de tudo por Gael, não quero que ele se sinta menos amado que os trigêmeos de jeito nenhum.

— Que história quer ouvir?

— Você e o papai brigaram, não é? — o encaro por um momento e suspiro.

— Sim, mas você não precisa se preocupar com isso. Foi só uma briga boba, eu estou um pouco estressada e cansada, acabei descontando no papai.

— Quer que eu faça uma massagem para você relaxar? — arqueia a sobrancelha e sorrio largamente.

— Não precisa, meu amorzinho! Quero apenas que você durma, está bem? Você precisa ir à escola amanhã.