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Trago a saliva quando ouço a campainha tocar. Eu liberei a entrada da assistente social há poucos minutos e estou nervosa. Christopher teve uma reunião de última hora e eu quem tinha buscado as crianças na escola hoje e sei que isso pode não ser muito bom para a imagem dele.

— Boa noite! — forço um enorme sorriso sentindo a mulher me analisar de cima a baixo — Me chamo Dulce, é um prazer.

— Belinda — aperta minha mão sorrindo de uma forma profissional — O senhor Uckermann está? Sou a assistente social.

— Na verdade, não. Ele já deve estar chegando, entre por favor!

— É a namorada dele?

— Ah, não! — respondo rindo pelo nariz — Sou amiga e vizinha, fico com as crianças quando ele precisa de ajuda.

— Entendo! Pensei que ele chegasse do trabalho mais cedo e...

— Ele chega, mas hoje acabou se atrasando em uma reunião. Por favor, sente-se! Quer um café ou algo?

— Não, está tudo ótimo, só espero que o senhor Uckermann não demore.

Belinda senta-se à mesa de jantar e percebo seus olhos vagavam atentamente pelo apartamento, demorando bastante em Alexandre, que assiste um filme no sofá.

— Onde estão as outras crianças?

— O bebê está dormindo, voltou um pouco resfriado da creche. Luna está lendo no quarto do Christopher e Lucas está estudando. Não são tão quietos assim, mas está tendo uma gincana na escola dos menores e estão realmente chegando cansados em casa.

— Entendo! Tenho um sobrinho da idade dele em casa — aponta para Alexandre com o queixo e sorri docilmente — Amo quando acontece esses eventos escolares e ficam cansados.

— É, estou tentando não os deixar dormir por agora ou já viu... — rimos juntas

— Você é muito amiga do senhor Uckermann?

— Acredito que mais amiga das crianças. As adoro e Christopher... Levou um tempo para que se adaptasse a situação e a nova vida. Eu trabalho em casa, então sempre o ajudo quando precisa.

Precisei dar mais informação que o necessário, não quero que ela pense que Christopher deixa as crianças com qualquer pessoa. Sei que notou e gostou da casa não estar toda bagunçada, e as crianças gritando como selvagens, como provavelmente aconteceu na última visita, então quero manter suas boas observações.

Não demora muito para Christopher entrar e nos cumprimentar com um sorriso nervoso. Para a situação não ficar tão estranha na visão de Belinda, me despeço dele um pouco mais fria que o normal, brincando que ele estava me devendo uma e vou para o meu apartamento.

Minha vontade é ficar lá em cima e acompanhar toda a visita, mas que desculpa daria além de ser uma vizinha intrometida? Em vez disso, fico andando de um lado para o outro em minha sala até uma hora depois, quando recebo uma mensagem no celular dizendo que ela foi embora. Olho pelo olho magico até vê-la descer as escadas e subo correndo.

— Me conta tudo! — peço assim que ele abre a porta.

— Melhor irmos para meu quarto — seu semblante preocupado me deixa ainda mais nervosa.

— Fala logo, Christopher! — suplico assim que fecha a porta do quarto

— Ela olhou a casa todinha, falou com as crianças e me disse que estava tudo indo bem! Que as visitas vão continuar por procedimento, mas que é nítido que as coisas estavam mudando.

O vizinho de cimaOnde histórias criam vida. Descubra agora