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Um pouco mais calma que antes, o observo lavar o cabelo e noto as mudanças em seu corpo. Seu cabelo está maior, sua barba cheia e desenhada, pelos escuros cresceram em seu peito e abdome, assim como nas pernas. Não seria nada estranho se eu não soubesse que ele não gosta de manter os pelos, depois de ter se acostumado a se depilar por causa da natação.

— Pensei que não gostasse de manter eles — murmuro, deslizando meus dedos pelo caminho que formam em seu abdome.

— Pensei que gostasse... — o olho confusa.

— E quando tivemos essa conversa que eu não lembro? — dá de ombros — Chris, está tudo bem?

— Claro que sim, linda — sorri de lado — Ainda mais agora — segura minha cintura e planta um beijo rápido em meus lábios.

— Tem certeza disso? Você tem a boca mais suja do mundo quando estamos juntos e hoje não ouvi nada — tento brincar para aliviar o peso da pergunta, mas ele apenas força um sorriso.

— Você sempre reclama dela.

— E você sempre responde a mesma coisa, que não posso reclamar da sujeira quando gozo tanto nela — arqueio a sobrancelha e sorrio sugestivamente — Além disso, eu não reclamo. Sabe que eu gosto.

— Está tudo bem, relaxa — dá de ombros — Tenho uma entrevista na sexta-feira.

— Sério? Alguma revista importante?

— Um jornal — sorri animado — Vai ser o mesmo salário que recebo, mas vai ser algo mais sério, vou deixar os artigos esportivos de lado...

— Por quê? Você ama escrever sobre isso — inclino a cabeça. Christopher desvia o olhar, jogando a cabeça para trás e deixando a água molhar o cabelo outra vez.

— Eu preciso crescer, não é? Não posso passar o resto da minha vida escrevendo para um blog e revista sobre esportes, nem são artigos tão incríveis assim...

— Ok! Chega — fecho o chuveiro e o faço sentar-se na espécie de banco que tem ali — O que está acontecendo? Não é sobre dinheiro, já que vai ser o mesmo salário. Porque vai deixar de escrever algo que você ama para se enfiar em outro trabalho assim?

— Já te disse...

— Mas não aceito essa explicação — suspiro — Chris, você pode não estar cobrindo a copa do mundo ou as olimpíadas, mas está criando um conteúdo tão bom que consegue atrair leitores de todas as idades. Eu leio seus artigos, leio os comentários no blog, as pessoas gostam da sua escrita, porque é divertida e certeira, qualquer um que lê, entende o que você quer passar... Então, não. Não entendo por que deixar isso de lado para ir trabalhar em outro ramo do jornalismo e noticiar coisas que não te deixam feliz. Não faz o menor sentido.

Christopher me encara por um tempo, então desvia o olhar. Estamos os dois nus dentro desse box e, meu Deus, eu pretendia usar esse banco de outras formas essa noite, mas sinto que precisamos falar sobre isso agora. Esse comportamento estranho dele... Sinto que é algo relacionado com sua insegurança e algo que precisamos resolver se queremos ficar juntos.

— Chris, se isso tem alguma coisa com sua insegurança... Com as coisas que nos fizeram brigar...

— Não, linda, por favor — trago a saliva ao notar o desespero em sua voz. Ele apoia as mãos em meu quadril, me puxando para perto, e suspiro ao apoiar minhas mãos em seus ombros — Não vamos brigar agora que nos entendemos.

— Não estou brigando, amor... Mas eu preciso que você entenda que eu te amo do jeito que você é, não preciso que mude algo por mim, seja na sua aparência ou na sua profissão, porque sou apaixonada por você — seguro seu rosto, obrigando-o a me olhar nos olhos — Você precisa entender que meu amor pelo Paco não é o mesmo de antes e nunca mais será. Eu entendo você sentir ciúmes dele ou de qualquer outra pessoa, porque depois que entrou em minha vida, descobri que não controlamos isso. Sinto ciúmes só de ver outras mulheres te olhando, mas se eu for brigar por isso ou me sentir insegura, nunca vamos ficar bem, amor.

O vizinho de cimaWhere stories live. Discover now