O vizinho de cima

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Passo a maior parte do meu dia trabalhando, estou realmente focada em terminar esse livro o quanto antes e já emendar no próximo. Quero recompensar Maite e a editora de alguma forma pelo bloqueio, apesar de saber que eu não preciso me sentir assim, mas quando recebo uma mensagem de Christopher confirmando o jantar para as vinte horas, eu não consigo mais me concentrar em nada.

A noite anterior tinha sido agradável apesar de tudo, nos divertimos e conversamos bastante, mas estamos com nossos amigos, não surgiu nenhum assunto pessoal demais e essa noite estaremos sozinhos. Eu estou apavorada com a possibilidade de estragar tudo com esse encontro.

"Você já parou para pensar que está apaixonada? A paixão arrebatadora que as mocinhas dos seus romances vivem, Dulce. Aquela paixão que nos tira a razão, que nos faz flutuar."

Não, eu não estou apaixonada por ele. Me lembro perfeitamente de quando me apaixonei por Paco e não me sinto nem perto disso com Christopher. Tudo o que sinto é apenas uma atração sexual e tenho certeza de que ele se sente da mesma forma. Ele estava em um relacionamento há algumas semanas, com certeza não está buscando outro.

— Preciso de ajuda — digo assim que Anahí atende a chamada de vídeo.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sim! Espera — apoio o celular na cômoda e me afasto o suficiente para que ela consiga enxergar meu corpo inteiro — Essa roupa está boa para dizer: aceito o encontro, mas não quero que nada mude, então não me esforcei demais para ficar bonita, porém estou bonita?

Anahí começa a gargalhar. Está tão histérica que deixa o celular cair no chão e rolo os olhos. O preço que pago por querer a ajuda dela. Enquanto ela ri, analiso minha roupa em frente ao espelho mais uma vez.

Calça jeans preta de cintura alta, camisa branca larguinha com mangas que vão até o cotovelo e com um decote V que vai até o cós da calça, e um salto preto fechado, já que vamos de moto. Minha maquiagem está bem leve, porque nunca gostei de me maquiar. O toque final para provocá-lo um pouco é o fato de eu não estar usando sutiã.

— É por isso que você está usando calça jeans?

— Vamos de moto, não posso ir de vestido.

— Você não morre de medo de motos?

— Não com ele — dou de ombros — Seria melhor eu trocar o salto por um tênis para parecer um pouco mais desleixada?

— Não, você está bem assim. O que conversamos sobre jogar as cartas na mesa? Apenas converse com ele e pronto, a roupa não vai influenciar muito nisso.

— Você está certa, estou agindo como uma idiota — suspiro pegando o celular e olhando atentamente para a tela.

— Só está um pouco nervosa, é normal! Mudando de assunto, Paco te procurou hoje?

— Não, mas deixa ele, Annie. Quero que repense um pouco, ele sabe que sempre odiei essas ceninhas e já tínhamos conversado sobre isso.

— Quando ele soube que você estava dançando com Christopher, ficou bem estranho e olhando para a pista toda hora te procurando, mas você simplesmente desapareceu.

— Nós dois escapamos um pouquinho — admito, mordendo a ponta do polegar. Nunca perdi essa mania — As coisas esquentaram um pouco na pista e não resistimos.

— Todo mundo percebeu isso, amiga. Aquela história do banheiro não colou com ninguém, nem com o Paco e seu carro fedia a sexo — coro violentamente e desvio os olhos.