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Paco me ajuda a sair do carro, porque estou levemente alcoolizada outra vez. Hoje é sexta-feira e de última hora nossos amigos resolveram fazer um jantar em sua casa. Eu, Anahí e Maite detonamos algumas garrafas de vinho depois que ele e Alfonso ficaram responsáveis por fazer a comida. Quando me equilibro de pé, vejo Christopher estacionar a moto e meu coração acelera como na primeira vez que o vi.

Como ele é possível que ele esteja ainda mais lindo? Seu cabelo está curto, quase raspado nas laterais e tem uma fina camada de pelos cobrindo seu queixo e maxilar. Céus! É errado imaginar qual seria a sensação desses pelos roçando contra meu sexo molhado? Minhas pernas ficam bambas quando as imagens se formam em minha mente e cambaleio.

— Calma! — Paco diz preocupado.

Christopher olha em minha direção e nossos olhos se encontram. Porra! Meu corpo é um verdadeiro traidor por estar em chamas por ele, ainda mais depois de vê-lo beijando aquela mulher há uma semana.

— Sabia que isso ia acontecer quando decidiram beber vinho — resmunga me segurando pelo cotovelo.

— Acho melhor tirar meus saltos ou vou rolar escada abaixo — digo desviando os olhos de Christopher.

— Tudo certo por aqui? — fecho meus olhos e mordo minha língua quando ouço sua voz rouca atrás de mim. Meu corpo inteira se arrepia e meu coração está batendo mais forte do que bateria de escola de samba — Precisam de ajuda?

— Não, obrigado! — respondo secamente.

— Ignore ela, está bêbada. Se você puder tirar a sandália dela, agradeço — fuzilo meu ex-marido com os olhos.

— Não precisa, eu estava brincando e não estou tão bêbada assim — se eu fiquei bamba só de vê-lo, nem quero imaginar o que acontecerá se eu sentir suas mãos tocando minha panturrilha.

Aprumo meu corpo e olho diretamente para Paco, que concorda. Fico esperando que Christopher vá embora, mas ele permanece no mesmo lugar, então começo a andar em direção ao prédio, ignorando meu coração acelerado e Paco me solta quando percebe que eu não vou cair de cara no chão.

— Já que você não corre o risco de quebrar o pescoço caindo da escada, vou indo, certo? Ainda vou voltar para casa — Paco diz quando chegamos em frente ao prédio e concordo.

— Não corra na estrada, por favor.

— Não se preocupe.

Nos despedimos com um abraço e beijos no rosto, então entro sem esperar por Christopher. Não sei como me comportar em sua presença, ainda estou com decepcionada por suas atitudes, mas o álcool me deixa mais lenta e não demora para que ele esteja ao meu lado. Seu perfume me atinge, me embriagando completamente, assim como as lembranças de todas as vezes que extrapolamos os limites nesses corredores. Acelero meus passos o máximo que posso, sem que eu pareça estar correndo, não quero tropeçar nos saltos e cair escada abaixo, também não quero que me veja fugir. Quando chego em meu andar, respiro aliviada, mas Christopher não continua, apenas me segue.

— Dulce...

Prendo a respiração ao ouvir meu nome e mordo o lábio inferior com força, querendo me manter no controle.

— Hum? — pergunto indiferente sem parar de andar.

— Posso falar com você? — tentando disfarçar a mão trêmula, pego minha chave na bolsa e destranco a porta do meu apartamento, mas ainda não abro.

— Se for sobre as coisas que deixou aqui, já coloquei tudo lá em cima — respondo sem olhá-lo.

— Não é sobre isso...

O vizinho de cimaWhere stories live. Discover now