Agridoce

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É onde te encontrarei

°•°•°

O silêncio deveria ser confortante, queria que fosse, entretanto, tudo o que menos desejava naquele momento era um lugar calmo onde seus pensamentos entravam em confronto em sua mente. Tudo parecia ter paralisado, em transe, incapaz de raciocinar o que tinha acontecido. Contudo, olhando para sua filha dormindo sob uma cama de hospital confirmava para si mesmo que não estava preso em um pesadelo. Tudo era real,Daisy havia falecido. Por pouco sua filha também tinha deixado esse mundo.

Não saberia se aguentaria viver sem ela, era difícil engolir que sua ex-esposa tinha partido, assim sendo, não poderia negar. Por mais que amasse Addison e desejasse ficar ao seu lado. Ele havia construído um laço ao lado de Daisy, uma vida foi criada a partir deles. Uma que dormia tranquilamente, uma que não fazia idéia que tinha perdido a mãe, uma que virou sua responsabilidade mais ainda, uma que cresceria sem um laço maternal.

Enxugou uma lágrima, essa solitária, escorrendo uma atrás de outras, pingando sobre suas mãos que estavam apoiadas em seus joelhos. Demonstrava que estava ferido, machucado, dolosamente angustiado. A dor era tão intensa que chegava a doer seus pulmões, suas costelas pulavam pelos soluços que soltava. Era difícil, era tão difícil aceitar que uma pessoa importante partiu do mundo onde vive.

Bryce conhecia aquela dor, parecia tão igual e abrangente quando sentiu ao descobrir que seu pai havia morrido. A intensidade era igual, a dor diferente. Afinal, ele perdeu pessoas totalmente diferentes em sua vida. Mas que contribuíam para deixar sua vida mais estável, nunca mais seria. O processo de luto daria início, querendo ele ou não.

Passou a mão pelas suas bochechas enxugando o pranto que escorria, respirou fundo e controlou o seu choro. Tentou colocar sua mente para funcionar, entretanto, era compreensível que estava difícil. Foi acalmando-se aos poucos, os soluços pararam, sua respiração ficou estável, as mãos pararam de tremer.

Levantou-se, queria um pouco de água, tomar um ar e pensar nos próximos passos para o funeral de Daisy. Seus olhos pousaram em sua filha, estava com um dos braços engessado, havia machucados espalhados pelas pernas e rosto.

Respirou fundo desviando o olhar, saiu do quarto. Caminhou pelo corredor vazio, não sabia nem que horas poderia ser. Mas pelo tempo deveria ser de tarde, havia passado dois dias quando soube da notícia que abalou sua vida. Não tinha visto ninguém, apenas Nessa; algumas pessoas tinham lhe dado os pêsames. Depois disso ficou mais sozinho, precisava disso.

Seguiu para fora do hospital, seus olhos bateram imediatamente em Nessa que saía dentro do seu carro. Ela tinha lhe ordenado ir para casa, precisava descansar e começar a organizar o funeral. Seguiu em direção da sua amiga que lhe abraçou.

- Vá descansar, se a Alice acordar te ligo.- Disse Nessa.

Bryce deu um meio sorriso em agradecimento.

- Obrigada!

- Sem problemas, fique tranquilo. - Pediu Nessa lhe dando mais um abraço. - Chamei um táxi antes de sair de casa, não deve demorar para chegar.

Bryce retribuiu o abraço, observou Nessa tirar sua pulseira de visitante. Sorriu, deu-lhe um beijo na bochecha e seguiu para o hospital. Desviou sua atenção para o táxi que havia acabado de estacionar, andou até o automóvel. Entrou.

O caminho até o hotel onde estava hospedado foi silencioso. Nem ao menos percebeu quando desceu, pagou a passagem e chegou em seu quarto. Era como se fosse um robô, vivendo no automático.

Os filhos de Bryce HallTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang