Capítulo 43 - Um retorno às origens

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Quando Loenna finalmente despertou e abriu os olhos, se deparou com o mais profundo breu. Não fazia a menor ideia de onde estava, ou de como havia chegado ali; Era uma floresta escura e gelada, onde não se via um palmo à frente das mãos. Viu apenas que estava desarmada, amarrada a um tronco de árvore, imobilizada pelas mãos e pelos pés; Não via Fowillar à sua frente ou ao seu lado, então só pode concluir que, se ele estava ali, havia sido amarrado na árvore em sentido oposto.

Ou havia sido morto. Essa possibilidade também era real; Loenna estremeceu. Percebeu então que não sentia o característico cheiro de cigarro.

Fowillar? — Chamou ela, sentindo o frio tomar conta de seu corpo. Tremia, mas não apenas pelo frio; O medo de perder mais uma pessoa querida (Sim, ele havia se tornado uma pessoa querida.) da mesma maneira que perdera sua mãe ou Quentin a fazia perder o controle de si. — Você está aí?

Oi. Ela jamais admitiria, mas ouvir os sons da voz de Fowillar a trouxe uma paz de alguns milissegundos. Ao menos, ele não estava morto. — Estou aqui.

Que bom. Apesar de estar na companhia do amigo, os dois ainda estavam imobilizados, rendidos e possivelmente seriam mortos. Não era um cenário muito agradável. — Onde você acha que estamos?

Eu não acho. Pelo tom de voz, Fowillar estava aterrorizado. — Eu sei onde nós estamos.

Loenna levantou as sobrancelhas, chocada. Fowillar tinha um conhecimento extenso de todo o país, disso ela sabia, mas a maneira como ele havia dito... Era como se conhecesse com propriedade aquele lugar.

É a floresta onde os Saphira fazem suas reuniões. Disse, gélido. — Nós fomos sequestrados por um Saphira.

Loenna piscou, incrédula. O que um Saphira iria querer com eles?

E o que a sua família costuma fazer com os inimigos? Com os Kantaa, eles provavelmente já teriam virado churrasco. Com os Eran, uma peneira. Era pouco provável que os Saphira os mantivessem vivos, mas não custava tentar.

Com os traidores? A voz de Fowillar falhava; Seu temor era tão claro quanto a luz do dia. — Eu tive um primo de segundo grau que virou tapete.

Loenna engoliu em seco; Talvez ela estivesse apenas formulando desculpas para satisfazer a própria consciência. Já estava morta, não havia para onde correr. Ao menos havia deixado um bom legado para o mundo, e independentemente de quem tomaria a frente do que ela havia começado — Fosse Lenrah ou Aya, seus dois candidatos a sucessor. — Loenna sabia que faria um bom trabalho. Sim, a oligarquia de Carmerrum ia cair, cedo ou tarde, isso era questão de tempo. Ela não estaria viva para ver isso acontecer, mas isso não importava. Fora ela quem acendera a chama. Seu único arrependimento era não poder despedir-se adequadamente de Serpente, sua amada, mas tinha certeza que ela entenderia.

E, de fato, Loenna estava quase convencida de que sua morte não seria tão ruim. Mas todo o pensamento racional veio abaixo quando ele apareceu.

Carregando uma tocha, um homem encapuzado marchava a passos largos; Fowillar se pôs a gritar e Loenna berrou atrás dele. Era alto, magro, usava botas e um sobretudo, calças pesadas e escuras, trazia um punhal na mão direita. Parecia ter sede por sangue, não poupando esforços para matar alguém. Era o assassino que atemorizava os sonhos daqueles que vivem.

E ele chegava perto, bem perto. Loenna conseguia perceber os detalhes de suas vestes. O homem (ou mulher) se aproximou da árvore, deu uma encarada em Fowillar, retirou o capuz e...

PAI? — Berrou Fowillar.

Sem dúvidas, era o próprio Triard Saphira. Ele era assustadoramente parecido com Fowillar, desde a feição carrancuda, passando pelo rosto retangular e até os lábios contraídos. O rapaz parecia ser uma cópia sua mais jovem.

Caos e Sangue | COMPLETOWhere stories live. Discover now