— Moço, me vê mais uma, por favor?
Se você pretende procurar Serpente durante a noite, o lugar mais provável de encontrá-la é em algum bar barato nos subúrbios de Carmerrum; De preferência, aqueles que são frequentados pelos menos afortunados da sociedade: Os mendigos, as prostitutas, os ladrões e, é claro, os bêbados.
Ao fundo, um grupo de homens musculosos e mal encarados jogava sinuca. O balcão do bar era velho e carcomido, as mesas quase nunca estavam inteiras e as cadeiras mancas rangiam; O ambiente fedia cigarro e cachaça barata. Ainda assim, Serpente parecia satisfeita com sua solitude e sua cerveja. Já era a terceira da noite e provavelmente seguiria além, sozinha com seus pensamentos.
— Está sozinha?
Fora o chamado que quebrou seu momento de reflexão.
Serpente virou-se para trás: Era uma moça de cerca de 25 anos, tinha uma cicatriz cobrindo o olho direito; Seus cabelos eram escuros, encaracolados e terminavam-se na altura do ombro; Seus lábios eram vermelhos e grossos, o seu único olho era cor de âmbar. Vestia uma jaqueta de couro surrado com vários bolsos, uma calça jeans claramente envelhecida e bota, e prendia os cabelos com um lenço dourado cuja borda já desfiava.Serpente sorriu; Era uma moça particularmente atraente.
— Minha companheira é sempre a noite. — Disse, zombeteira. — Mas você pode se juntar a nós, se quiser.
A moça abriu o sorriso e puxou uma cadeira.
— Como posso lhe chamar? — Perguntou Serpente, lançando à moça um olhar suave e misterioso.— Nag é o meu nome. — Respondeu a moça. — E a você, como posso me dirigir?
— Ah... Costumam me chamar de Serpente. — Disse-lhe. — É a primeira vez que vêm por aqui?
— Ficarei por aqui por uma noite, eu acredito. — Respondeu ela. — Ou o quanto o destino me prender...
— Interessante. — Serpente passou a mão pelos cabelos. — E de onde você é?
— Sou das Ilhas Jurrajir, ao norte. — Disse.
Obviamente, Serpente não fazia a menor ideia de onde era aquele lugar, mas isso não faria muita diferença.
— E o que te leva para cá, a tão longe de casa?
Nag lançou um sorrisinho.
— Sou uma pirata. Viajo o mundo inteiro atrás de riquezas para saquear. Vivo entre idas e vindas, parando em terras diferentes a todo momento. É divertido.
Serpente levantou uma sobrancelha
— Seria muita ousadia da minha parte... — E em seus lábios formava-se um sorriso malicioso. — Perguntar se a senhorita teria local para passar a noite?
Nag retribuiu o sorrisinho malicioso.
— Nada é ousadia vindo de uma mulher como você.
Serpente soltou uma risadinha e, mais audaciosa, tocou o rosto de Nag com uma das mãos; Seus dedos perpassavam por cada um dos cachos que desciam pelo seu rosto.
— Então, minha querida... — A voz de Serpente era mansa e até mesmo entorpecida. — Você tem local para passar a noite?
Nag estava prestes a responder, quando um chamado sonoro e nítido invadiu a cena:
— Gi. — Disse a voz, que vinha detrás de Serpente.
Imediatamente seu sorriso se desfez e cerca de 87 xingamentos diferentes passaram por sua mente naquele momento. A voz não havia se identificado, mas ela sabia que não precisava nem olhar para trás; Apenas uma pessoa a chamava daquela maneira.
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Caos e Sangue | COMPLETO
AdventureCarmerrum é um país pequeno, com poucos habitantes, onde não há governo e o poder político é controlado por três famílias muito ricas que vivem em constante atrito entre si. E o restante da população, para seu infortúnio, se desdobra por inteiro par...