Capítulo 22 - Há tragédias que terminam em amor.

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E, como fazia todas as noites, Loenna estava de volta ao bar em que aguardava seus clientes.

Desta vez, contudo, ela havia deixado um pequeno pedaço de sua atenção em casa; Aya estava lá. Loenna queria poder ficar com a enfermeira vinte e quatro horas por dia, mas tinha medo do que pudesse acontecer. Os Eran sabiam que ela estava viva, certamente eles sabiam, e poderiam descobrir onde a moça estava alojada se ligassem sua sobrevivência a Loenna. Ela tinha de fazer o máximo para não parecer suspeita.

Infelizmente, não parecer suspeita incluía ir trabalhar normalmente. Com a cabeça à mil, a jovem suspirou fundo, adentrou o bar e dirigiu-se em direção a Seow. Era sábado, e em todos os sábados ela tinha um pagamento a fazer.

Cinco... Seis... Sete... Oito. — E entregou as moedas de ouro para o dono do bar. Oito moedas de ouro, Seow, assim como na semana passada. Está bem assim para você?

Seow tomou uma das moedas em mãos e a mordeu. Era autêntica, notou. O homenzinho sorriu e apontou para o canto mais afastado do bar, uma mesa empoeirada escondida da luz e do movimento.

— Temos mesas mais próximas, mas imagino que você vá preferir as mais afastadas. — E ele estava correto. — Belas pernas, a propósito. Elas ficariam muito bem entre a minha...

— Obrigada pela mesa. — Loenna fez questão de interromper. As insinuações obscenas de Seow a faziam querer vomitar.

A garota virou-se de costas e tomou a mesa mais afastada possível do grupo de bêbados que já não falava corretamente, apesar de serem apenas sete da noite. Sentou-se, pôs seus calcanhares para cima como sempre fazia, e aguardou.

Entretanto, desta vez ela não estava preocupada com seus clientes. Loenna apenas conseguia pensar em Aya, em como ela estaria e o que estaria fazendo. Queria que sua enfermeira ficasse bem, e não podia garantir isso ali no bar. Se alguém tocasse nela, Loenna jurou que o perseguiria até a morte; Era obstinada e insistente, certamente levaria esta promessa até o túmulo.

Ela não sabia dizer por quanto tempo se perdeu pensando em Aya e em sua segurança, mas certamente fora tempo o suficiente para receber uma visitinha nada agradável. Monvegar Eran E, desta vez, Loenna tinha certeza de que era o ricaço. Tratava com Seow em ares de deboche, como o cretino que era, e o dono do bar, sem muita paciência para as bobagens do patriarca Eran, apontou-lhe para a mesa em que Loenna estava alojada. Ela bufou quando Monvegar se dirigiu a ela com um sorriso sarcástico; Nada que fizesse aqueles malditos ricos sorrirem era bom.

— Bem vindo de novo, Eran. — Mas, a julgar pelo seu tom de voz, Monvegar Eran definitivamente não era bem vindo. A que devo esta ilustre visita?

Boa noite, senhorita. — O homem estava alegre. Muito alegre. Não venho encomendar nada desta vez

Então o que veio fazer aqui? — Loenna não queria interagir com os Eran mais do que sua profissão a obrigava. Meu modo "amiga" não está ativado para vocês.

— Ah, prometo que serei breve. — Apesar do nada amigável despacho, Monvegar Eran puxou uma cadeira. Vim aqui dizer que nós, Eran, não dependemos de seus serviços para nada.

E eu preciso dessa informação para...? — De fato, Loenna estava rezando para que os Eran não dispensassem seus serviços, porque estes representavam quase que a totalidade de seus lucros. Contudo, a garota não iria transparecer tamanha insegurança.

— Você é quem sabe, minha querida. — Sim, Monvegar Eran sabia da dependência de Loenna. Ele não era estúpido. Saiba que encontramos outra pessoa para dar fim a Marcus Gaddard.

Caos e Sangue | COMPLETODonde viven las historias. Descúbrelo ahora