Capítulo 28 - Casamento às avessas

57 9 40
                                    

Já eram cerca das cinco da tarde de um sábado e a mente de Loenna estava a todo vapor. Ela não se dava muito bem com papel, é verdade, mas agora que tinha angrariado um pequeno punhado de seguidores, precisava seguir aos trabalhos para provar que era digna deles. Detrás de sua barraca, em uma pequena folha amarelada, ela traçava planos de como acabar com os Eran e os Kantaa — Os Saphira ficariam para depois, mas não seriam esquecidos. —, mas todos pareciam tão mirabolantes que eram impossíveis de serem praticados na vida real. Ela reclamava baixinho toda vez que se dava conta disso, riscava o papel com voracidade e voltava a estaca zero. Já era o quinto ou sexto plano que ela havia descartado em apenas um dia.

Por que eu não consigo ter nenhuma ideia que preste? Perguntou ao crânio de Serpente.

Ela já estava praticamente em vias de desistir quando sentiu aquele cheiro que a fazia torcer o nariz. Era Fowillar, sem dúvidas, o odor acentuado de cigarro não negava. Se havia algo que Loenna eliminaria da face da terra seria aquele cheiro; Ele lhe causava um asco inimaginável.

Virou-se para trás e um alto e mirrado Fowillar acenava para ela com uma mão, enquanto trazia um cigarro na outra. Ele estava quase sempre fumando, e isso era tão certo quanto a luz do dia.

O que você quer, Fowillar? — Resmungou Loenna. Fowillar não era exatamente seu amigo, mas era o único que ela tinha. — Eu estou ocupada agora.

O rapaz contraiu os lábios e desviou o olhar, como se fosse tratar de um assunto delicado; Deslizava o cigarro por entre os dedos, claramente ansioso. Parecia evitar ao máximo o ponto em que queria tocar.

Bem... E levou o cigarro à boca. — Eu preciso te fazer uma proposta.

Diga. E deixou o papel de lado. Fowillar mordeu os lábios e pareceu encarar a marca no braço por alguns segundos, como se ela o encorajasse a dizer o que tinha que dizer.

O que quero dizer... — Começou ele. — E se a gente... Se casasse?

Loenna ergueu as sobrancelhas. Esperava literalmente qualquer coisa, menos uma proposta de casamento.

Você está bêbado. Era a única explicação plausível.

Não estou. Eu consigo andar em linha reta, olhe. E fez sua demonstração, caminhando perfeitamente com um pé atrás do outro. — Você pode cheirar o meu hálito, se quiser.

Eu prefiro não fazer isso. Disse Loenna. — De qualquer maneira, Fowillar, a resposta é não.

Ora, vamos... — Implorou ele. — Nós dois perdemos pessoas importantes. Seria uma excelente... Espera, você tem algum interesse afetivo ou sexual em mim?

Não. Loenna negou, com veemência. — Definitivamente não.

Perfeito! Fowillar sorriu. — Porque eu não também não tenho por você.

Fowillar... Loenna não conseguia acreditar que aquela proposta era real. Deveria ser alguma piadinha sem graça, embora Fowillar não fizesse o tipo piadista. — Esse é o exato oposto do que duas pessoas precisam para se casar.

Por favor, Loenna... Ele era tão insistente que a garota já começava a achar que o pedido era real. — Por qual razão a gente não poderia se casar?

Bem, se você quer saber de fato... Loenna ergueu o tom de voz. — Você é rabugento, ranzinza, mal humorado e fede cigarro. Eu não sei se algum dia eu vou querer um marido, mas se isso acontecer, definitivamente não será você, Fowillar.

Caos e Sangue | COMPLETOWhere stories live. Discover now