Capítulo 11 - A Enfermaria

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Após algumas horas de viagem, Loenna estava de volta à capital. Na cidade de Carmerrum, todos os polos do país se encontravam; Desde os Kantaa, Saphira e Eran, até os pobres maltrapilhos que trabalhavam nos serviços de base, ou sequer tinham emprego. Era uma central de encontro de diversas classes.

Seu objetivo maior era encontrar uma enfermaria que pudesse atendê-la; Seu braço esquerdo sangrava e latejava, e ela se sentia fraca e já sem cor. Retirou a capa, enrolou o crânio que carregava nela e o pôs debaixo do braço, para evitar olhares julgamentais. Em seguida, Loenna parou seu cavalo e desceu. O animal relinchou e seguiu viagem em direção ao infinito; Bem, pelo visto ele não iria esperá-la.

Loenna deu de ombros. Não fazia muita questão do cavalo mesmo.

A capital era lotada de enfermarias, mas a garota não fazia a menor ideia de onde encontrar uma. Usualmente, ela tratava de seus machucados em sua própria casa, mas dessa vez era diferente; A dor já a consumia por completo e Loenna iria precisar de uma profissional.

Resolveu perguntar para um transeunte que passava na rua. Alto, louro, nariz pontudo. Parecia estar com pressa, mas Loenna não tinha outra alternativa.

Com licença. Ela o cutucou. ― Você sabe onde posso encontrar uma enfermaria?

O homem bufou e apontou para o lado, realmente não parecia estar com muita paciência para as bobagens de Loenna. Ela agradeceu, envergonhada por tê-lo feito perder tempo com algo que estava embaixo de seu nariz, e correu para o lado que o homem tinha apontado.
Escondida em um canto tímido, era uma construção que quase não se aguentava em pé; Sua pintura estava desgastada e a porta estava carcomida por cupins. No entanto, lhe pareceram convidativas as muitas plantas que o enfermeiro (ou a enfermeira) cultivava em sua casa. De samambaias a orquídeas e até trepadeiras, seu dono era realmente um fã do verde. Isso era um tanto quanto pitoresco, concluiu ela. Assim, Loenna deu duas batidas na porta da frente e esperou por uma resposta.

Pode entrar. Definitivamente, era uma voz feminina, mas não apenas isso: Seu som era doce e angelical. Loenna se permitiu então adentrar na pequena casa.

Quando a garota entrou na enfermaria, um pequeno sino tocou. A enfermeira, ocupada em organizar seus unguentos, notou sua chegada e se aproximou com um sorriso gracioso. Era uma moça baixa, gorda, tinha sardas nas bochechas, cabelos ondulados castanhos e olhos verde-esmeralda. Loenna não queria ter feito essa constatação, mas a achou bastante atraente.

Seja bem vinda! A enfermeira sorriu e ofereceu sua mão à Loenna. ― Meu nome é Aya. Em que eu posso ajudá-la?

Loenna. A garota cumprimentou Aya. ― Eu estou com um machucado no meu antebraço esquerdo.

Loenna virou de costas e apontou para a ferida avermelhada e sanguinolenta que tinha em si. Aya tomou seu braço em mãos e analisou o corte por alguns segundos.

Isso deve estar bastante dolorido. Disse Aya. Loenna assentiu com a cabeça. ― Vou lhe cobrar apenas quatro moedas de prata. Eu vou estancar o sangramento e passar um unguento para diminuir a dor. Mas antes precisamos lavar esse machucado. Deite na maca, por favor.

Loenna assentiu positivamente. Deixou o crânio em uma cadeira e deitou de bruços na maca solitária que Aya deixava para seus enfermos. Ela não podia deixar de notar que a enfermeira tinha um jeito um tanto parecido com o de sua mãe; Talvez fosse o sorriso, ou a serenidade com que ela falava; Possivelmente era apenas surto de sua cabeça e a única semelhança entre ambas era o fato de serem enfermeiras.

A enfermeira levou um jarro de água para cuidar de Loenna e, cuidadosamente, começou a lavar a escoriação que tinha no braço. Entretanto, ela não passava apenas água na ferida; Também jogava uma substância que tocava sua carne e levantava bolhas. A garota gritou; Sentiu uma ardência tomando conta de seu corpo; Era como se a lesão estivesse agora em chamas.

Caos e Sangue | COMPLETOWhere stories live. Discover now