Capítulo 34 - Ela fala demais... Ainda bem.

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Ah, que saudades que eu estava de ter uma noite como essa...

De um lado, uma moça de uns vinte e cinco anos, baixinha, cabelos escorridos, nariz pontudo, lábios retorcidos e semblante risonho. De outro, Serpente, com seus longos cabelos pretos e seus olhos incrivelmente escuros. Ela sorria, tomava vinho em uma garrafa que trouxera consigo. A outra chamava-se Myolo e corria os dedos por sua cicatriz pulsante que corria de entre os seios até perto do umbigo; Apenas mais uma de muitas das marcas que Serpente trouxera de seu passado.

Serpente, não é? — E mordeu os lábios. — Diga-me, Serpente, o que essas cicatrizes escondem?

Serpente riu despretensiosamente e acariciou o pescoço de Myolo.

Talvez mais do que eu possa contar. — E deu-lhe um selinho nos lábios.— Você gosta delas?

Dão um ar misterioso à você. Eu acho sexy. Myolo deslizou sua mão pelo corpo nu de Serpente, de suas costelas até seus quadris. — Você é daqui de Carmerrum?

Serpente tornou mais um gole da garrafa de vinho.

Mais ou menos. Respondeu. — Nasci e cresci aqui. Mas estive fora por um tempo.

— E o que a traz de volta?

Ah, uma porção de coisas. Disse Serpente, brincando com o cabelo da moça. — Tenho alguns assuntos a serem resolvidos por aqui.

— E... — Myolo parecia curiosa. — Que assuntos seriam esses?

Serpente riu baixinho, puxou o corpo de Myolo para perto de si e a surpreendeu com um beijo.

São apenas bobagens minhas. — E a abraçou, sentindo sua pele com a pele dela. — Nada de muito interessante. Quer um pouco de vinho? Estou me sentindo profundamente ofendida em beber sozinha.

Myolo sorriu e tomou a garrafa das mãos de Serpente, tomando um longo gole de vinho em seguida.

Eu gosto do seu jeito misterioso. — Sussurrou. — Quando vamos poder nos ver de novo?

Serpente abriu o sorriso e a beijou novamente, mas evadiu-se da resposta.

Por que tanta pressa? Respondeu, serena. — Temos a noite toda...

— Ah, temo que não. Myolo balançou a cabeça em negação. — Meu pai tem um encontro com Monvegar Eran amanhã bem cedinho. Ele pediu para que eu cuidasse de meus irmãos mais novos enquanto ele estiver fora...

Serpente franziu o cenho. Um encontro com Monvegar Eran? Aquilo lhe interessava.

O que o seu pai quer com Monvegar Eran?

Myolo ficou pensativa por um momento. Talvez tenha falado demais.

Bom... — Ela gaguejava. — Dessa vez, sou eu quem não vai poder lhe dar detalhes.

— E por quê não? — Ela esperava que, por trás do sorriso, poderia esconder a avidez com que queria aquela informação — É apenas uma curiosidade minha... Monvegar Eran é o homem mais rico do país, para ele não faz diferença se uma pobre moribunda sabe de suas reuniões pessoais...

Entretanto, Myolo não parecia convencida; Serpente decidiu então que teria de apelar.

Bem... Sua voz era mansa e entorpecida. Serpente vagarosamente beijava o pescoço de Myolo enquanto deslizava a mão por suas coxas. — Se você quiser me ver de novo... Terá que confiar em mim...

Caos e Sangue | COMPLETOWhere stories live. Discover now