Capítulo 9 - O grande dia (Flashback).

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E, finalmente, após dias a fio esperando por esse momento, o grande dia havia chegado: O primeiro treino de Loenna.

A ansiedade era tamanha que, nos últimos dias, a garota sequer havia dormido direito; Sonhara com esse momento por muito tempo. Imaginava até como seria: Seu mestre, um senhor barbudo, musculoso e sábio, no auge de seus 30 ou 40 anos, com toda a sua paciência e maestria, conduziria seus colegas do nível básico para um complexo treinamento que os tornaria os maiores saqueadores da região. Também imaginava como seriam seus colegas de treino: Meninas e meninos focados, acolhedores e promissores, mas, claro, não mais promissores que ela. No primeiro treinamento, faria de tudo para mostrar suas habilidades, e o mestre musculoso ficaria chocado. Seu primeiro teste seria dali há três meses; Pois era tempo suficiente para Loenna se tornar uma exímia lutadora de... Ela não sabia bem ao certo, mas claramente seria a melhor de todas. Em três meses, progrediria do nível básico para o nível intermediário, e, em mais três meses, do nível intermediário para o avançado. Dali se esforçaria para tornar-se um mestre, e talvez conheceria sua ídola Serpente. Tudo isso em apenas um ano. Ela seria a mestre mais jovem de todas, com seus tenros 19 anos. Será que isso seria o suficiente pra chamar a atenção deste mito entre os rebeldes? Ela esperava que sim, porque não teria outra chance.

O cabeça da organização, Euler, o nº1, tocou os sinos no horário combinado: 6:30. Ela já estava acordada desde muito antes, ansiosa, não queria aguardar mais nem um minuto. Quentin revirou-se na cama, resmungou um pouco e voltou a dormir; O treinamento para a culinária começava um pouco mais tarde. Loenna mal precisou se vestir ou escovar os dentes. Já estava completamente pronta.

Em suas vestes, projetadas para o treinamento de luta, via-se escrito o número 207. Era seu número de rebelde, o número que a acompanharia por toda sua vida entre a melhor familia que tivera. Seria o número que faria com que os inimigos tremessem na base e os amigos respirassem aliviados. Todos sentiriam alguma coisa quando ouvissem falar da soldada 207.

Correu para a sala combinada, a sala 13. Haviam inúmeros grupos de treinamento de nível básico, mas apenas alguns alunos progrediam até o nível avançado; Nem todos davam conta da extenuante rotina de treinos e acabavam desistindo do maior alicerce da organização rebelde para se tornarem cozinheiros, contadores ou professores. Claro, todos importantíssimos, mas Loenna sabia o que queria e não desistiria por nada. Ela seria o destaque de sua turma.

No caminho para a sala 13, Loenna notou alguns jovens que pareciam cansados. Eles também vestiam batas com seus números pintados nelas e a cor das vestes era exatamente a mesma ー Amarelo. ー Então Loenna concluiu que eram seus colegas de treinamento. Mas por que estavam tão desanimados? Por isso tão poucos progridem, pensou Loenna.

Será que o Gehl vai estar de mau humor hoje? ー Brincou um dos jovens. Em sua bata, estava pintado o número 195.

Ele sempre está. ー Respondeu o outro, o número 189.

E, finalmente, chegando à sala 13, Loenna notou três coisas importantes: A primeira, seus colegas pareciam desanimados e infelizes, e não focados e destemidos como ela imaginara. A segunda, a maioria deles parecia muito mais velho que dezoito anos - Era quase como se não tivessem conseguido progredir em tanto tempo de treino. Em terceiro lugar, estavam servindo uma espécie de café da manhã, que mais parecia com uma pasta de consistência duvidosa, mas que deveria ser essencial no crescimento de guerreiros destemidos e corajosos. Sim, todas essas três coisas importantes deveriam ter um motivo e ela não iria deixar com que tais detalhes infames a abalassem.

Ah, não... Mingau de novo? ー Disse a garota que estava atrás de Loenna na fila para o café da manhã. Ela não parecia muito feliz.

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