Capítulo 50 - Julien Regin (flashback)

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25 anos atrás...

Era domingo, oito horas da manhã. A enfermeira Gara Nalan preparava-se para a primeira missa do mês de setembro, enquanto seu esposo (Não era um casamento feito em cartório, com as cerimônias e burocracias necessárias para tal; Entretanto, após dois anos morando juntos, Gara se considerava casada), Julien Regin, escolhia as melhores roupas para um compromisso maior. Gara não sabia, mas suas obrigações envolviam mais do que simplesmente um encontro entre amigos.

Bom dia, minha querida! ㅡ Disse Julien, enquanto Gara desfilava pela casa com seu melhor vestido. O marido de Gara Nalan era um homem forte, alto, pele branca, cabelos pretos encaracolados, olhos cor-de-âmbar e lábios cheios. O sonho de muitas mulheres, certamente, e Julien fora um tanto quanto mulherengo em sua juventude; Hoje, porém, estava apaixonado por uma só. ㅡ Você está particularmente encantadora esta manhã.

Acha mesmo, querido? ㅡ Gara corou. ㅡ Não achei que este vestido me caiu bem...

Bobagem. ㅡ Julien lançou-se para cima de Gara, roubando dela um beijo. ㅡ Você é a dona mais bela que já pisou as terras carmerris.

Gara sorriu timidamente enquanto Julien beijava-lhe as bochechas. Aos seus pés, puxava-lhe o vestido um garoto cuja idade estava entre dois e três anos, com os cabelos cacheados arruivados e os olhos da mesma cor que os do pai. Gara imediatamente voltou seu olhar para baixo.

Ô meu amor, o que foi? ㅡ Gara pegou o menino no colo. ㅡ O que está errado, Quentin?

Mamãe... ㅡ Quentin levou as pequenas mãozinhas ao rosto da mãe. ㅡ Quelo colo...

Sua irmã vai ficar com ciúmes, não acha? ㅡ Gara, sorrindo, apertou a criança contra seu corpo.

Julien riu baixinho.

Eu acho que não. ㅡ Disse o pai das crianças, voltando seu olhar para o centro da sala. ㅡ Acho que Loenna está preocupada com outras coisas.

Loenna, a outra filha do casal, não era tão afetuosa quanto Quentin. Enquanto o garotinho pedia colo, a menina brincava de luta com duas bonecas de pano que havia ganho de natal e aniversário.

Seu malvado! ㅡ Ela dizia para si mesma, enquanto as bonecas chocavam-se umas com as outras. ㅡ Eu vo te mata!

Gara suspirou, pesarosa. Não gostava de violência e lhe preocupavam as tendências agressivas de sua filha.

Eu queria que Loenna fosse mais assim, como Quentin. ㅡ Gara balançou o garotinho em seu colo. Ele brincava com os lisos cabelos arruivados da mãe. ㅡ Ela parece ser um tanto quanto bruta.

Julien sorriu. Se identificava com Loenna; Desde criança gostava da brutalidade e já se envolveu em brigas com os garotos da rua por mais de uma vez. Apesar de hoje ser divertido e brincalhão, fora uma criança carrancuda e pouco amigável. Talvez Loenna tivesse herdado essa característica do pai.

Não se preocupe, Gara. Ela é uma criança. ㅡ Disse Julien. A verdade é que ele próprio entendia a importância da violência em certos contextos, embora compreendesse que ela não fosse adequada para uma criança de dois anos e meio. ㅡ E está só brincando. Vai se tornar uma mulher amável e linda como você, acredite.

Gara sorriu. Os elogios de Julien a faziam enrubescer-se por completo.

Bem, eu vou para a igreja agora. Vamos, filha? ㅡ E, com Quentin no colo, Gara chamou Loenna. A garota imediatamente largou as bonecas e dirigiu-se à mãe. ㅡ Você vem com a gente?

Caos e Sangue | COMPLETOWhere stories live. Discover now